terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Não mais que de repente

Pois é. Preparava eu, ainda agora, antes de escrever "Pois é" um material para umas aulas de inglês, e de repente.
Não mais que de repente.
Me deparo com uma letra de musica, música esta que não me lembro ter ouvido, mas um poema.
Algo da obra do Eric Clapton que chamo de velhão. Sim, velhão, pois ambos fomos envelhecendo pela vida afora, e hoje, quando escrevo, ambos ainda vivos..
Ele, sem saber da minha existência (tal qual muitos dos politicos, que cheguei a votar quando votava).
Mas eu sei da existência dele. Eu e toda a turminha da Rua Pasteur, onde vivi minha adolescência. Tenho a certeza que cada um daqueles jovens ganharam o tempo, as cinzas nos cabelos; mas, por sob os cabelos, seguiram presentes as notas musicas.
Os sentimentos sonoros se nos agregam à alma, e nada há que os faça dali sair. É algo como a existência, uma sina que jamais, eu disse jamais, nos apartaremos. Mesmo os pobres suicidas seguem existindo.
Os meninos da Pasteur? Não mais nos encontramos. No Sinal Fechado da vida de cada um, tal qual a música do Paulinho da Viola.
Mas estou certo que o Jorge, dedica lá uma fatia de seu tempo para algum concerto de Rock.
Mazinho deve tocar para a família, e mais, a criançada não ia perder a oportunidade de conviver com o avô: Professor Manzione. Homem com a música nas entranhas.
Osias, Frank; Cabeto; e o Zé, que bem cantava o Milton Nascimento.
Numa guia da calçada, um violão, uma roda, e canções noite adentro. Isto enquanto a rua não se aquietava e nos vissemos obrigados a sair para o Gonzaga; o sempre agitado Gonzaga, de onde jamais retirarei minhas raízes.
Então... A Letra do Eric é essa aí que se segue.
Pausa para ela. Depois conversamos:
INNOCENT TIMES by Eric Clapton and Marcy Levy
 
I was a child born so free;
It seems that time has put age on me.
And when I grow old, will I once again find
All of those sweet, innocent times?
I was a child born without fear;
It seems that time has placed me here.
With no freedom to laugh, there's more reason to cry.
I really miss those innocent times.
I used to feel joy in my soul,
But now my sorrow has taken control.
As I look around I pray, Lord be kind;
Just one more taste of those innocent times.
As I look around I pray, Lord be kind;
Just one more taste of those innocent times,
Just one more taste of those innocent times.

E eu de volta me pergunto: Quem de nós já não sentiu um certo sentimento de saudades dos tempos de inocência?
Não só a inocência da infância. Mas a outra inocência, a inocência maior, do desconhecimento das mazelas do mundo.
Aquela crença dos tolos, para quem está sempre tudo bem, para quem está sempre tudo certo.
Pois é. A árvore do conhecimento tem amargos frutos.
A lenda de Adão e Eva tem profunda verdade a ela vinculada.
A maçã não é uma maçã, pois o fruto saboroso do conhecimento, traz consigo a percepção do que está por detrás de pensamentos e atos. Das palavras doces e falsas.
A música "Agnus Dei" do João Bosco nos dá a clara medida da faca que se esconde por detrás das vestes religiosas. Das vestes institucionais.
E então sentimos saudades do passado; dos tempos da infância; sentimos uma certa angústia, pelo apartamento da natureza, tal qual nos ensina Erich Fromm; e por aí vai...
Mas tem uma coisa muito importante: EXISTIR é inevitável, não mais podemos inexistir; não nos é dada esta opção.
E agora Jose? Como ficamos?
Ficamos com a existência nas mãos, com o tempo ao nosso redor, e toda uma imensa trajetória pela frente.
E este futuro, próximo ou remoto, infeliz ou luminoso, será sempre a consequencia natural da nossa coragem de viver.
Estou certo disso.
Fernandes, Paulo Cesar (Keine Grenze

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