sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Distraido

Tive necessidade de cópias autenticadas para envio ao meu contador.
No meio do caminho me dei conta que tais documentos estavam em casa, os esquecera simplesmente. Respirei fundo e fiz meia volta.
Peguei os documentos e tudo transcorreu normalmente.
No meio da tarde quando narrava o fato ao pintor no café das quinze horas me recordei de D. Adélia.
D. Adélia era uma dessas pessoas boas, querida pela vizinhança toda. Contam seus familiares que um pedaço de pano não passava despercebido de D. Adélia. Mede que mede, molde por cima e lá saia uma blusinha. Mede que mede, molode por cima e lá saía um shortinho.
Contam que muitas vezes ao findar alguma peça, D. Adélia a levantava no ar se perguntando:
_ Qual o corpinho que esta camisinha vai abrigar? - e o sorriso era largo.
Como todos nós D. Adélia tinha uma característica marcante: seu desligamento.
Correu na vizinhança que certa manhã D. Adélia já havia pego a carteira para ir ao açougue ao que suas filhas pedem:
_ Aproveite e deixe fora o lixo que logo  o lixeiro deve passar.
Assim foi feito.
Na porta do açougue o açougueiro, um desses homens gorduchos e de bom humor invariavelmente pergunta:
_ Tudo bem D. Adélia?
_ Sim, graças a Deus tudo bem. - respondeu ela bem humorada.
_ Mas então me diga o que faz a senhora com essa lata de lixo nas mãos? Aonde vai levá-la.
O riso foi geral entre todos os que partilharam a cena.
Sei dizer que D. Adélia voltou para casa com a carne que era seu objetivo maior, com uma lata de lixo a ser colocada em seu devido lugar, e um tanto quanto envergonhada.
Mas quem de nós um momento ou outro não tem lá seu momento de desligamento, desatenção?
Fale: pcfernandes1951@bol.com.br
Fernandes, Paulo Cesar (Keine Grenze

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