terça-feira, 17 de janeiro de 2012

No porvir

Que faremos do porvir se o calor humano se aquietar?
Se mãos não mais se tocarem no mais puro sentimento de solidariedade?
Se olhos desviarem de outros olhos pelo simples temor do amar?
Se "verdades" ortodoxas apartarem corações?
Se o mar não mais penetrar o mangue renovando a vida?
Se as sombras da noite não mais forem confidentes de poetas e amantes?
Se corpos não mais se entrelaçarem, pela frieza do desamor?
Se o clamor das catacumbas não mais se espalhar pelas cidades denunciando a hipocrisia?
Se os mitos não caírem por terra, abrindo caminho ao poder do exemplo e à força da mensagem?
Se o verdadeiro artista perder sua espontaneidade e o coração acolhedor que o caracteriza?
Se a música calar?
Se a lágrima não mais lavar a alma?
Se no coração do homem não mais houver lugar para o amor, o sonho, inquietações e utopias?
Respondo agora.
É a vitória do NADA.
Fernandes, Paulo Cesar (Keine Grenze
30/12/2008

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