sábado, 30 de novembro de 2013

20131128 Abdico

Abdico
 

Somos todos humanos com medo dos humanos.


Quem teme assombração hoje em dia?


Quem sequer pensa em almas penadas ou espíritos?


Nada disso. tememos é os humanos. Nossos inimigos mais ferinos e mais ferozes são os chamados humanos.


Abra os jornais. Assista aos noticiários. Eu te pergunto:

_ Onde anda a velha humanidade?


Se pensares bem, no mesmo lugar e na mesma forma de sempre.


Mudaram as paixões?


Se desfizeram no ar as tramas amorosas, os ciúmes e os crimes?


Num relance histórico veremos a continuidade da essência complexa e competitiva do humano: traições; mortes; paixões arrebatadoras; ligações interpessoais baseadas em interesses; falsidade; luta pelo poder com uso da violência física e psicológica; etc.


Se isso é o humano eu abdico.


Abdico de bom grado de minha condição de humano.


Me basta a condição de animal.


Animal pensante, mas animal.


Quem sabe se, recuperando nossa condição de animalidade, possamos nos despojar da primitividade característica dos chamados humanos.



Paulo Cesar Fernandes

28/11/2013

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

20131114 Ela e a cidade

Ela e a cidade


Santos, uma cidade.
A minha cidade.




Igual a tantas outras, mas tão diferente ao meu olhar.
Tão singular no seu modo de ser, na sua maneira de se transpor diferente a cada fim de semana.
Cada feriado prolongado.




Abre seus braços serena, a acolher a todos, como se seus filhos fossem. Não faz distinções.
É um regaço materno a filhos e turistas, sem distinções oferta suas belezas e seus recantos tantos ao prazer e ao amor.




Terra minha, meu pedaço de paz.
Santos és muito mais.




Mas há um problema.
Santos não cobre o espaço vazio das noites de inverno, a ausência da maciez feminina em seu natural perfume.




Mas assim é e assim deve ser. Construção pessoal e decisão.
Cada pensamento e cada ato acordado com o mais profundo de mim: a capacidade de decidir.




E decidi pela mais plena e total Liberdade.



Paulo Cesar Fernandes

14  11  2013

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

20131106 Teatro da vida

Teatro da vida



Um homem vive sua utopia para seu povo. Seu povo nem o percebe, nem o reconhece, dele nada sabe. Mas a vida de um homem é voltada para seu povo.


Sem cargo. Sem evidência. Holofotes ou destaque.


Este vive e se alimenta na e da utopia. É movido por essa utopia.


E por ser utopia esta é viável, passível de realização.


Tu, eu, ou qualquer outro, somos a utopia transposta para a carne; utopias perambulantes e vivas, capazes de dizer o sonho e saltar dele à realidade, e dentro da realidade construir novos sonhos transformadores.


Há uma dialética na vida.


E a dialética da vida é esse jogo entre o sonho utópico e a realidade sempre sonhada.


Antevista e realizada na práxis revolucionária de uma outra postura cotidiana.


Tendo apenas a própria individualidade como parâmetro.


Um transitar diferenciado no palco da existência.


Deixando marcas pelos caminhos, pensando sempre nas gerações vindouras.


Paulo Cesar Fernandes

06  11  2013

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Nota:

Texto dedicado a Flávio Rangel, diretor e revolucionário da linguagem teatral do Brasil. Junto com Gianfrancesco Guarnieri foram capazes de abandonar a antiga forma européia de fazer teatro e, na temática e na forma de a expor criar um Teatro do Brasil.


A Cultura Brasileira se ressente da ausência e da efervescência desses dois operários da arte.

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Fonte: Wikipedia

Flávio Nogueira Rangel

(Tabapuã, 6 de agosto de 1934 – São Paulo, 25 de outubro de 1988) foi um diretor teatral, cenógrafo, jornalista e tradutor brasileiro.


Biografia

Sua trajetória no teatro brasileiro começou sob influência de Nelson Rodrigues quando um amigo o levou para assistir o espetáculo "A Falecida". A partir desse dia, Rangel chegou à conclusão que sua vocação estava mesmo no teatro.


Sua grande oportunidade chegou em 1958 no Teatro Cultura Artística, quando dirigiu "Juventude sem dono" com um grande elenco encabeçado por Milton Moraes. O passo seguinte foi dirigir "Gimba", espetáculo escrito por Gianfrancesco Guarnieri, em 1959 e que chegou a representar o Brasil em festivais no exterior. Flávio perdeu o prêmio de melhor diretor para Bertolt Brecht (in memoriam) por 18 votos a 17.


De volta ao Brasil, foi contratado por Franco Zampari para dirigir o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), a mais prestigiosa das companhias de teatro brasileiras.

Até então, o TBC fora dirigido apenas por estrangeiros, como Ruggero Jacobi, Flaminio Bollini Cerri, Adolfo Celi e Maurice Vaneau. Flavio foi o primeiro brasileiro a comandá-lo.

Na seqüência de "Gimba", e em sintonia com sua geração, que buscava construir uma dramaturgia brasileira, sua primeira montagem no TBC foi "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes.

Foi para o Rio de Janeiro no início da década de 1960 e começou uma carreira vitoriosa como diretor independente.

Dedicou 30 anos ao teatro brasileiro e assinou ainda montagens importantíssimas como "Liberdade, Liberdade", "A Escada", "A Revolução dos Beatos", "Édipo Rei", "A Capital Federal", "Esperando Godot" e "Piaf".

Outras peças que dirigiu:
Édipo Rei, de Sófocles, com Paulo Autran
A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, uma vez com Dionisio Azevedo, outra com Paulo Autran
Amadeus, de Peter Shaffer, com Raul Cortez
Vargas, de Dias Gomes e Ferreira Gullar, com Paulo Gracindo
O Que o Mordomo Viu, de Joe Orton, com Sérgio Viotti
Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, com Antonio Fagundes


No total, dirigiu mais de 80 espetáculos entre peças de teatro, shows musicais (incluindo "Faz Escuro mas Eu Canto", com Thiago de Mello e Sérgio Ricardo; "Raíces de America", com o grupo de mesmo nome; e recitais das cantoras Simone e Nara Leão), desfiles de carnaval (Vila Isabel, em 1976 e 1977) e até desfiles de moda.

Casado com a atriz Ariclê Perez, e pai de um filho, Ricardo, do primeiro casamento, com Maria Dulce Pedreira, Flavio Rangel morreu aos 54 anos vítima de câncer no pulmão.

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Meu respeito a quem tanto fez pelo Brasil.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

20131104 Dario Sztajnszrajber Contracapa

Dario Sztajnszrajber
 
"Para que serve a filosofia?  
Pequeno tratado sobre a demolição"
 
 
 


Compartilho a contracapa (postada pelo autor no FB) do livro "Para que serve a filosofia?" de Dario Sztajnszrajber.

A pergunta que dá título ao livro é a primeira que se abre ao longo de suas páginas.

Quem disse que deveria servir para alguma coisa?

Se buscamos uma primeira resposta na definição da palavra filosofia como amor ao saber, antes devemos também escolher entre duas alternativas:


Trata-se de buscar o saber e se alegrar quando acreditamos o haver encontrado? ou

Aceitar que não vamos encontrar o que vimos buscando?


A história da filosofia ocidental está baseada num pensamento calcado em oposições: o bem e o mal; o verdadeiro e o falso; o ser e o nada; o útil e o inútil.


Segundo esta lógica a filosofia seria algo inútil, para nada serviria.


Porém, e se, como propuseram os filósofos contemporâneos, fosse possível sair dessa dicotomia?


É nessa brecha que se encontra Darío Sztajnszrajber para demonstrar que a filosofia não é senão uma maneira de pensar.


Dos pré-socráticos a Derrida, e de Platão a Heidegger, o autor segue o caminho de nossa crise ao perceber que talvez as coisas não sejam da forma que acreditávamos.


Contra o método e qualquer tipo de sistema, e no afã de devolver à filosofia seu sentido original, "Para que serve a filosofia?   Pequeno tratado sobre a demolição", o primeiro livro de Dario Sztajnszrajber caminha através da história da filosofia demolindo ideias, hotéis e nossa própria vida, na busca de uma resposta que talvez nem exista.



Nota: Este livro está sendo lançado na Argentina. Seu autor é um filósofo, professor da UBA (Universidade de Buenos Aires), cuja série por ele coordenada "Mentira la verdad" teve grande sucesso mundial. Sendo cotada para premiação na Inglaterra. Sua emissão se deu através da TV estatal argentina  "Canal Encuentro" (www.encuentro.gov.ar).

Tendo por temas:

Mentira la verdad   (Temporada 1

01 La filosofía
02 El orden
03 Dios
04 Lo humano
05 Modernidad
06 Lo real
07 La amistad
08 La belleza
09 La identidad
10 La felicidad
11 La Historia
12 El amor
13 La muerte

***
Mentira la verdad   (Temporada 2

01 La filosofia
02 La verdad
03 La comunidad
04 El Poder   (1 de 2
05 El Poder   (2 de 2
06 El Perdon
07 El Conocimiento   (1 de 2
08 El Conocimiento   (2 de 2
09 El Lenguaje   (Sicario Infernal
10 El Alma   (1 de 2
11 El Alma   (2 de 2
12 El Tiempo
13 El Bien



Minha sugestão é que busquem ver todos os episódios.


Paulo Cesar Fernandes

04 11 2013

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

20131102 Peripatético

20131102 Peripatético


Tema: Casamento/Relação.


Parabéns pelo programa, 30 minutos é pouco. Talvez pouco.


PC: Viver em casas separadas é tudo. Tem vínculo e sem rotina. Juntou danou. Mulher quer organizar tudo, mandar em tudo. Danou.
Uma, nem chegou a firmar relação. Passou uma tarde comigo e no mesmo dia, de Sampa já queria ordenar minha vida.


"Todo mundo que mandar/regrar o mundo." (Patti Smith
Mas a mulher é Master Degree nisto.



Traição?

Acontece. Fora do projeto mas acontece. Quando menos se espera, não dá mais, a situação está dads.Só tem um caminho: desfrutar com todo carinho e respeito. Desse jeito é meio raro, mas existe.


Casamento e felicidade.

Tem nada a ver. Colocar Felicidade em algo fora de si é parada indigesta. Chega nunca nela. Olha o mundo de sonhadores e infelizes. Nesse caso a felicidade é a cenoura lá na frente do cavalo e ele sempre atrás dela.


Solidão é ruim pacas, mas não é culpada da infelicidade de ninguém. Solidão é o medo de amar, depois de umas pancadas da vida.

Aristóteles: "Estamos na vida para aprender a viver." e isso passa por relativizar tudo. Descartar puerilidades.


Não sou culto, por isso acho legal uma mulher que venha me ampliar horizontes. Por em cheque minhas velhas ideias. Vem bem apesar dos meus 62 anos,. Tem que chegar para partilhar coisas, descobertas, os dois voltarem a ser meninos, e arregalar os olhos a cada novidade. Mesmo que seja o mesmo sorvete de maracujá de sempre. A Praça da Independência tá diferente. As pessoas, o
vento, tudo pode mudar...


Na vida como no teatro, cada dia é um dia, e uma apresentação diferente. A mudança
define nosso tempo.


Depóis de carta idade temos o direito de não "ter que" mais nada. Finito.


Pondé: Só quem é simples pode amar.

Sim. Se simpicidade for um despojar-se de tudo, e viver uma vida autêntiva nas trilhas de Heidegger. Não precisa a casa na Floresta Negra, mas um recanto qualquer de acolhimento, meditação, estar em paz. Sem religião, essa chaga, mas com um voltar-se para algo. Sair de si. Voltar-se para a parelha mas sem se escravizar. Respirar sempre.


Esse negócio do "Só vou se voce for" é legal na música, e basta. Tá. Primeira semana tudo bem. Depois....


Falando dos "Tempos Líquidos":

"As ligações são tênues na modernidade líquida." (Bauman) Precisamos estar abertos para tudo que é novo. E o genial de Bauman em "Amor líquido" (e demais obras) é que não estabelece juízo de valor. Se limita a fotografar o seu/nosso tempo. O leitor que se vire para tirar suas conclusões.


O que separa o casal?

1. Diferenças de valores;

2. Distância cultural muito grande. Provoca a humilhação de um dos componentes. Isso é insuportável;

3. Grana não é determinante, mas projeto de vida, cumplicidade é vital.


Uma mulher, viúva a dois anos, tendo estado casada por 50 anos com o mesmo companheiro diz: "Casamento é a somatória das concessões diárias de ambas as partes.". Sabedoria.


Lição de vida difícil de seguir em tempos de intransigência e quando tudo nos foge das mãos.


Penso que vivemos hoje numa praia de muito vento, na frustrante tentativa de manter os finos grãos de areia nas nossas mãos. Impossível. Mas a praia segue sendo bonita...


Paulo Cesar - Vila Belmiro - Santos - SP.

02 11 2013


P.S.; Anotações soltas ao longo do programa. Ideias, links, reflexões, nunca tomem por verdades. Não as tenho.