sábado, 30 de dezembro de 2017

20171230 Da fragilidade dos laços


Noite brava de tempestade. Vento bravio apita pelas janelas.
Raios e trovões fazem a casa tremer nos alicerces.




E ela na parte de cima da casa.
Perdeu o medo?
Noutras ocasiões estaria me pedindo abrigo.



Mantive o foco no livro.


Barulho das escadas superiores descendo alguém.
Escadas inferiores em seguida.



Ela se posta em frente minha poltrona depositando as malas no chão.

_ Volto ao meu pais. Já temos tudo pronto. Ele vai a trabalho e devemos por lá ficar.


Deitei o livro na mesinha:
_ Precisas de algo?

_ Não.
_ Vos desejo o melhor na nova vida. Bate a porta ao sair por favor.


Ela tinha fogo nos olhos ao me fitar:
_ Tudo errado. Tua esposa te abandona e tua preocupação é fechar a casa?


_ Não. Me aborreceu bastante.

_ Ao menos isso, um aborrecimento.

_ Pois, me aborreceu muito deixar meu livro por instantes. Agora segue teu rumo com teu novo amor. Espero tenhas pego tudo teu. Não quero restos na casa.


Irada ela rebateu:
_ Minha ausência é o que mereces.



Sereno como nunca respondi:
_ Eu não sabia quando, mas já esperava por isso. Finalmente chegou o momento. Vai e aprende a ser feliz. Chamou o taxi?



Nesse tempo uma buzina de auto toca.

_ Ele chegou, vai em paz.


Ela agarra as malas com raiva e sai pisando firme da casa.


De minha parte voltei ao livro. Mas a leitura não me caiu bem.

Telefonei para uma amiga, Anabela.

_ E aí? Como está? - ouvi do outro lado da linha.

_ Livre e feliz agora! Podes vir para cá agora, e traz agumas mudas de roupa. Passa alguns dias comigo.


_ Certo que sim. - disse Anabela.


_ Vamos juntos incinerar velhas memórias. - eu disse sarcasticamente.


_ E tu não vales nada mesmo. - Anabela ria muito do lado de lá.


_ Te espero, afinal... - desliguei o fone.


_ ... todos merecemos a tal da felicidade. disse para o vazio da casa.


Voltei à poltrona de leitura no aguardo da chegada da Anabela.

===
Paulo Cesar Fernandes.
30/12/2017.

Nota: Inspirado no livro "Amor Líquido" de Zygmunt Bauman.

20171230 O Pombo

Ontem me visitou.
Chovia muito. E lá estava ele.
Eu o conheci como um ovo, junto a outro ovo, na jardineira da janela do meu quarto.


Resisti aos apelos de botar fora tudo aquilo;

traz doenças coisa e tal.
Optei pela vida e não me arrependo disso.
Segui alimentando os pais; e, pela fresta da janela, vendo os dois ovos.


Triste fiquei quando, já filhotinhos, um deles apareceu amassado.
Mas eu continuava olhando aquele imenso bico restante e o coração que batia.


Foram dois meses vendo a Vida, de muito perto.
Vendo esse pombo se desenvolver.


Como eu sei que é ele?

Aristóteles explica: os animais se movem pelo instinto e na natureza tudo se faz de forma exata e determinada.
O gato gateia...
O vento venta...
A chuva chove...
O riacho corre para o rio maior; este corre ao mar...
Assim...
É do instinto do pombo voltar ao lugar onde sente segurança.
Para minha alegria o peitoril da janela do meu quarto.



Ontem eu o olhei e o abençoei como um pai abençoa um filho. Afinal é meu filhote.

Foram dois meses cuidando até que um dia, já encorpado, vejo pais e filhote nas tentativas do primeiro voo.

Tirei de circulação minha cadela Emma para ela não interferir em nada.
Vi a magia da vida acontecer ali, sob meus olhos, o
Meu Filhote de Pombo voar.
Da jardineira (seu ninho) para o muro;
do muro para o telhado da lavanderia;
e de volta ao velho e seguro ninho.
A cadela na frente da casa pude ver algumas vezes isso ocorrer.
Até a família se acolher no velho ninho.
No dia seguinte a familia tinha abandonado minha casa.
Limpei e higienizei o local.



Por que eu fiquei feliz ontem?
Porque a Vida Mesmo, a Vida de Verdade ela é assim.
Feita das pequenas e mais simples coisas nas quais nos vemos envolvidos.

E mais. Porque a Vida está onde colocamos nosso coração.
E um pedacinho da Minha Vida está nas penas rajadas de alvinegro daquele Pombo.
Hoje um belo Pombo adulto.




Paulo Cesar Fernandes.

30/12/2017.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

20171112 Super Clara

Super Clara



Amplitude, imensidão
Palavra, sentimento
Desolação


Silêncio, solidão
Teu olhar, a minha mão.


Claros olhos de Clara.
Declaram outras canções.
Poéticas tardes.
No entardecer da vida.


Verei de novo ou não?
Esses clatros olhos clamantes?
Esse café, não a dois.


Onde foi a pele clara?
Minha clara confusão
Dentro dela te perdi.
Clara clara ilusão.


O tempo perdido morreu mulher
Como poema, nada espera.


Paulo Cesar Fernandes.

12/11/2017.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

20171206 Dezembros dolorosos

Dezembros dolorosos




Artistas são projeções nossas nos palcos diversos.

Em seu agir nos realizam e perfazem coisas por cada um de nós sonhadas.
Nos representam.

Ao partir, se tornam sombras permanentes de nós mesmos, nas lembranças de cada dia.

A antiga canção de um ausente revivesce sua total presença ao redor de nós.

Somos todos imortais. Em que pese corporalmente finitos. Nossa 
imortalidade se configura de duas formas distintas:

1) a vera imortalidade do espírito;

2) nossa imortalização através das obras deixadas, no correr da 
caminhada.


Cada obra nossa. Artista ou não, é um passo, é uma pegada, uma marca.

Resta saber qual direção imprimimos aos nossos passos/obras.


Ah! Johnny!

Tu me manques dejà, mon ami!


Paulo Cesar Fernandes

06/12/2017.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

20171120 Pediatra

Pediatra


João Luis passara um sereno dia em seu consultório. Enquanto pediatra lhe causou surpresa uma segunda-feira tão calma. A ponto de sair mais cedo, ao fim da tarde.

Bate uma ducha já tendo em mente o cardápio para o jantar. Havia de fazer uma surpresa para a esposa.

Já na cozinha espreme um limão e joga um chá gelado por cima, num desses copos de cano alto.

Seu foco era o macarrão ao molho branco com frutos do mar. Antes uma salada de folhas para mais alegrar a esposa. Lava as folhas todas e as passa na bacia com vinagre. E parte para o preparo ágil dos frutos do mar.

_ Quero tudo adiantado, bem encaminhado para a chegada de Alexia. - dizia com seus botões.

Tendo tudo pronto, sentou no sofá da sala, copo de chá em mãos, e solta os pensamentos. Vagava nos sonhos quando a porta abre.

Entra a esposa, trazendo o sorriso de sempre, e uma pasta de processo sob o braço.  

Se espanta de ve-lo assim. De chambre, sorridente e com o copo cheio de gelo no sofá.

_ Eu sempre às voltas com as crianças e você com seus processos todos. - diz ele.

_ Eu escolhi a advocacia. E não reclamo por ter trabalho. - diz ela se reclinando sobre o sofá beijando-o.

_ Mas hoje vamos fazer algo diferente, doutora. Uma noite de paz não lhe atrapalhará a vida. Não é?

_ Vamos pedir pizza então? - diz Alexia com sarcasmo.

_ Não hoje, - responde o marido - Preparei algo simples para nosso jantar. Eu bebo chá gelado. Quer beber algo? Eu gostaria da sua companhia agora. Depois, durante o teu banho finalizo a preparação do jantar.

Alexia se alegra.

_ Pois um chá gelado vai bem. E eu te conto o meu dia. Pelo jeito a casa já tem movimento de longo tempo.

_ Verdade. Nada de consultas nesse fim de tarde e aproveitei para vir para casa. 

Passei na padoca, um café, pães e algum toque de condimento.

Relaxadamente conversa o casal, fazendo brinde com chá mate. Falam ao mesmo tempo e João prefere ouvir a esposa.

_ Solenemente devo lhe dizer da minha gravidez. Dentro de sete ou oito meses chegará nossa filha ou filho.

Ele salta da poltrona alegre, feliz mesmo. Beija-a com carinho.

_ E eu pensava em te presentear com um jantar. Acabo recebendo um presente muito mais valioso que tudo. Me presenteias com uma vida. Como é bom pensar nessa negrinha ou nesse negrinho vindo à Vida. Me abraça forte minha querida, muito forte.

Alexia pede um tempo para seu banho, e o marido segue feliz para a cozinha.

No jantar reinava um clima de serenidade e gratidão mútua.

Após tudo ordenado. Antes de ligar a TV Alexia ganha um ar de preocupação. Frente as questões do marido revela:

_ Como será a vida de uma criança negra num condomínio de brancos?

João Luis segura com doçura a mão da esposa:

_ Será tão boa ou melhor que qualquer outra de nosso condomínio. Eu te garanto. Afinal, de crianças e de pais eu tenho doutorado nestes dez anos de vida pediátrica.

Fez uma pausa. O olhar entristeceu.

_ Já enfrentei muitas ofensas, mas recebi muitos elogios por outra parte. Sou calejado em assuntos de racismo.

_ Que segurança é essa? - pergunta Alexia assustada.

_ Entenda. Tudo de material presente ao nosso redor é fruto de uma luta constante. E eu não me iludo, uma luta ainda não terminada. Mas eu não vou deixar, por nada neste mundo, algo ou alguém tirar a possibilidade de nossa criança ser feliz. Mais feroz será minha luta se o ponto for o racismo. Pode escrever.

Enquanto Alexia lhe sorria João arrematou:

_ Seremos felizes. Seremos uma família feliz. Nosso amor vai superar tudo e todos.

E assim se passou. Tal qual pensado pelo Doutor João Luis Louveira, um médico pediatra.


Paulo Cesar Fernandes.

20/11/2017.

Nota:

Escrito no Dia de Zumbi dos Palmares.

20171121 Cantar

Cantar

"Lend me your ring
And I sing you a song...'

Uma canção não é como parece: algo solto e sem valor.

Nada disso. 
Vale uma canção muito mais que os brinquedinhos de magazines: Ipad; Iphone e o escambau.

Afinal uma canção não nasce de um ou dois dias de trabalho, num escritório qualquer; ou de uma parede levantada.

A canção nasce do acúmulo da vida do artista. 
Somatória de experiências; dores; ilusões; desilusões; nasce do tempo e da maturidade do espírito.

Este nosso tempo endeusa a juventude.
E belo é o tempo juvenil.

Mas um artista, com muitos anos de estrada, pode oferecer muito mais.

Temos figuras na atualidade que se acham. 
Sem a necessária humildade, sem uma reverência a outros profissionais da música de outros tempos.

Assim como o ator se faz no tablado, nos diversos palcos por ele pisados ao longo da vida; um músico se consolida pelas noites de crooner nos bares e boates nem sempre frequentados pela nata da sociedade; e mais, pelas estradas todas por onde andou, para poder cantar, comendo muito pó em cada uma dessas estradas mundo 
afora. Visitando cada cidade, visitando cada região. O verdadeiro artista é sempre itinerante.

Salve a Boa Música!

No sentido de saudação, tão merecida por tantos velhos cantores e músicos em geral.

E no sentido de salvar a música desses músicos de boutique; ou desses ícones dos reality da TV do momento. 

Livrai-nos Senhor de toda essa coisa falsa e sem substância interior.

Meu profundo respeito aos antigos e atuais crooners das noites todas; e ainda aos eternos comedores do pó de estrada. 

A Vida vai recompensar a cada um de vocês.

Assim espero!

Ouça MiNas.

https://www.youtube.com/watch?v=cHnleIUSUPA

Paulo Cesar Fernandes.

21/11/2017.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

20171115 Literatura Fundamental (TV UNIVESP

Literatura Fundamental   (TV UNIVESP

Apresentador : Ederson Granetto


01 (Ilíada (Homero (André Malta

02 (Odisséia (Homero (André Malta

03 (Crime e Castigo (Fiódor Dostoiévski (Elena Vássina

04 (Hamlet (William Shakespeare (John Milton

05 (Édipo Rei (Sofocles (Adriane Duarte

06 (Esperando Godot (Samuel Beckett (Fábio de Souza Andrade

07 (A Montanha Mágica (Thomas Mann (Jorge de Almeida

08 (O Banquete (Platão (Adriano Ribeiro Machado

09 (Trilogia Os caminhos da liberdade (Jean-Paul Sartre (Franklin Leopoldo e Silva

10 (Ficções (Jorge Luis Borges (Ana Cecília Arias Olmos

11 (Grandes Esperanças (Charles Dickens (Daniel Puglia

12 (Eneida (Virgílio (Paulo Martins

13 (O grande Gatsby (Francis Scott Fitzgerald (Maria Elisa Cevasco

14 (Cem anos de solidão (Gabriel Garcia Marques (Joana Rodrigues

15 (Em busca do tempo perdido (Marcel Proust (Philippe Willemart

16 (Ulysses (James Joyce (Munira Hamud Mutran

17 (A comédia humana (Honore de Balzac (Glória Carneiro do Amaral

18 (Moby-Dick (Herman Melville (Bruno Gambarotto

19 (As cidades invisíveis (Ítalo Calvino (Roberta Barni

20 (Os Sertões (Euclides da Cunha (Leopoldo Bernucci

21 (O Estrangeiro (Albert Camus (Cláudia Amigo Pino

22 (O processo (Franz Kafka (Celeste H. M. Ribeiro de Sousa

23 (Os ensaios (Michel de Montaigne (Sérgio Xavier Gomes de Araújo

24 (Vida e Obras (Arthur Rimbaud (Maurício Salles Vasconcelos

25 (O jardim das cerejeiras (Anton Pavlovitch Tchékhov (Arlete Cavaliere

26 (A terra desolada (Thomas S. Eliot (Viviana Bosi

27 (Decamerão (Giovanni Boccaccio (Doris Cavallari

28 (O coração das trevas (Joseph Conrad (Marcos César de Paula Soares

29 (A República (Platão (Roberto Bolzani

30 (O conde de Monte Cristo (Alexandre Dumas (Maria Lúcia Dias Mendes

31 (Vida e Obras (Stephane Mallarmè (Rosie Mehoudar

32 (1984 (George Orwell (Mayumi Ilari

33 (Os Lusíadas (Luís Vaz de Camões (Alcir Pécora

34 (Os moedeiros falsos (André Gide (Regina Salgado Campos

35 (Metamorfoses (Ovídio (Alexandre Hasegawa

36 (A morte em Veneza (Thomas Mann (Cláudia Dornbusch

37 (Seis personagens à procura de um autor (Luigi Prandello (Maurício Santana Dias

38 (O lobo da estepe (Hermann Hesse (Helmut Galle

39 (Memórias do cárcere (Graciliano Ramos (Fabiana Carelli

40 (A Vida de Galileu (Bertolt Brecht (Tércio Redondo

41 (Oliver Twist (Charles Dickens (Ricardo Lísias

42 (Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa (Willi Bolle

43 (Mrs. Dalloway (Virginia Woolf (Noemi Jaffe

44 (A Morte de Virgílio (Hermann Broch (Daniel Bonomo

45 (Robinson Crusoé (Daniel Defoe (Sandra Vasconcellos

46 (Tartufo (Molière ou Jean-Baptiste Poquelin (Leila de Aguiar Costa

47 (O Rinoceronte (Eugène Ionesco (Viviane da Costa Pereira

48 (Histórias Extraordinárias (Edgar Allan Poe (Renata Philippov

49 (Otelo, O Mouro de Veneza (William Shakespeare (José Garcez Ghirardi

50 (Mensagem (Fernando Pessoa (Paola Poma

51 (O Vermelho e o Negro (Stendhal ou Henry-Marie Beyle (Isabellla Santucci

52 (O Leopardo (Giuseppe Tomasi, príncipe de Lampedusa (Maria Betânia Amoroso

53 (A Ilustre casa de Ramirez (Eça de Queiroz (Helder Garmes

54 (A Língua Absolvida (Elias Canetti (Markus Lasch

55 (O Som e a Fúria (William Faulkner (Munira Hamud Mutran

56 Um Bonde Chamado Desejo (Tenessee Williams (Maria Silvia Betti

57 (As Irmãs Makioka (Jun'ichiro Tanizaki (Neide Hissae Nagae

58 (Memorial do Convento (José Saramago (José Horácio Costa

59 (O deserto dos Tártaros (Dino Buzzati (Aurora Bernardini

60 (Pedro Páramo (Juan Rulfo (Laura Hossiasson (Realismo Mágico ou realismo Fantástico

61 (O Complexo de Portnoy (Philip Roth (Adriano Schwartz

62 (Luiz Gama (Luiz Gonzaga Pinto da Gama (Ligia Fonseca Ferreira

63 (A Hora da Estrela (Clarice Lispector (Marília Librandi

64 (Os Miseráveis (Victor Hugo (Maria Lúcia Dias Mendes

65 (Cantos de Maldoror (Isidore Ducasse (Joaquim Brasil Fontes Júnior

66 (O Burlador de Sevilha (Tirso de Molina (Maria Augusta da Costa

67 (Lolita (Vladimir Nobokov (Aurora Fornoni Bernardini

68 (Contraponto (Aldous Huxley (Jorge de Almeida

69 (A Consciência de Zeno (Italo Svevo (Roberta Barni

70 (Medéia (Eurípides (Adriane da Silva Duarte

71 (Teogonia (Hesíodo (JAA Torrano

72 (A Náusea (Jean-Paul Sartre (Franklin Leopoldo e Silva

73 (Noite de Reis (William Shakespeare (John Milton

74 (Orgulho e Preconceito (Jane Austen (Mariana Teixeira Marques

75 (O jogo da amarelinha ou Rayuela I (Julio Cortázar (Davi Arrigucci Jr.

76 (O jogo da amarelinha ou Rayuela II (Julio Cortázar (Davi Arrigucci Jr.

77 (O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde (Fabio Durão

78 (Pais e filhos (Ivan Turguêniev (Elena Nicolaevna Vássina

79 (Longa Jornada Noite Adentro (Eugene O'Neill (Maria Silvia Betti

80 (Alice no pais ds maravilhas (Lewis Carroll (Sandra Vasconcelos

81 (Adeus às Armas (Ernest Hemingway (Daniel Puglia

82 (Os Cantos (Ezra Pound (Dirceu Villa

83 (As Aventuras de Huckleberry Finn (Mark Twain ou Samuel Langhorne Clemens (Alzira Allegro

84 (Desonra (John M. Coetzee (André Correia

85 (Contos (Hans Christian Andersen (Karin Volobuef

86 (O Náufrago (Thomas Bernhard (Helmut Galle

87 (Na Estrada (Jack Kerouac (Bruno Gambarotto

88 (O Mahabharata (Livro fundamental do hinduísmo (João Carlos Barbosa Gonçalves

89 (Finnegans Wake (James Joyce (Dirceu Villa

90 (Guerra e Paz (Leon Tolstoi (Aurora Bernardini

91 (As Viagens de Gulliver (Jonathan Swift (Mariana Teixeira Marques

92 (Folhas de relva (Walt Whitman (Maria Clara Bonetti Paro

93 (Contos Maravilhosos (Jacob e Wilhelm Grimm (Karin Volobuef

94 (A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandi (Laurence Sterne  (Sandra Vasconcelos

95 (O Apanhador no Campo de Centeio (Jerome David Sallinger (Maria Elisa Cevasco

96 (Canções da Inocência e Canções da Experiência (William Blake (José Garcez

97 (O Paraíso Perdido (John Milton (Prof. John Milton

98 (O homem sem qualidades (Robert Musil (Érica Gonçalves de Castro

99 (Fausto (Johann Goethe (Eloá Heise

100 (Madame Bovary (Gustave Flaubert (Verônica Galindez Jorge

101 (Don Quixote de la Mancha (Miguel de Cervantes (Maria Augusta da Costa Vieira

102 (Livro das Mil e Uma Noites (Literatura árabe (Mamede Moustafá Jarouche

=== >>>  Programas soltos

A1 (Divina Comédia (Dante Alighieri (Pedro Heise

A2 Vidas Secas (Graciliano Ramos (Zenir Campos Reis

A3 As Flores do Mal (Charles Baudelaire (Álvaro Faleiro

domingo, 29 de outubro de 2017

20171029 Cidades

Cidades

1)
Meio de tarde. Centro da Cidade de São Paulo. Eu com tarefa finda. Cansado. Jovem de todo. 
Faz tanto tempo... era moda uma "Mala 007", quadrada, companheira fiel. E se é moda é moda.
O corpo pedindo para sentar em algum lugar. 
Por "obra e graça do divino" aparece um bar com algumas mesas na calçada.
Um chopp. E me dei ao luxo de observar as pessoas. 
Os passantes um a um. Eu, a calma em pessoa.

Hoje eu digo: São Paulo é um mundo, composto de milhões de mundos inteiramente diversos.
Naquela tarde descobri isso. 
Cada pessoa ao passar tinha seu itinerário mental diferente.
Em geral o semblante era sério. Cerrado. Alguns falando sós pela rua. 
E nem se pensava em celular naqueles idos anos.
Foram algumas horas de admiração de um povo. 
Tempo suficiente para amar esse povo e essa Cidade de tantas vertentes, tantas possibilidades.
Como consegue essa multidão de desconhecidos viver em tamanha harmonia?
É uma cidade verdadeiramente intrigante.
Desse dia em diante a Cidade de São Paulo passou a ser a Minha Amante.
E não há amante, se não for verdadeiramente amada. 
Te amo Sampa!


2)
Fim de tarde na Casa Suíça.
O ponto mais alto de Cuiabá.
Minha companheira e eu em harmonia. 
Um momento de silêncio.
O horizonte vermelho da cidade. 
A cidade aberta em leque se dando ao nosso olhar.

Aconteceu algo: eu me emocionei.

Distante da minha Terra Natal. 
Mas tão carinhosamente acolhido pelos cuiabanos.
Uma casa comprada num bairro simples.
Um jardim feito por minhas mãos. 
Uma horta perfeita, feita por mim com ajuda de um amigo/irmão técnico agrícola.
Uma cadela, Laika; a mais simpática de toda Cuiabá.
Uma rede para ler os Jornais da Prelazia.
Prelazia de São Felix do Araguaia, de Pedro.
Tudo isso varreu minha cabeça, entre um assunto e outro, da fala da companheira.
A beleza da cidade sob meu olhar, me trouxe um sentimento de gratidão.
Benditos sejam os momentos como esse: quando olhamos para o alto louvando a Vida.


3)
Eu só via o forro branco, e as portas pintadas de claro azul.
Casa de Saúde Alglo Americana.
Cidade de Santos. Gonzaga. Esquina do Canal 3 com a Tolentino Filgueiras.
Um hospital todo branco.
Um hiato de esquecimento.
Uma padaria na Vila Bela em Sampa; eu sentado no chão brincando com tampinhas de garrafas.
Uma mão pequena e meio gorda com os dedos pela fresta do estrado da padaria na tentativa de pegar outras tampinhas.
Alguém me ergue, vejo o mundo do alto. 
A casa cheia.
Outro hiato. 
Eu numa mercearia na esquina da Alexandre Herculano com a Assis Correa.
Sentado no degrau da mercearia e tendo a familia na parte de cima e dentro do balcão.
Lembro do nome do rapaz das entregas: Edmundo.
Uma noite de dor de ouvido; minha mãe ao meu lado e o som do trem passando.
Dona Conceição me olhava e nada podia fazer diante de minha dor. Sofríamos juntos.
O cheiro da Dama da Noite quando a familia se deslocava para ver televisão na casa dos primos.

Outra casa na Manoel Vitorino, casa de tres andares. No andar do meio eu aprendi a ver as horas, ali ficava o rádio, a minha maior sensação.
Uma pitangueira no quintal, algumas hortaliças e as pedras do fogo para fazer sabão.
Um gramado para branquear as roupas.

Uma nova casa na Pasteur 68. 
O dono, Seu Aires, era uma pessoa boníssima, dono de um hotel na orla da praia de Santos.
Lembro de ir junto para pagar o aluguel.

Um primo constrói bem em frente, no número 67 duas casas sobrepostas.
Construiu para as tias da esposa estar mais perto dela.
E lá fui eu para a Pasteur 67 onde vivi por 25 anos.
Anos de crescimento em todos os aspectos da vida.
Anos de convivência.
De amizades perenes.
Anos de músicas e de muito Rock.
Taco. Futebol. Pião. Fubeca (bolinha de gude).
E histórias, muitas histórias.

Estagiário nas Organizações RUF, de capital alemão.
Hotel Paris no Centro de São Paulo, perto do Mappin.

Era 20 de dezembro. 
Gente alegre, em tempo de compras, e eu ali. Só.

Amei Santos como nunca em minha vida. A mãe, a família.
Nossa, como tudo isso é importante.

Dia seguinte fui pro trabalho com a mala. 
Acabou o jogo de ficar longe.
No sábado. O reencontro com a Praça da Independência.
Com o meu Café Floresta. Com o meu espaço.
Dividi essa alegria com meu irmão, com quem sempre estava junto aos sábados.
Disse a ele ser como se tivesse nascido de novo.
Santos. Minha pequena pérola entre o mar e os morros, uma vez mais te digo: Eu te amo.

De lá para cá muitas coisas importantes ocorreram.


Mas o mais importante é ter claro: São 3 as cidades do meu coração.
Cada uma delas tendo seu valor e seu calor.
Cada uma me presenteando de alguma forma.

Só posso agradecer a todos aqueles componentes de minha jornada.
Todos os Seres de ambos os lados da Vida Maior.

Paulo Cesar Fernandes.

29/10/2017.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

19810123 Sitio do Mato

Sitio do Mato


Pela manhã, parada na cidade, para barco fazer troca de chatas de carga.

E isso tomou bom tempo.


===


Barranca de rio
Pobreza em pencas
Alegria de jovens
Contato com Natureza
Visão ampla em céu azul
Horizonte verde de água e paz


É o Rio São Francisco
Em correr tranquilo
Em varrer barrancas
O Rio nosso amigo


Rio manso Rio
Remanso já se foi
Talvez outros foram junto
Ao fazer da Represa
Benefício a todo mundo?


Barranca do Velho Chico
Largo Rio sem ponte quase
Mulherio lava roupa
E meninas se iniciam "Na Arte"
Nessa Arte tão antiga
Na vida de tantas mulheres
Com mais ou menos maestria
Integrada a seu dia a dia.





Paulo Cesar Fernandes.

23/01/1981.

19810116 Ouro Preto

Ouro Preto


Incrustada entre montanhas em ladeiras
Encontramos anseio libertário
Cada pedaço de chão ou uma pedra
Dizendo uma nova libertação


Ação conjunta nas tabernas escuras
Resultou Independência
Quem sabe o tempo
Nossa vontade
O fim do medo
Nos remeta a Nova Conjuração


Que não se prenda 
Nem se limite
Se agigante a cada instante
Na fúria louca dos sedentos
De Justiça tão distantes


Em tempos idos como hoje
Necessidade não saciada
LIBERDADE a tão sonhada
Tantas vezes ultrajada


Olho o mundo vejo conquistas
Quem sabe agora
O Brasil Acorda
Tendendo ao futuro
Uma Nova Vista!


Paulo Cesar Fernandes.

16/01/1981

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Luz e Lar.

LAR. É este lugar onde, ao redor de nós, uma cúpula de energia se faz sentir mais forte, nos vemos mais confiantes diante deste mundo em transição.


É no LAR onde a Vida ganha sentido maior.


Na rua ganhamos o pão de cada dia. E é fundamental que isso aconteça.


Mas é no retorno ao LAR quando nós, almas viajantes no tempo e no espaço, abrimos nossas possibilidades afetivas e, no aconchego do seio familiar, nos sentimos verdadeiramente felizes.



Pobre de quem dá as costas ao Santuário do LAR!
Perde. Perde muito de si mesmo.


Mas é Livre para isso.

E, mesmo os juízes togados são incapazes de julgar as contingências de cada qual, nas escolhas de sua jornada.


Nos deixemos invadir por luzes superiores em todos os momentos de nossa vida.

Os NOSSOS serão mais felizes sem dúvida.
E cada um deles é um pedaço de nós a trilhar um caminho próprio.


Paulo Cesar Fernandes.

20/10/2017.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

20171012 Manuel Scorza América, no puedo escribir tu nombre sin morirme...



América, no puedo escribir tu nombre sin morirme...
.....................................(Manuel Scorza


América,
no puedo escribir tu nombre sin morirme.
Aunque aprendí de niño,
no me salen derechos los renglones;
a cada sílaba tropiezo con cadáveres,
detrás de cada letra encuentro un hombre ardiendo,
y no puedo ni cerrar la a
porque alguien grita como si se quedara dentro.



Vengo del Odio,
vengo del salto mortal de los balazos;
está mi corazón sudando pumas:
sólo oigo el zumbido de la pena.



Yo atravesé negras gargantas,
crucé calles de pobreza,
América, te conozco,
yo mismo tendí la cama
donde expiró mi vida vacía.



Yo tenía dieciocho años
yo vivía
en un pueblo pequeño,
oyendo el diálogo de musgo de las tardes,
pero pasó mi patria cojeando,
los ahogados empezaron a pedir más agua,
salían de mi boca escarabajos.
Sordo, oscuro, batracio, desterrado,
¡era yo quien humeaba en las cocinas!



¡Amargas tierras,
patrias de ceniza,
no me entra el corazón en traje de paloma!
¡Cuando veo la cara de este pueblo
hasta la vida me queda grande!



¡Pobre América!
En vano los poetas
deshojan ruiseñores.
No verán tu rostro mientras no se atrevan
a llamarte por tu nombre, ¡América mendiga,
América de los encarcelados,
América de los perseguidos,
América de los parientes pobres!
¡Nadie te verá si no deshacen
este nudo que tengo en la garganta!


                              (De Las imprecaciones, 1955

20171010 Luz no dia

Luz no dia


O vento bateu no meu dia de hoje. De alguma forma transformado em poesia.


E nada de grandioso se fez presente. 


A mesma simples vida, desfeita de todas as ilusões.


Mesmo café, almoço, andar pela Carvalho, pelo Gonzaga. Tudo normal, até mesmo banal.


O mesmo, mas tão diverso. Havia a cada momento uma dose de gratidão e produtividade.


Repito. Nada de grandioso, digno dos jornais; fogos ou outras bobagens.


É nesse fluir da vida diária onde a Felicidade se apresenta.


Esse incógnito viver, mesmo quando escrevo e publico, são publicações incógnitas. Sou sem nome. Sou sem luz. Sem um único saco puxado por toda uma vida, visando benesses. Sincero no elogio e na desvalia.


Angario mais inimigos que admiradores. Mas prefiro inimigos sinceros a um só adulador.


Este dia corrido suave. Produtivo na sua singeleza, na sua santidade por certo se religioso fosse eu.


Doce dia que finda.


Com as Taças de Cristal da Literatura Universal.


Dias como este: pequenos hiatos de luz na longa caminhada. São mágicos.


Gracias a la Vida!


Salve Violeta Parra!


Paulo Cesar Fernandes.

10/10/2017.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

20171004 Diretriz

Diretriz.


Dizem os homens que pensam: o Ser Humano é composto de um conjunto incomensurável de paixões.


E eu tendo a concordar com os pensadores. Somos sim, compostos de paixões de todos os tipos.


Porém, ao lado desse painel grandioso de paixões, temos a Razão; e junto dela a Liberdade de Escolha, ou Livre Arbítrio (para usar um termo muito a gosto dos espíritas).


A posse dessas duas ferramentas, por si só, nos permitem definir a nossa trajetória sobre a face da terra.


Mas antes, muito antes de partir para o uso de tais ferramentas, devemos ter feito uma escolha. Difícil escolha interior, a saber: Vou viver pautado por princípios éticos e racionalmente impor limites aos reclamos das pulsões; dos desejos e de toda espécie de facilidades capazes de me trazer materiais vantagens? Ou, vou abafar os reclamos da consciência, e me permitir cair na gandaia em tudo, sem a menor preocupação com nada além do meu prazer e das minhas pessoais vantagens?



E parece incrível, mas em toda a nossa vida, desde os bancos escolares vamos nos defrontar com momentos em que essas questões estarão fortemente em pauta.


Uma prova de matemática, a terceira questão pede para demonstrar uma das qualidades do triângulo retângulo. Exatamente a aula em que não pudemos estar presente pois o trânsito na cidade estava insuportável naquela manhã.



Eu sei, meu colega da frente me ajudaria, se eu pedisse, se postando na cadeira de forma mais "amigável" digamos. Peço ou não?


Quando eu, por livre decisão interior, escolher deixar em branco o espaço da questão, Não por causa do medo da professora, não por causa de nada exterior a mim. Mas escolher não responder à questão, por achar isso indigno da minha escolha de vida. Neste momento eu estarei sendo coerente com a minha escolha maior da vida: a Ética.


Muitas oportunidades serão perdidas por ter feito essa escolha. Oportunidades de emprego. 
Oportunidades de ganhos incomensuráveis. 

Oportunidade de transar com aquela mulher sensacional do Departamento de Compras que, no elevador, estando apenas os dois, disse estar se separando do marido e precisando conversar com alguém. Você ouve. Compreende perfeitamente o sentido da coisa, e lembra dos seus filhos em casa. E decide:



_ Puxa! Para momentos difíceis como esse, eu tenho uma solução genial. A minha terapeuta trabalha com terapia breve, e poderá lhe atender perfeitamente. Estou seguro. Ambas terão prazer em conhecer uma a outra.


Venceram os princípios; os valores; a escolha; muitas vezes feita em tenra idade.



_ Não. Nessa eu não vou junto com vocês meus caros amigos. Não é, não, não é mesmo a minha praia. Numa outra atividade estaremos juntos como sempre, e seguimos amigos da mesma forma, assim espero.



Os amigos vão, fazer seja lá o que seja, e você passa a noite de sexta-feira só. Mas com uma sensação de Vitória incapaz de ser aqui descrita.


Você já percebeu, né?
A Vida com "V" em caixa alta é assim.
Sendo fiel às escolhas, sendo fiel a si mesmo.
Isso é ser verdadeiramente autêntico!



Paz nos corações!


Paulo Cesar Fernandes
04/10/2017.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

20171001 Desafio

20171001 Desafio


_ Sou pequeno. Diminuto na verdade. Um verdadeiro nada.

_ ...

_ Por cima de mim passa a água; passam pés descalços; passam pés calçados.

_ ...

_ Sou o nada que a água maltrata, fazendo de mim gato e sapato.

_ ...

_ Até o dia em que me vejo finalmente seco. Mas outro tormento tem início nesse preciso momento. É o vento agora o algoz. Algoz atroz. Pois se vale de meu diminuto tamanho e falta de força para me impor sua soberana vontade. E lá vou eu empurrado para o vão da calçada; numa outra lufada me faz mudar de lugar; assim vai, brincando comigo e minha pequenez. Mudando meu lugar de forma tirana.

_ ...

_ Sou mesmo um nada!

_ ...

_ Ninguém me nota; ninguém me valoriza; vivo de déu em déu. Ninguém deposita sua atenção em mim, nem busca saber do meu modo de servir. Nem tu. Sim, tu na leitura deste texto. Pusestes algum dia teu olhar e toda tua atenção no ínfimo grão de areia desta tua Cidade de Santos?

_ ...

_ Eu bem sabia! Vês? Não existo enquanto unidade ou individualidade. Estou fadado a ser um nada, componente de um todo maior: castelo de areia; monte de areia ou dunas; parte da praia; um nada dissolto na coletividade.

_ Mas... Que queres te diga eu? - lhe disse.

_ Não me faças rir. Pensa tu. Que és? São muito maiores os vetores a comandar tua vida. Muito maiores, mais fortes e inumeráveis. O que és afinal? Pensa. 

Um silêncio dolorido me tomou. E o grão prosseguiu:

_ Por acaso te achas diferente de mim? És um iludido!


Paulo Cesar Fernandes.

01/10/2017.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

20170910 Carta ao poeta Paco Cutumay


Não mais na tua San Salvador irmão meu?
A bala ofendeu teu corpo
Pai e Mãe se foram de semelhantes balas
Balas covardes.


O mesmo ódio dos gorilas sacou aí, em tua nobre terra, centenas de vidas.
E como isto me dói aqui, na minha pobre terra.
São muitos os teus assemelhados a Oscar Romero.
Sem nome, sem cova, sem nada capaz de dizer de sua nobre vida.
A vida de Luta pela Vida.


A Paz hoje sacramentada é de ilusão construida.
Aí vão os "Maras"; as "Pandilhas" tantas; e os trens cruzando as terras rumo às fronteiras.


Não irmão meu. Foi tudo uma ilusão.
Nossa América Latina segue sendo roubada; segue colonial; saqueada; e o pior: segue sem democracia de verdade. Onde o povo fale e possa dizer do seu querer.


As carcomidas elites seguem no comando em todos os países, e a Venezuela teve o azar de ter petróleo. A água da sede dos gorilas. Pobre povo o latino-americano. Sempre à merce de gorilas de todos os tipos e quadrantes da terra.


E hoje, o Neo Liberalismo é a praga a nos roubar mais profundamente a Liberdade.
Liberdade Real, Vontade Popular. 
E sem Povo Livre não se pode chamar Democracia.


Democracia Real e Efetiva, bem o sabes meu irmão é aquela onde nós, o povo, dizemos com todas as letras NÃO às oligarquias seculares dos nossos países, os colocando em seu devido lugar: FORA DO PODER.


Meu Brasil, caro irmão
Sofre longa Ditadura Neo Liberal.

Pobre. Tropego. Nem mais o Carnaval anima.
Mas seguimos muitos pela JUSTIÇA lutando; pois, como disse nosso irmão e poeta Taiguara:
"A vida é LUTA!".


Guarda um lugar para mim, para juntos fazer algo.
Até breve, meu poeta, músico e amigo.


Paulo Cesar Fernandes

10/09/2017.


Nota.: 

Paco Cutumay foi um amigo poeta, músico, componente do Grupo Cutumay Camones de El Salvador. 
Tivemos a alegria de os hospedar e ciceronear em sua passagem pela Cidade de São Paulo.  

Na Avenida Paulista, foram muitos os momentos de riso, pelas tiradas alegres do grupo, principalmente tendo como foco a beleza da mulher paulistana. Também lhes trouxe impacto a arquitetura da cidade.

Possam Paco, seus pais e Edoardo estar num lugar muito bom do lado de lá da vida.

domingo, 10 de setembro de 2017

20170609 Hamburgo

Sonhei estar em Hamburgo
No cais da cidade
Entre luzes de casas noturnas
ZANZIBAR me chama atenção
Mais ainda
As meninas de vida veloz
Me chamam na minha língua
E com sotaque santissssta


Um sonho estranho e belo
Pois o medo não se fazia
E estava eu no meio 
Da Zona Portuária
Com todo respeito
De cada uma das pessoas


Me vejo todo risos
Por estar de volta
Ao tempo da molecagem
Na Zona Portuária de Santos
Voltava ver de alguma forma 
Os femininos corpos
Mulheres e travestis
Numa distante Alemanha
Ou num distante tempo


Numa Santos do passadfo.
Num Brasil não violento.



Paulo Cesar Fernandes.

09/06/2017.

20170830 Positividade da Esperança

A linha sutil
Entre ilusão e sonho
A mesma linha
A dividir homens
Pragmáticos materialistas
Sonhadores idealistas


Onde se situa afinal
A tal da ilusão?
Respondo num ZAZ:
Na Materialidade
Pois o perene fica sempre
Na abstração
Na interior espiritualidade


A linha se concretiza
Dividindo o mundo
Materialistas de um lado
E Espiritualistas emergentes
E ganhando firmes
O espaço nesta Terra


Não mais se esconde
A verdade do espírito
A interior luminosidade
Pode se alçar livre
Pelas trevas do mundo
Mudando aqui e acolá
Até a Vitória Final.


Paulo Cesar Fernandes

30/08/2017.

20170901 Pompéia

20170901 Pompéia

Eu e tu
Um café
Uma água
Uma fala distante de nós
Tu.
Um medo, um muro
Uma barreira.


Fugimos pelas calçadas
Dos temas políticos


Nada de nós
Nada de verdade
Nada do coração
Vazio descuido
No cuidado 
De se desconhecer
E não ser


Nos fizemos Entes
Coisas
Não humanos seres
Em busca de algo
Na alma do outro


Perdi minha essência
Ou teu vazio me oprimiu
Nada sei, apenas pensei
Em ser correto
Vencer teus medos
E avançar na minha rota
E não pode ser outra:
Prazer e Felicidade.


Então...
Adeus!


Paulo Cesar Fernandes.

01/09/2017.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

20170907 Amilcar Cabral BIOGRAFIA

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. 
*
Amílcar Lopes Cabral 
(Bafatá, Guiné-Bissau, 12 de setembro de 1924 — Conacri, 20 de janeiro de 1973)
Foi um político, agrônomo e teórico marxista da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.
*
*** Biografia
*
Filho de Juvenal Lopes Cabral (cabo-verdiano) e de Iva Pinhel Évora (guineense de ascendência cabo-verdiana), aos oito anos de idade, sua família mudou-se para Cabo Verde, estabelecendo-se em Santa Catarina (ilha de Santiago), que passou a ser a cidade de sua 
infância, onde completou o ensino primário. De seguida mudou com a mãe os irmãos para Mindelo, São Vicente, onde veio a terminar o curso liceal em 1943. 
*
Como apontado por Patrícia Villen, sua adolescência remete a um período de intensa seca e fome na ilha, nos ano 40, por exemplo, essa crise provocou a morte de 50 mil pessoas, além da imigração em massa de cabo-verdianos. No ano seguinte, mudou-se para a cidade de Praia, na Ilha de Santiago, e começou a trabalhar na Imprensa Nacional, mas só por um ano pois, tendo conseguido uma bolsa de estudos, no ano de 1945 ingressou no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Único estudante negro de sua turma, Cabral logo se envolve em reuniões de grupos antifascistas e, ao lado de outros alunos vindos da África, tais como Mário de Andrade, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos "conhece vetores culturais da reafricanização dos espíritos do movimento da negritude dirigido por Léopold Sédar Senghor". Após graduar-se 
em 1950, trabalhou por dois anos na Estação Agronómica de Santarém.
*
Contratado pelo Ministério do Ultramar como adjunto dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné, regressou a Bissau em 1952. Iniciou seu trabalho na granja experimental de Pessube percorrendo grande parte do país, de porta em porta, durante o Recenseamento Agrícola de 1953 adquirindo um conhecimento profundo da realidade social vigente. Suas atividades políticas, como a criação da primeira a Associação Esportiva, Recreativa e Cultural da 
Guiné, aberta tanto aos "assimilados" quanto aos indígenas, reservam-lhe a antipatia do Governador da colônia, Melo e Alvim, que o obriga a emigrar para Angola. Nesse país, une-se ao MPLA.
*
EM 1955 Cabral participa da Conferência de Bandung e toma conhecimento da questão afro-asiática. Em 1959 juntamente com Aristides Pereira, seu irmão Luís Cabral, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Elisée Turpin, funda o partido clandestino Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Em 3 de agosto de 1959, o partido teve participação na greve de trabalhadores do porto de Pidjiguiti, fortemente reprimida pelo 
governo colonial, resultando na morte de 50 manifestantes e no ferimento de outras centenas. 

Quatro anos mais tarde, o PAIGC sai da clandestinidade ao estabelecer uma delegação na cidade de Conacri, capital da República de Guiné-Cronacri. Em 23 de janeiro de 1963 tem 
início a luta armada contra a metrópole colonialista, com o ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, a partir de bases na Guiné-Conacri.
*
Centro Cultural Amílcar Cabral, em João Galego, em Cabo Verde
Em 1970, Amílcar Cabral, fazendo-se acompanhar de Agostinho Neto e Marcelino dos Santos, é recebido pelo Papa Paulo VI em audiência privada. Em 21 de novembro do mesmo ano, o 
Governador português da Guiné-Bissau determina o início da Operação Mar Verde, com a finalidade de capturar ou mesmo eliminar os líderes do PAIGC, então aquartelados em Conacri. 
A operação não teve sucesso.
*
Em 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros de seu próprio partido. Amílcar Cabral profetizara seu fim, ao afirmar: "Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios." 

Aristides Pereira, substituiu-o na chefia do PAIGC. Após a morte de Cabral a luta armada se intensifica e a independência de Guiné-Bissau é proclamada unilateralmente em 24 de Setembro de 1973. Seu meio-irmão, Luís de Almeida Cabral, é nomeado o primeiro presidente do país.
*
*** Frases
*
"Perguntar-nos-ão se o colonialismo português não teve uma ação positiva na África. A justiça é sempre relativa. Para os africanos, que durante cinco séculos se opuseram à dominação colonial portuguesa, o colonialismo português é o inferno; e onde reina o mal, não há lugar para o bem". Amílcar Cabral. A arma da teoria.
*
"O nosso povo africano sabe muito bem que a serpente pode mudar de pele, mas é sempre uma serpente". Amílcar Cabral. Um povo que se liberta.
*
"Como sabe, nós temos uma longa caminhada juntamente com o povo português. Não foi decidido por nós, não foi decidido pelo povo português, foi decidido pelas circunstâncias históricas do tempo da Europa das Descobertas e pela classe de "antanho", como se diz em português antigo; mas é verdade, é isso! Há essa realidade concreta! Eu estou aqui falando português, como qualquer outro português, e infelizmente melhor do que centenas de milhares de portugueses que o Estado português tem deixado na ignorância e na miséria. Nós marchamos juntos e, além disso, no nosso povo, seja em Cabo Verde seja na Guiné, existe toda uma 
ligação de sangue, não só de história mas também de sangue, e fundamentalmente de cultura, com o povo de Portugal. [...] Essa nossa cultura também está influenciada pela cultura portuguesa e nós estamos prontos a aceitar todo o aspecto positivo da cultura dos outros."
*
"Nós, em princípio, o nosso problema não é o de nos desligarmos do povo português. Se porventura em Portugal houvesse um regime que estivesse disposto a construir não só o futuro e o bem-estar do povo de Portugal mas também o nosso, mas em pé de absoluta igualdade, quer dizer que o Presidente da República pudesse ser de Cabo Verde, da Guiné, como de Portugal, etc., que todas as funções estatais, administrativas, etc. fossem igualmente possíveis para 
toda a gente, nós não veríamos nenhuma necessidade de estar a fazer a luta pela independência, porque todos já seriam independentes, num quadro humano muito mais largo e talvez muito mais eficaz do ponto de vista da História. [§] Mas infelizmente, como sabem, a coisa não é essa; o colonialismo português explorou o nosso povo da maneira mais bárbara e 
mais criminosa e quando reclamamos um direito de ser gente, nós mesmos, de sermos homens, parte da humanidade."
*
Mas nós nunca confundimos o "colonialismo português" com o "povo de Portugal", e temos feito tudo, na medida das nossas possibilidades, para preservar, apesar dos crimes cometidos pelos 
colonialistas portugueses, as possibilidades de uma cooperação eficaz com o povo de Portugal, numa base de independência, de igualdade de direitos e de reciprocidade de vantagens seja para o progresso da nossa terra, seja para o progresso do povo português. [§] 
O povo português está submetido há cerca de meio século a um regime que, pelas suas características, não pode ser deixado de ser chamado fascista. [§] A nossa luta é contra o colonialismo português. Nós somos povos africanos, ou um povo africano, lutando contra o colonialismo português, contra a dominação colonial portuguesa, mas não deixamos de ver a ligação que existe ente a luta antifascista e a luta anticolonialista.
*
Nós estamos absolutamente convencidos de que, se em Portugal se instalasse amanhã um governo que não fosse fascista, mas fosse democrático, progressista, reconhecedor dos direitos dos povos à autodeterminação e à independência, a nossa luta não teria razão de ser. Aí está a ligação íntima que pode existir entre a nossa luta e a luta antifascista em Portugal; mas também, vice-versa, estamos absolutamente convencidos de que, na medida em que os povos das colónias portuguesas avancem com a sua luta e se libertem totalmente de dominação colonial portuguesa, estarão contribuindo de uma maneira muito eficaz para a liquidação do regime fascista em Portugal. [...] Nós queremos entretanto exprimir claramente o seguinte: nós não confundimos a nossa luta, na nossa terra, com a luta do povo português; estão ligadas, mas nós, no interesse do nosso povo, combatemos contra o colonialismo português. Liquidar o fascismo em Portugal, se ele não se liquidar pela liquidação do colonialismo, isso é função dos próprios portugueses patriotas, que cada dia estão mais conscientes da necessidade de desenvolver a sua luta e de servir o melhor possível o seu povo."

===

Este último item teve um caráter premonitório,pois na Revolução dos Cravos, ocorrida em Abril de 1974, a primeira coisa feita pelo Novo Governo foi a Liberação das Colônias.

Até porque a vitória da Revolução dos Cravos se deu também pelo fato das baixas patentes do Exército português estarem em desacordo com os gastos inúteis nas colônias d'Africa.

A mim, Amilcar Cabral ensinou uma coisa vital para minha vida. Em uma de suas obras ele fala de "Suicídio de Classe". Diz ele que todo verdadeiro revolucionário deve fazer seu "Suicídio de classe". Isto significa matar o burguês que ainda vive dentro de si e se fazer povo como seu povo.

Parte desse suicídio eu já o tinha feito naturalmente. Me sentia mal nos ambientes burgueses a ponto de ter diarréia e de vomitar: Clube XV; Tênis Clube e Internacional. Onde fui levado pelas melhores pessoas quer conheci nesta face da terra. 

Mas eu passava mal, me sentia deslocado. UM peixe fora d'água.

A partir desse conceito pude entender ainda por que motivo eu e um outro amigo tínhamos notas menores que um terceiro cuja família tinha recursos financeiros mais amplos. Apesar de 
fazermos as lições juntos ao fim de cada dia. Apresentarmos os mesmos resultados. Na infância culpava eu minha letra feia. Segue feia até hoje. Mais tarde percebi que eu e A fazíamos parte de uma classe social, já B pertencia a outro patamar. Apenas isso poderia 
justificar a diferenciação nas notas.

Eu já tinha a vivência da diferenciação das classes sociais. Ao chegar à teoria apontada por Amilcar Cabral o mundo se iluminou.

Vejam lá se nos morros de Santos; na Zona Noroeste; nos bairros populares da Minha Cidade de Santos algum dia eu sinti vontade de vomitar ou tive diarréa. NUNCA. Eu estava junto ao meu 
elemento: o povo brasileiro.

E mesmo na Bolívia, nas feiras, junto ao povo nas conduções, eu nunca me senti deslocado.

Evidente fique aqui que ainda hoje devem existir elementos burgueses em mim. Não conseguimos acabar com o que é de nossa formação cultural por completo. Mas os valores da burguesia não 
são os meus valores: competição; consumo; busca de requinte; uma casa de praia e uma na montanha (vide Lula); estar nos lugares "badalados"; etc.

Eu olho para Pepe Mujica e nele vejo um verdadeiro revolucionário. A simplicidade e o despojamento marcam os capazes de mudar o mundo. É a isso quer me proponho: mudar a mim de forma profunda; e, na medida do possível, pelo exemplo, mudar o mundo ao meu redor.

Eu não interfiro na vida de ninguém. E não o faço por puro respeito. Cada qual deve saber por quais mares navegar. Mas estou sempre aberto a, mediante pedido, opinar sobre algo.

Junto a uma pessoa passando por um profundo momento de odr. Eu não vou falar nada para ela. 

Sento ao seu lado em silêncio. Me faço apenas presença. E se a pessoa quiser, sabe que poderá contar comigo. Todos nós temos fragilidades, mas todos nós temos uma intimidade a ser 
preservada.

Amilcar Cabral está entre os primeiros pensadores a me trazer luz à vida. Depois muitos outros a ele se somaram, a ainda hoje descubro novos elementos de luz na caminhada.

O fato é que eu busco. Estousempre insatisfeito. Não quero pensar dois anos da mesma forma. 

A dúvida deve ser meu elemento permanente do existir. Apenas ao lado dela poderei eu pensar 

em alguma forma de progresso.

PELA REVOLUÇÃO DOS NEURÔNIOS ! ! !

Salve Amilcar Cabral!
Salve Giorgio Gaber!
Salve Karl Marx!
Salve Enrico Malatesta!

Salve-mo-nos cada um de nós no seio da Ética!

Paulo Cesar Fernandes.

07/09/2017.