terça-feira, 30 de dezembro de 2014

20141229 Contrastes e ilusões

Contrastes e ilusões



Não sei das coisas que sei.


Como as sei?
Carrego ideias como nuvens.
De informes não virtuais.



Concretamente somos.
O que fizeram de nós.
Instituições e circunstâncias.
Até o corte visceral.



E não mais somos da corte.
Os vassalos.



Enrijecemos a coluna.
E pomos terno o coração.



Nada somos além.
De dúvidas deslocantes.
Perquirições instigantes.
Todo o tempo
A cada instante.





Ai!
Pobre daquele.
Sabedor de todas as coisas.
Dono de toda certeza.



Sem dúvidas ou rompantes
De ira ou dissabor.



Quem são?
Não se questionam.
E vivem.
Como se nada houvesse.



Migalhas lhes bastam.
Do saber escolástico.
Enganos e engodos.
São todo o seu pensar.




Portal Fernandes

29/12/2014



20141228 Noite

Noite


É o silêncio da noite
As palavreas ditas e ouvidas dormem num imenso cesto de vime.
Como roupas usadas na espera de sua lavagem.
Para lavar palavras basta lhes conferir novos usos.
Se renovam no uso mesmo.



E assim se faz o verso.
O artigo de jornal.
O conceito filosófico.
A descarga emocional.



É o silêncio da noite.
A cidade fala seus sons motorizados.
Velocidades imprudentes
Nhambiquaras, Maracatins, Carvalho de Mendonça
E penetrações insurgentes.




Na noite tudo vale
a pena
a correr no papel.




Resgatando palavras para resignificá-las.
Atribuindo sensos nada consensuais.
Irados, iracundos, revoltosos.
No silêncio da noite a ira é mais feroz
A palavra sempre ecoa a altos brados.



Palavras e palavróes em meio a carícias
E tudo metrificado no motel pago a hora.
Por dentro e por fora do casamento.
Mas que importa?
Vale a respiração ofegante.
Valem os corpos soltos de tanto prazer.



Enfim.
É o silêncio da noite.



Paulo Cesar Fernandes

28/12/2014

domingo, 28 de dezembro de 2014

20141228 Concretude textual

Quero quebrar as palavras, as prateleiras, destruir a Sala de Jantar.
Trocar todos os móveis e imóveis de lugar.

Da palavra tosca descobrir novos sentidos e construir castelos de vinho por vinhedos que jamais verei.

Me embrenhar nos sonhos e fazer cair todas as máscaras de todos os caminhos.

Alles luge! nos diz Rio Reiser.
É tudo mentira mesmo.


Se a poética não tiver espaço no canto do pássaro, e na mão que afaga.
Se a tua dor não me tocar e o teu riso não me fizer mais feliz.


A vida é breve, sacanamente breve.
Quando será a minha vez?


Por isso é urgente pisotear as palavras e faze-las plenas de tanto viver.
Estufadas de Vida a não mais poder.


O futuro eu trago nas minhas mãos.
Este segundo é tudo.
O passado morreu.


E aqui vou eu.
Nas asas do incerto, rumo ao desconhecido.
Para trás ficaram escombros.
Nada retornará.


No compasso de cada hora
Eu posso renascer.



Paulo Cesar Fernandes

28/12/2014

20141222 Cavalo Baio

Cavalo Baio


O dia vem chegando
Vai ser mais longo
Pois é verão



Chuva no final da tarde
Abafa o mundo


Mas rega o chão


Quero seguir cantando
Fazer amigos


Com emoção, e daí?


Se somos todos estradeiros
Com meu Baio vou
Sempre em boa direção

Do caminho sabe ele
E da alma humana
Mais sabe que eu



Muito deixo me oriente
Seu trote firme
Sinaliza cada dia
Sua alegria
Em comigo caminhar



E assim vamos
No sol ou na chuva
Mas sem pressa de chegar



Se o medo em mim ata
Ele traz coragem
Em cada uma das patas



É o meu cavalo Baio
Sempre ao meu lado
É minha guarda
Nos embates da vida
Me consola e me encoraja.



Portal Fernandes

22/12/2014

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

20141227 Remotos fatos

Remotos fatos


Que tenho eu na mão agora?
Um verso? Um poema? Um artigo?
Uma mancha de limão ao sol.
De uma caipirinha, dez anos atrás.
Atrás dela vejo em minha boca.
O gelado do gelo, o sabor do limão, os grãos do açúcar.



Salivo como o cão de Pavlov.
Sensações não marcam os sentidos.
Se engana quem nisso crê.
Sensações marcarcam o profundo do Ser.



Esquecemos o nome.
Mas nunca as sensações.
Seu corpo nu.
Nu e provocante diante do espelho.
No meio da noite a clamar por mais.



Meu corpo exausto.
O Ser em êxtase.
Também pede mais.
Não claudicar, não.
Brincar com o tempo.
Um poema salva.
Recuperação vital.



E mais. E mais.
O nome não lembro.
Seu corpo moreno.
Seu odor de fêmea.
O sabor de mar.
Meu rosto salgado.



A poética da vida.
Tomou meu coração.
Bate célere.
Do chão da sala vejo.
Sua tesoura aberta.
Sobre meu corpo estirado.
E a lata de cerveja.
A caminho dos lábios meus.



O Ser é.
Acima de tudo.
Repositório.
Das mais suaves sensações.
E o tempo?
Não tem força capaz.
De apagar nenhum sonho.




Paulo Cesar Fernandes
27/12/2014


P.S.: Aos 63 anos. Cabe a vida e cabem lembranças.

sábado, 29 de novembro de 2014

20141129 Apenas um caso

Gota D'água   (Chico Buarque

Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia

Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa

Por favor



Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água



Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor



Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água



Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água

===



Num documentário sobre a vida de Flávio Rangel, esse ícone do teatro brasileiro. Se não me engano foi Paulo Autran quem contou.

Certa noite, o câncer na garganta já ia em fase avançada, alguns
amigos chegaram à casa de Flávio na hora de seu banho, tendo que
aguardar sua chegada da parte superior da casa.

Na descida, num ato teatral de muito bom humor sai cantando este trecho da canção:

 
"Olha a voz que me resta
 Olha a veia que salta
 Olha a gota que falta
 Pro desfecho da festa"


Possa eu, diante das desditas futuras ter a mesma atitude perante a
Vida.

A coragem, nos momentos cruciais, pode ser um exemplo para todos os que ficam atrás de nós.


Paulo Cesar Fernandes

29/11/2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

20140120 Veredas existenciais


Dor. Pois damos demasiada importância a nós mesmos, a nossas infantis ilusões, às coisas buscadas: quer materiais ou sentimentais; porém sempre idealizadas e, infelizmente colocadas distantes de nossa essência.


Aliás, nesse processo não temos essência, somos somente uma busca perambulando por las calles, e jamais encontramos o real caminho de nossa interioridade, quem realmente somos, ou queremos ser.


Vagamos, não vivemos.


Somos corpos se deslocando sobre as sombras, e tendo atadas aos pés as correntes pesadas das ilusões trazidas da família, da escola, dos amigos e colegas. Todas aceitas por nós sem a menor reflexão racional.


Somos espectros. Alguns por toda a vida. Outros rompem o processo. Dão às costas à sociedade e às opiniões exteriores às próprias reflexões.


Alguns fatos de destacam nesse corte radical:

1. a solidão, para alguns assustadora;

2. a libertação para viver e voar; quer simbolicamente, quer nas asas de um planador qualquer;

3. morre o Ente de nosso passado, e assim passamos à categoria de SER. Com novas posições e posturas, novos perigos a enfrentar, e desafios a vencer.


Porém, mais que nunca, seremos um devir ambulante, capaz de traçar seus roteiros e encena-los; ou por eles enveredar com todas as suas marchas e contramarchas.


Tidos por loucos, seremos a coragem a se deslocar por todos os espaços. Dentro e sobre nossos mais profundos anseios. Rompendo nossas limitantes.


E finalmente, talvez possamos ser uma inspiração aos espíritos sagazes, capazes de sair em busca do novo para suas existências.


Que assim possa ser!


Paulo Cesar Fernandes

20 01 2014

P.S.: Texto dedicado a João Guimarães Rosa, um mestre perene em minha vida.

20141123 Vamos indo

No lento caminhar para meus 64 anos lembro de "When I'm 64" dos Beatles. Lá na juventude tudo isso me parecia tão longe, algo
quase inimaginável. Mas aqui estamos. Ou quase lá.



E a cada passo uma dúvida me assalta: se o transeunte vindo em minha direção vai tirar a minha vida, ou se saio ileso de mais
este encontro.


Viver é sempre na corda bamba, neste Brasil atual. São mais de 51.000 assassinatos ao ano. Nos sete anos da Maldita Ditadura
Militar Argentina foram 30.000 mortos e desaparecidos. O Brasil mata mais a cada ano que aquela horrenda Ditadura Militar. É
um horror o que se passa no Brasil. É desumano.


A dúvida me segue a cada passo.


Dúvida de minha vida; dúvida de minha cidade; dúvida de meu país.


Tantas certezas na juventude e hoje isto. Jung a chama de Idade dos Contrários. Vazio de certezas, sou niilista.


Sem certezas, mas pleno de sonhos: o que se apresenta no Brasil e no mundo cairá pela força mesma das coisas. A força natural
do destino das nações.



O vento, na Carvalho de Mendonça bate em meu rosto. Renova meus pensamentos. Abre sulcos para novos sonhos, e neles me pauto para grandes voos, singrar os ares da imaginação e da criatividade.


Afinal sigo sendo uma Revolução, apesar dos meus 64 anos. Trago comigo um tempo fortemente vivido. A ousadia em alta em cada
etapa.


Não vou me render agora! Avante sigo!

Há muito por que lutar, tirar o Estado do seu lugar de conforto.


Não restará pedra sobre pedra, se formos todos um TSUNAMI.


Paulo Cesar Fernandes

23/11/2014


domingo, 23 de novembro de 2014

20141123 Ocaso

Ocaso
Visões obscuras da vida nos apresentam imagens assim.
Nunca uma manhã de sol.
Embora Santos seja bonita em qualquer circunstância.
===***===



A barba bem feita, um banho revigorante, um cafezinho bom, bem bom, dividindo a tarde.


Os potes de ração da Emma, já aqui na parte superior da casa: o da "janta" e o do dejejum de amanhã.


Agora posso ligar o micro e nele ficar por um tempinho.


Afinal, o ocaso da vida não é ruim como o pintam.


Verdade que não estou no ocaso do ocaso; isso não, mas já não posso me sentir um "homem de meia idade". Não conheço ninguém no meu bairro e nem nesta minha cidade de Santos com 126 anos de idade.


Mas o tempo é bom, me permite brincar comigo mesmo, como agora. E me agastar cada vez menos com as coisas sem
importância.


Estar no ocaso da vida tem lá seus aspectos positivos. Vemos as tardes com mais clareza, achamos o sol da manhã sempre com uma cor mais intensa, e não por erro de visão, um bom oculista eu tenho, mas por ter o peito aberto a ver o belo, sempre presente e, vivendo pautado pelo processo de produção, de intenso trabalho, de competitividade, de mau humor; por tudo isso eu nunca fui capaz de ver. Mas o belo da vida sempre esteve ao meu lado. Sempre mesmo.


Vez por outra eu saia do corpo, nos momentos de "retiros espirituais" quando a poesia brotava, lavando a alma.


A poesia nasce apenas nos estados alterados de consciência. Poetar é ausentar-se de si mesmo em direção a um outro universo. O universo das palavras, transfeito em versos.


É doce o ocaso da vida, é doce.


Paulo Cesar Fernandes

23/11/2014

sábado, 22 de novembro de 2014

20141122 Muita água

Muita água


muita água

muita agua
 
 
mu_ta agua

mu__a agua
 
 
mu___ agua
mu___ agu_
 
m____ agu_
 
_____ agu_
_____ ag__
 
_____ a___
 
_____ ____

 
Terra. Planeta água.
Onde?

Paulo Cesar Fernandes
 
22/11/2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014

20141118 Teatro e vida

Me ajudam a divulgar este livro? 

Meu primeiro livro após os 60 anos. 

Após a aposentadoria. 

Escrever é uma forma de me manter vivo. 


Consta da Livraria Cultura também. 

Kobo é parceira da LivCultura. 

Saúde e Paz. 

PC

http://store.kobobooks.com/pt-BR/ebook/teatro-e-vida-na-cidade-de-sao-paulo#readThisOn

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

20141118 Cartomante

As cartas estão dadas: que venha o Núcleo Político.



A arte sempre retomando novas significações nos diversos momentos históricos.

O "Eternauta" de Oesterheld, roteirista argentino de histórias em quadrinhos infantis (HQ), teve seu trabalho redimensionado e resignificado no período de 1976-1983, o período mais sanguinário pelo qual passou esse país irmão. Os flocos mortais caídos do céu sobra Buenos Aires e sobre a nação argentina passaram a ser as balas assassinas dizimando a população militante; num montante de 30.000 mortos e desaparecidos.

Olhemos o Brasil. 51.000 mortes por ano. Vivemos ou não uma Ditadura. Imputo ao Estado Brasileiro estas mortes pela sua incúria e incompetência tantas vezes por mim alardeada.

Ivan Lins e Vitor Martins escrevem uma pérola para a Ditadura Militar que se implantou em 1964, e milagrosamente essa música ganha nova significação, nos atuais tempos brasileiros.

Tempos felizes, de vitória, aos que supostamente comporiam as "esquerdas" de gente séria, de um partido que propunha o socialismo. De um partido que foi o baluarte da ética. E tudo não passou de uma grande farsa. Farsantes com práticas nazistas no confronto político com os adversários. Pois desconstruir é matar possibilidades dos adversários, com mentiras e terrorismo mais 
vil. Práticas nazistas. Microfones aterrorizando as populações mais carentes. Nazistas. Usando os Correiros como aparelhos de campanha eleitoral. Nazistas.

Venceram o pleito eleitoral, mas são os grandes derrotados. Pois, como no futebol, toda vitória obtida com a compra do juiz é uma 
vitória indigna. Uma derrota na verdade. De gente indigna. De gente vil. Uma gente que pagará o mais pesado tributo: o peso da 
consciência. Se é que esse tipo de gente chega a ter isso. Sou descrente dos fascistas. E de todos os ditadores de direita ou de esquerda. 

O socialismo, para ser socialismo verdadeiro deve ser plural e democrático, fora disso é fascismo.

Vejamos a letra que tem a cor vermelha, a cor do sangue de muitos que se foram nos porões da repressão:


Cartomante 

Ivan Lins



Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos


Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida


Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço


Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias


Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai, não fica nada.


===

Vejamos o video com o texto em castelhano:

https://www.youtube.com/watch?v=RZpf-8qEjSI

===


Cai a máscara dos crápulas para meu deleite.

Ladrão é ladrão.

Canalha é canalha.

Quadrilha é quadrilha.

Mesmo com o STF emporcalhado e asqueroso que hoje temos, eu 
ainda espero uma gota de dignidade do Judiciário.


Exerço o meu direito de análise e expressão de opinião garantido pela Constituição de 1988. 

Digo isto pois sei com quem lido. A pior espécie de ser. E seus asseclas, os seus eleitores.


===

Paulo Cesar Fernandes 

18/11/2014

sábado, 15 de novembro de 2014

20141115 Uma peça de teatro

Cari Amici,

Vi scrivo per segnalarvi una simpatica commedia brillante dal tema attuale realizzata da "La Compagnia Teatro delle Follie" che affida la regia a Fabio Avaro (protagonista del film "Ti sposo ma non troppo").


La commedia è interpretata da Vicky Catalano e Fabio Avaro da una parte e Valeria Sgaramella e Francesco Stella dall'altra.


Lo spettacolo debutta a Roma martedì 11 e sarà presente da giorno 11 novembre a giorno 15 novembre alle ore 21.00, e giorno domenica 16 novembre ore 18.00 sempre presso il teatro Sala Uno, Piazza di Porta San Giovanni 10, in una splendida cornice, accanto alla Scala Santa.

Spero di aver fatto cosa gradita.

Buona partecipazione.

Marco Siclari

===

O.G.M.   (Organismi Geneticamente Modificati
Di Enzo Ferrara


Sinossi


Due coppie si incontrano nella sala d’attesa di un fantomatico medico inventore di un nuovo straordinario ritrovato scientifico: si può modificare la struttura genetica del feto.


Quindi da oggi le mamme ed i papà potranno decidere come e soprattutto cosa diventerà il proprio figlio, prima ancora che il nascituro venga al mondo.


Le nostre due coppie saranno prese da mille ansie, ed ogni coppia avrà le sue di ansie ben diverse da quelle dell’altra “fortunata” (chi lo sa?) coppia.


La commedia, dopo averci presentato i quattro personaggi, in quella fatidica sala d’attesa, una volta che le signore si saranno sottoposte, con i relativi embrioni che portano in grembo, a questo neanche tanto futuristico trattamento genetico, percorreranno i 9 mesi che porteranno le due famiglie al giorno del tanto atteso parto. 


Vivranno però, questo tempo, ed il pubblico con loro, attraverso una serie di imprevisti dovuti appunto al cambiamento genetico dei nascituri e di conseguenza delle due donne che li portano in grembo. 


Un continuo di situazioni comiche ed ironiche fino al finale colpo di scena. 


Ecco perche l’autore sottotitola la commedia O.G.M. Organismi Geneticamente Modificati con un ironico:

"“Commedia in nove mesi e due parti... cesarei"”.


===

Um amigo da Itália me encaminhou esta indicativa.

Evidente está que não estarei na apresentação. Mas me sinto na obrigação de transmitir ao público brasileiro o informe.

Afinal, o teatro brasileiro não seria o que hoje é sem as contribuições dos diversos professores aqui presentes no inicio do século passado.

Sem contar a importância de Giorgio Gaber na minha formação, intelectual e ideológica.

Minha gratidão a esse amigo, e a toda contribuição cultural da Itália ao Brasil.


Grazie tante Marco Siclari.


===


Paulo Cesar Fernandes

15/11/2014

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

20141104 Trabalho Escravo

Lute contra o Trabalho Escravo no Brasil.

Não compre nenhum produto das empresas e etiquetas abaixo. Griffes manchadas se sangue.

Lute por um Outro Brasil.

M.Officer

Le Lis Blanc

Bo.Bô

GEP   (Emme, Cori e Luigi Bertolli

Gangster Surf

Skate Wear

Hippychick Moda Infantil   (Lojas Americanas  seu ponto de venda

Basic+ Kids   (Lojas Americanas  seu ponto de venda

Talita Kume

Zara

Collins

775

Marisa


Fonte:
http://www.epochtimes.com.br/compras-natal-marcas-utilizam-trabalho-escravo-brasil/#.VFhSrbktC1s

20141104 Clapton me disse de mim

Na minha infância um senhor de minha rua tinha s peles do rosto algo caídas, lhe davam a face de um buldogue. Me olho no espelho e vejo que o tempo vai fazendo entalhes de certas características em nossa face.


Acabo de ver, no CanalBis a face atual de meu ídolo Eric Clapton.


Os dedos e os rifs de guitarra seguem na maestria de sempre.


Mas a face, ai esta o tempo não perdoa. Me lembra em tudo e por tudo o senhor de minha rua de infância. Tanto a um como a outro meu carinho e respeito segue sendo o mesmo.


Até porque tenho espelho em casa e não há colágeno capaz de "desentalhar" as marcas do tempo das quais eu tanto me honro.


Cada ruga, cada marca é fruto de um embate por causas de munha mais profunda crença. Por nada lutei visando cargos ou posições, sempre me pautando em ideias, em sonhos e nunca em ilusões.


Velho? Creio que não. Quem luta a vida inteira, o bom combate e com sinceridade de propósitos jamais será um velho. Mesmo quando o corpo, alquebrado pelo tempo e pelas batalhas, me dificulte os desalocamentos; mesmo quando a memória já contenha histos marcantes.


Enquanto houver em mim uma gota de força para lutar pela Arte, pela Liberdade universal e pela Justiça eu me sentirei o mais rico dos homens. Pois seguirei planando nas asas dos sonhos mais caros, presentes em mim desde a mais tenra idade. Afinal...


Eu nasci Socialista.


Eu nasci poeta.


Eu nasci Literato.


Eu nasci de uma família: honrados antepassados.


Os venero como se fossem Mapuches; Quechuas ou Aymaras.


Povos capazes de transmitir por séculos as suas mais fortes tradições.


Assim são os Villamarin da Espanha; bem como assim são os Fernandes Ramalheiro de Portugal.


Nem sempre este rebelde espírito foi compreendido por familiares e conhecidos. Mas me uno a milhares de pensadores solitários e desprezados deste mundo.


Nasci em momento errado? Nasci em país errado? Nasci entre amigos e conhecidos errados?


Eu sei já ter nascido com projetos e jamais os abandonarei. A morte do corpo físico terá efeito nulo em tudo isso.


Minhas ideias valem mais que eu mesmo. Elas me usam para se projetar no mundo: através de poemas; de livros; de canções; de palestras; etc.


Sou muito mais duma massa de carne vagando na Terra destituída de valores.


Sirvo a uma causa maior que esse pequeno "EU" presente.


Meu corpo veio do pó e ao pó voltará. Mas nunca as minhas causas.


Estas reverberarão no tempo e no espaço; queiram os medíocres ou não. Sementes sempre brotam. Passam séculos adormecidas e um dia brotam, precisam apenas das dignas condições ambientais.


Enquanto vigir a torpeza minhas idéias terão pouco espaço; mas um dia eclodirão destroçando as farsas e os farsantes e garantindo o desabrochar do poder abstrato do conhecimento, chamado por mim de Espiritualidade.


Para mim basta.


Paulo Cesar Fernandes

04/11/2014

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

20141101 Marco Regulatório das Comunicações no Brasil

Os Meios de Comunicação de Massas.

 

Como Jornalista me sinto na obrigação de colocar a debate entre pessoas amigas da Internet e mais precisamente no FaceBook este tema. Demonizado por alguns e endeusado por outros.

 
Eu não tenho opinião formada. Quero de você minha amiga e meu amigo sua ajuda para formar uma opinião.
 
Não li o texto. Logo estarei lendo junto a vocês. Deixe suas críticas no espaço para opiniões deste Blog. Obrigado. Muito obrigado.
 
Me ajudem neste processo.
 
Paulo Cesar Fernandes. 01/11/2014.
===

 

Texto consolidado

Veja abaixo o texto consolidado da Plataforma depois da análise das contribuições à consulta
 

Plataforma para um novo Marco Regulatório das Comunicações no Brasil

Este texto é fruto de debates acumulados ao longo das últimas décadas, em especial da I Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM), sistematizados no seminário Marco Regulatório – Propostas para uma Comunicação Democrática, realizado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), com a participação de outras entidades nacionais e regionais, em 20 e 21 de maio de 2011, no Rio de Janeiro. A primeira versão foi colocada em consulta pública aberta, e recebeu mais de 200 contribuições, que foram analisadas e parcialmente incorporadas neste documento. A Plataforma tem foco nas 20 propostas consideradas prioritárias na definição de um marco legal para as comunicações em nosso país. Ao mesmo tempo em que apresenta essas prioridades, este texto tem a pretensão de popularizar o debate sobre as bandeiras e temas da comunicação, normalmente restrito a especialistas e profissionais do setor. Essa é a referência que este setor da sociedade civil, que atuou decisivamente na construção da I CONFECOM, propõe para o conteúdo programático deste debate que marcará a agenda política do país no próximo período.
 
Por que precisamos de um novo Marco Regulatório das Comunicações?
Há pelo menos quatro razões que justificam um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil. Uma delas é a ausência de pluralidade e diversidade na mídia atual, que esvazia a dimensão pública dos meios de comunicação e exige medidas afirmativas para ser contraposta. Outra é que a legislação brasileira no setor das comunicações é arcaica e defasada, não está adequada aos padrões internacionais de liberdade de expressão e não contempla questões atuais, como as inovações tecnológicas e a convergência de mídias. Além disso, a legislação é fragmentada, multifacetada, composta por várias leis que não dialogam umas com as outras e não guardam coerência entre elas. Por fim, a Constituição Federal de 1988 continua carecendo da regulamentação da maioria dos artigos dedicados à comunicação (220, 221 e 223), deixando temas importantes como a restrição aos monopólios e oligopólios e a regionalização da produção sem nenhuma referência legal, mesmo após 23 anos de aprovação. Impera, portanto, um cenário de ausência de regulação, o que só dificulta o exercício de liberdade de expressão do conjunto da população.
 
A ausência deste marco legal beneficia as poucas empresas que hoje se favorecem da grave concentração no setor. Esses grupos muitas vezes impedem a circulação das ideias e pontos de vista com os quais não concordam e impedem o pleno exercício do direito à comunicação e da liberdade de expressão pelos cidadãos e cidadãs, afetando a democracia brasileira. É preciso deixar claro que todos os principais países democráticos do mundo têm seus marcos regulatórios para a área das comunicações. Em países como Reino Unido, França, Estados Unidos, Portugal e Alemanha, a existência dessas referências não tem configurado censura; ao contrário, tem significado a garantia de maior liberdade de expressão para amplos setores sociais. Em todos estes países, inclusive, existem não apenas leis que regulam o setor, como órgãos voltados para a tarefa de regulação. A própria Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos destaca, em sua agenda de trabalho, o papel do Estado para a promoção da diversidade e pluralidade na radiodifusão.
 

Princípios e objetivos

O novo marco regulatório deve garantir o direito à comunicação e a liberdade de expressão de todos os cidadãos e cidadãs, de forma que as diferentes ideias, opiniões e pontos de vista, e os diferentes grupos sociais, culturais, étnico-raciais e políticos possam se manifestar em igualdade de condições no espaço público midiático. Nesse sentido, ele deve reconhecer e afirmar o caráter público de toda a comunicação social e basear todos os processos regulatórios no interesse público.
 
Para isso, o Estado brasileiro deve adotar medidas de regulação democrática sobre a estrutura do sistema de comunicações, a propriedade dos meios e os conteúdos veiculados, de forma a:
 
  • assegurar a pluralidade de ideias e opiniões nos meios de comunicação;
  • promover e fomentar a cultura nacional em sua diversidade e pluralidade;
  • garantir a estrita observação dos princípios constitucionais da igualdade; prevalência dos direitos humanos; livre manifestação do pensamento e expressão da atividade intelectual, artística e de comunicação, sendo proibida a censura prévia, estatal (inclusive judicial) ou privada; inviolabilidade da intimidade, privacidade, honra e imagem das pessoas; e laicidade do Estado;
  • promover a diversidade regional, étnico-racial, de gênero, classe social, etária e de orientação sexual nos meios de comunicação;
  • garantir a complementaridade dos sistemas público, privado e estatal de comunicação;
  • proteger as crianças e adolescentes de toda forma de exploração, discriminação, negligência e violência e da sexualização precoce;
  • garantir a universalização dos serviços essenciais de comunicação;
  • promover a transparência e o amplo acesso às informações públicas;
  • proteger a privacidade das comunicações nos serviços de telecomunicações e na internet;
  • garantir a acessibilidade plena aos meios de comunicação, com especial atenção às pessoas com deficiência;
  • promover a participação popular na tomada de decisões acerca do sistema de comunicações brasileiro, no âmbito dos poderes Executivo e Legislativo;
  • promover instrumentos eletrônicos de democracia participativa nas decisões do poder público.
 
O marco regulatório deve abordar as questões centrais que estruturam o sistema de comunicações e promover sua adequação ao cenário de digitalização e convergência midiática, contemplando a reorganização dos serviços de comunicação a partir da definição de deveres e direitos de cada prestador de serviço. Sua estrutura deve responder a diretrizes que estejam fundadas nos princípios constitucionais relativos ao tema e garantam caráter democrático para o setor das comunicações.
 

Diretrizes fundamentais – 20 pontos para democratizar as comunicações no Brasil

 

1. Arquitetura institucional democrática

A organização do sistema nacional de comunicações deve contar com: um Conselho Nacional de Comunicação, com composição representativa dos poderes públicos e dos diferentes setores da sociedade civil (que devem ser majoritários em sua composição e apontados por seus pares), com papel de estabelecer diretrizes normativas para as políticas públicas e regulação do setor; órgão(s) regulador(es) que contemple(m) as áreas de conteúdo e de distribuição e infraestrutura, subordinados ao Conselho Nacional de Comunicação, com poder de estabelecimento de normas infralegais, regulação, fiscalização e sanção; e o Ministério das Comunicações como instituição responsável pela formulação e implementação das políticas públicas. Estados e municípios poderão constituir Conselhos locais, que terão caráter auxiliar em relação ao Conselho Nacional de Comunicação, com atribuições de discutir, acompanhar e opinar sobre temas específicos, devendo seguir regras únicas em relação à composição e forma de escolha de seus membros. Esses Conselhos nos estados e municípios podem também assumir funções deliberativas em relação às questões de âmbito local. Deve também ser garantida a realização periódica da Conferência Nacional de Comunicação, precedida de etapas estaduais e locais, com o objetivo de definir diretrizes para o sistema de comunicação. Este sistema deve promover intercâmbio com os órgãos afins do Congresso Nacional – comissões temáticas, frentes parlamentares e o Conselho de Comunicação Social (órgão auxiliar ao Congresso Nacional previsto na Constituição Federal).
 

2. Participação social

A participação social deve ser garantida em todas as instâncias e processos de formulação, implementação e avaliação de políticas de comunicação, sendo assegurada a representação ampla em instâncias de consulta dos órgãos reguladores ou com papeis afins e a realização de audiências e consultas públicas para a tomada de decisões. Devem ser estabelecidos outros canais efetivos e acessíveis (em termos de tempo, custo e condições de acesso), com ampla utilização de mecanismos interativos via internet. Em consonância com o artigo 220 da Constituição Federal, a sociedade deve ter meios legais para se defender de programação que contrarie os princípios constitucionais, seja por meio de defensorias públicas ou de ouvidorias, procuradorias ou promotorias especiais criadas para este fim.
 

3. Separação de infraestrutura e conteúdo

A operação da infraestrutura necessária ao transporte do sinal, qualquer que seja o meio, plataforma ou tecnologia, deve ser independente das atividades de programação do conteúdo audiovisual eletrônico, com licenças diferenciadas e serviços tratados de forma separada. Isso contribui para um tratamento isonômico e não discriminatório dos diferentes conteúdos, fomenta a diversificação da oferta, e assim amplia as opções do usuário. As atividades que forem de comunicação social deverão estar submetidas aos mesmos princípios, independentemente da plataforma, considerando as especificidades de cada uma dessas plataformas na aplicação desses princípios.
 

4. Garantia de redes abertas e neutras

A infraestrutura de redes deve estar sujeita a regras de desagregação e interconexão, com imposição de obrigações proporcionais à capacidade técnica e financeira de cada agente econômico. Os operadores de redes, inclusive os que deem suporte à comunicação social audiovisual eletrônica, devem tratar os dados de forma neutra e isonômica em relação aos distintos serviços, aos programadores e a outros usuários, sem nenhum tipo de modificação ou interferência discriminatória no conteúdo ou na velocidade de transmissão, garantindo a neutralidade de rede. O uso da infraestrutura deve ser racionalizado por meio de um operador nacional do sistema digital, que funcionará como um ente de gerenciamento e arbitragem das demandas e obrigações dos diferentes prestadores de serviço, e deverá garantir o caráter público das redes operadas pelos agentes privados e públicos, sejam elas fixas ou sem fio. Além disso, deve ser garantido aos cidadãos o direito de conexão e roteamento entre seu equipamento e qualquer outro, de forma a facilitar as redes cooperativas e permitir a redistribuição de informações.
 

5. Universalização dos serviços essenciais

Os serviços de comunicação considerados essenciais, relacionados à concretização dos direitos dos cidadãos, devem ser tratados como serviços públicos, sendo prestados em regime público. No atual cenário, devem ser entendidos como essenciais a radiodifusão, os serviços de voz e especialmente a infraestrutura de rede em alta velocidade (banda larga). Enquadrados dessa forma, eles estarão sujeitos a obrigação de universalização, chegando a todos os cidadãos independentemente de localização geográfica ou condição socioeconômica e deverão atender a obrigações tanto de infraestrutura quanto de conteúdo, tais como: prestação sem interrupção (continuidade), tarifas acessíveis (no caso dos serviços pagos), neutralidade de rede, pluralidade e diversidade de conteúdo, e retorno à União, após o fim do contrato de concessão, dos bens essenciais à prestação do serviço. Devem ser consideradas obrigações proporcionais à capacidade técnica e financeira de cada agente econômico, de forma a estimular os pequenos provedores. Esse é o melhor formato, por exemplo, para garantir banda larga barata, de qualidade e para todos.
 

6. Adoção de padrões abertos e interoperáveis e apoio à tecnologia nacional

Os serviços e tecnologias das redes e terminais de comunicações devem estar baseados em padrões abertos e interoperáveis, a fim de garantir o uso democrático das tecnologias e favorecer a inovação. Padrões abertos são aqueles que têm especificação pública, permitem novos desenvolvimentos sem favorecimento ou discriminação dos agentes desenvolvedores e não cobram royalties para implementação ou uso. Interoperáveis são aqueles que permitem a comunicação entre sistemas de forma transparente, sem criar restrições que condicionem o uso de conteúdos produzidos à adoção de padrão específico. Essas definições devem estar aliadas a política de apoio à tecnologia nacional por meio de pesquisa e desenvolvimento, fomento, indução e compra de componentes, produtos e aplicativos sustentados nesse tipo de tecnologia.
 

7. Regulamentação da complementaridade dos sistemas e fortalecimento do sistema público de comunicação

Nas outorgas para programação, o novo marco regulatório deve garantir a complementaridade dos sistemas público, privado e estatal de comunicação, regulamentando o artigo 223 da Constituição Federal. Por sistema público, devem ser entendidas as programadoras de caráter público ou associativo, geridas de maneira participativa, a partir da possibilidade de acesso dos cidadãos a suas estruturas dirigentes e submetidas a regras democráticas de gestão. O sistema privado deve abranger os meios de propriedade de entidades privadas em que a natureza institucional e o formato de gestão sejam restritos, sejam estas entidades de finalidade lucrativa ou não. O sistema estatal deve compreender todos os serviços e meios controlados por instituições públicas vinculadas aos poderes do Estado nas três esferas da Federação. Para cada um dos sistemas, devem ser estabelecidos direitos e deveres no tocante à gestão, participação social, financiamento e à programação. A cada um deles também serão asseguradas cotas nas infraestruturas de redes dedicadas ao transporte de sinal dos serviços de comunicação social audiovisual eletrônica, de forma a atingir a complementaridade prevista na Constituição Federal.
Deve estar previsto especialmente o fortalecimento do sistema público, com reserva de ao menos 33% dos canais para esta categoria em todos os serviços, políticas de fomento – em especial pelo incremento da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública e criação de fundos públicos com critérios transparentes e gestão democrática – e o fortalecimento da rede pública, em articulação com todas as emissoras do campo público e com suas entidades associativas, com a constituição de um operador de rede que servirá também de modelo para a futura evolução de toda a comunicação social eletrônica brasileira. Deve ainda ser reforçado o caráter público da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), por meio da ampliação de sua abrangência no território nacional, democratização de sua gestão, garantia de participação popular nos seus processos decisórios, ampliação das fontes fixas de financiamento e da autonomia política e editorial em relação ao governo. A produção colaborativa e em redes no âmbito de emissoras públicas e estatais deve ser promovida por meio de parcerias com entidades e grupos da sociedade civil.
 

8. Fortalecimento das rádios e TVs comunitárias

A nova legislação deve garantir a estruturação de um sistema comunitário de comunicação, de forma a reconhecer efetivamente e fortalecer os meios comunitários, entendidos como rádios e TVs de finalidade sociocultural geridos pela própria comunidade, sem fins lucrativos, abrangendo comunidades territoriais, etnolinguísticas, tradicionais, culturais ou de interesse. Por ter um papel fundamental na democratização do setor, eles devem estar disponíveis por sinais abertos para toda a população. Os meios comunitários devem ser priorizados nas políticas públicas de comunicação, pondo fim às restrições arbitrárias de sua cobertura, potência e número de estações por localidade, garantido o respeito a planos de outorgas e distribuição de frequências que levem em conta as necessidades e possibilidades das emissoras de cada localidade. Devem ser garantidas condições de sustentabilidade suficientes para uma produção de conteúdo independente e autônoma, por meio de anúncios, publicidade institucional e de financiamento por fundos públicos. A lei deve prever mecanismos efetivos para impedir o aparelhamento dos meios comunitárias por grupos políticos ou religiosos. É também fundamental o fim da criminalização das rádios comunitárias, garantindo a anistia aos milhares de comunicadores perseguidos e condenados pelo exercício da liberdade de expressão e do direito à comunicação.
 

9. Democracia, transparência e pluralidade nas outorgas

As outorgas de programação de rádio e serviços audiovisuais, em qualquer plataforma, devem garantir em seus critérios para concessão e renovação a pluralidade e diversidade informativa e cultural, sem privilegiar o critério econômico nas licitações, e visar à complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal. Os critérios de outorga e renovação devem ser adequados aos diferentes sistemas e estar claramente definidos em lei, com qualquer recusa sendo expressamente justificada. Não deve haver brechas para transformar as outorgas em moedas de troca de favores políticos. A responsabilidade pelas outorgas e por seu processo de renovação deve ser do(s) órgão(s) regulador(es) e do Conselho Nacional de Comunicação, garantida a transparência, a participação social e a agilidade no processo. Os processos de renovação não devem ser realizados de forma automática, cabendo acompanhamento permanente e análise do cumprimento das obrigações quanto à programação – especialmente com a regulamentação daquelas previstas no artigo 221 da Constituição Federal – e da regularidade trabalhista e fiscal do prestador de serviço. Deve-se assegurar a proibição de transferências diretas ou indiretas dos canais, bem como impedir o arrendamento total ou parcial ou qualquer tipo de especulação sobre as frequências.
 

10. Limite à concentração nas comunicações

A concentração dos meios de comunicação impede a diversidade informativa e cultural e afeta a democracia. É preciso estabelecer regras que inibam qualquer forma de concentração vertical (entre diferentes atividades no mesmo serviço), horizontal (entre empresas que oferecem o mesmo serviço) e cruzada (entre diferentes meios de comunicação), de forma a regulamentar o artigo 220 da Constituição Federal, que proíbe monopólios e oligopólios diretos e indiretos. Devem ser contemplados critérios como participação no mercado (audiência e faturamento), quantidade de veículos e cobertura das emissoras, além de limites à formação de redes e regras para negociação de direitos de eventos de interesse público, especialmente culturais e esportivos. Associações diretas ou indiretas entre programadores de canais e operadores de rede devem ser impedidas. O setor deve ser monitorado de forma dinâmica para que se impeçam quaisquer tipos de práticas anticompetitivas.
 

11. Proibição de outorgas para políticos

O marco regulatório deve reiterar a proibição constitucional de que políticos em exercício de mandato possam ser donos de meios de comunicação objeto de concessão pública, e deve estender essa proibição a cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive. Medidas complementares devem ser adotadas para evitar o controle indireto das emissoras.
 

12. Garantia da produção e veiculação de conteúdo nacional e regional e estímulo à programação independente

É preciso regulamentar o artigo 221 da Constituição Federal, com a garantia de cotas de veiculação de conteúdo nacional e regional onde essa diversidade não se impõe naturalmente. Esses mecanismos se justificam pela necessidade de garantir a diversidade cultural, pelo estímulo ao mercado audiovisual local e pela garantia de espaço à cultura e à língua nacional, respeitando as variações etnolinguísticas do país. O novo marco deve contemplar também políticas de fomento à produção, distribuição e acesso a conteúdo nacional independente, com a democratização regional dos recursos, desconcentração dos beneficiários e garantia de acesso das mulheres e da população negra à produção de conteúdo. Essa medida deve estar articulada com iniciativas já existentes no âmbito da cultura, já que, ao mesmo tempo, combate a concentração econômica e promove a diversidade de conteúdo.
 

13. Promoção da diversidade étnico-racial, de gênero, de orientação sexual, de classes sociais e de crença

Devem ser instituídos mecanismos para assegurar que os meios de comunicação: a) garantam espaço aos diferentes gêneros, raças e etnias (inclusive comunidades tradicionais), orientações sexuais, classes sociais e crenças que compõem o contingente populacional brasileiro espaço coerente com a sua representação na sociedade, promovendo a visibilidade de grupos historicamente excluídos; b) promovam espaços para manifestação de diversas organizações da sociedade civil em sua programação. Além disso, o novo marco regulatório deve estimular o acesso à produção midiática a quaisquer segmentos sociais que queiram dar visibilidade às suas questões no espaço público, bem como articular espaços de visibilidade para tais produções.
 

14. Criação de mecanismos de responsabilização das mídias por violações de direitos humanos

Conforme previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos, a lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência. Também está previsto que a liberdade de expressão esteja sujeita a responsabilidades posteriores a fim de assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas. Assim, o novo marco deve garantir mecanismos de defesa contra programação que represente a violação de direitos humanos ou preconceito contra quaisquer grupos, em especial os oprimidos e marginalizados – como mulheres, negros, segmento LGBT e pessoas com deficiência –, o estímulo à violência, a ofensa e danos pessoais, a invasão de privacidade e o princípio da presunção de inocência, de acordo com a Constituição Federal. Nas concessões públicas, deve ser restringido o proselitismo político e religioso ou de qualquer opção dogmática que se imponha como discurso único e sufoque a diversidade.
 

15. Aprimoramento de mecanismos de proteção às crianças e aos adolescentes

O Brasil já conta com alguns mecanismos de proteção às crianças e aos adolescentes no que se refere à mídia, que se justificam pela vulnerabilidade deste segmento. Estes mecanismos devem contar com os seguintes aprimoramentos: a) extensão da Classificação Indicativa existente para a TV aberta, definida por portaria, para outras mídias, especialmente a TV por assinatura; seu cumprimento deve ser garantido em todas as regiões do país, com a ampliação da estrutura de fiscalização; b) instituição de mecanismos para assegurar que os meios de comunicação realizem programação de qualidade voltada para o público infantil e infanto-juvenil, em âmbito nacional e local; c) aprovação de regras específicas sobre o trabalho de crianças e adolescentes em produções midiáticas; d) proibição da publicidade dirigida a crianças de até 12 anos. Todas essas medidas devem ter como referência o previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Código de Defesa do Consumidor e em convenções internacionais relativas ao tema.
 

16. Estabelecimento de normas e códigos que objetivem a diversidade de pontos de vista e o tratamento equilibrado do conteúdo jornalístico

O conteúdo informativo de caráter jornalístico nos meios sob concessão pública deve estar sujeito a princípios que garantam o equilíbrio no tratamento das notícias e a diversidade de ideias e pontos de vista, de forma a promover a liberdade de expressão e ampliar as fontes de informação. Esses princípios são fundamentais para garantir a democracia na comunicação, mas precisam ser detalhadamente estabelecidos em lei para não se tornar um manto de censura ou ingerência, nem restringir o essencial papel dos meios de comunicação de fiscalização do poder.
 

17. Regulamentação da publicidade

Deve ser mantido o atual limite de 25% do tempo diário dedicado à publicidade e proibidos os programas de televendas ou infomerciais nos canais abertos. Como previsto na Constituição Federal, a publicidade de tabaco, bebidas alcoólicas (incluindo a cerveja), agrotóxicos, medicamentos e terapias deverá estar sujeita a normas especiais e restrições legais, principalmente nos horários de programação livre. Deve-se também restringir a publicidade de alimentos não-saudáveis, com a definição de horários inadequados à veiculação e a divulgação dos danos desses produtos à saúde. Promoções, competições e votações devem ser regulamentadas de forma a garantir total transparência e garantia dos direitos dos consumidores.
 

18. Definição de critérios legais e de mecanismos de transparência para a publicidade oficial

Devem ser definidos critérios isonômicos que evitem uma relação de pressão dos governos sobre os veículos de comunicação ou destes sobre os governos. Os critérios para a distribuição dos recursos devem ter como princípio a transparência das ações governamentais e a prestação de informações ao cidadão e levar em conta a eficácia do investimento em relação à visibilidade, à promoção da diversidade informativa e à indução da desconcentração dos mercados de comunicação. A distribuição das verbas governamentais deve ser transparente, com mecanismos de acompanhamento por parte da sociedade do volume de recursos aplicados e dos destinatários destes recursos, e deve levar em conta os três sistemas de comunicação – público, privado e estatal.
 

19. Leitura e prática críticas para a mídia

A leitura e a prática críticas da mídia devem ser estimuladas por meio das seguintes medidas: a) inclusão do tema nos parâmetros curriculares do ensino fundamental e médio; b) incentivo a espaços públicos e instituições que discutam, produzam e sistematizem conteúdo sobre a educação para a mídia; c) estímulo à distribuição de produções audiovisuais brasileiras para as escolas e emissoras públicas; d) incentivo a que os próprios meios de comunicação tenham observatórios e espaços de discussão e crítica da mídia, como ouvidorias/ombudsmen e programas temáticos.
 

20. Acessibilidade comunicacional

O novo marco regulatório deve aprimorar mecanismos legais já existentes com o objetivo de garantir a acessibilidade ampla e garantir, na programação audiovisual, os recursos de audiodescrição, legenda oculta (closed caption), interpretação em LIBRAS e áudio navegação. Esses recursos devem ser garantidos também no guia de programação (EPG), aplicativos interativos, e receptores móveis e portáteis. Documentos e materiais de consultas públicas e audiências públicas devem ser disponibilizados em formatos acessíveis para garantir igualdade de acesso às informações e igualdade de oportunidade de participação de pessoas com deficiência sensorial e intelectual. Deve-se ainda garantir a acessibilidade em portais, sítios, redes sociais e conteúdos disponíveis na internet, com especial atenção aos portais e sítios governamentais e publicações oficiais.
 

Observações

Essas diretrizes contemplam os temas cuja nova regulamentação é premente. Há ainda outros temas ligados ao setor das comunicações ou com incidência sobre ele que devem ser tratados por mecanismos específicos, como a reforma da Lei de Direitos Autorais, o Marco Civil da Internet e a definição de uma Lei de Imprensa democrática, que contemple temas como o direito de resposta e a caracterização dos ilícitos de opinião (injúria, calúnia e difamação), sempre com base nos princípios e objetivos citados neste documento.