sábado, 29 de novembro de 2014

20141129 Apenas um caso

Gota D'água   (Chico Buarque

Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia

Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa

Por favor



Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água



Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor



Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água



Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água

===



Num documentário sobre a vida de Flávio Rangel, esse ícone do teatro brasileiro. Se não me engano foi Paulo Autran quem contou.

Certa noite, o câncer na garganta já ia em fase avançada, alguns
amigos chegaram à casa de Flávio na hora de seu banho, tendo que
aguardar sua chegada da parte superior da casa.

Na descida, num ato teatral de muito bom humor sai cantando este trecho da canção:

 
"Olha a voz que me resta
 Olha a veia que salta
 Olha a gota que falta
 Pro desfecho da festa"


Possa eu, diante das desditas futuras ter a mesma atitude perante a
Vida.

A coragem, nos momentos cruciais, pode ser um exemplo para todos os que ficam atrás de nós.


Paulo Cesar Fernandes

29/11/2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

20140120 Veredas existenciais


Dor. Pois damos demasiada importância a nós mesmos, a nossas infantis ilusões, às coisas buscadas: quer materiais ou sentimentais; porém sempre idealizadas e, infelizmente colocadas distantes de nossa essência.


Aliás, nesse processo não temos essência, somos somente uma busca perambulando por las calles, e jamais encontramos o real caminho de nossa interioridade, quem realmente somos, ou queremos ser.


Vagamos, não vivemos.


Somos corpos se deslocando sobre as sombras, e tendo atadas aos pés as correntes pesadas das ilusões trazidas da família, da escola, dos amigos e colegas. Todas aceitas por nós sem a menor reflexão racional.


Somos espectros. Alguns por toda a vida. Outros rompem o processo. Dão às costas à sociedade e às opiniões exteriores às próprias reflexões.


Alguns fatos de destacam nesse corte radical:

1. a solidão, para alguns assustadora;

2. a libertação para viver e voar; quer simbolicamente, quer nas asas de um planador qualquer;

3. morre o Ente de nosso passado, e assim passamos à categoria de SER. Com novas posições e posturas, novos perigos a enfrentar, e desafios a vencer.


Porém, mais que nunca, seremos um devir ambulante, capaz de traçar seus roteiros e encena-los; ou por eles enveredar com todas as suas marchas e contramarchas.


Tidos por loucos, seremos a coragem a se deslocar por todos os espaços. Dentro e sobre nossos mais profundos anseios. Rompendo nossas limitantes.


E finalmente, talvez possamos ser uma inspiração aos espíritos sagazes, capazes de sair em busca do novo para suas existências.


Que assim possa ser!


Paulo Cesar Fernandes

20 01 2014

P.S.: Texto dedicado a João Guimarães Rosa, um mestre perene em minha vida.

20141123 Vamos indo

No lento caminhar para meus 64 anos lembro de "When I'm 64" dos Beatles. Lá na juventude tudo isso me parecia tão longe, algo
quase inimaginável. Mas aqui estamos. Ou quase lá.



E a cada passo uma dúvida me assalta: se o transeunte vindo em minha direção vai tirar a minha vida, ou se saio ileso de mais
este encontro.


Viver é sempre na corda bamba, neste Brasil atual. São mais de 51.000 assassinatos ao ano. Nos sete anos da Maldita Ditadura
Militar Argentina foram 30.000 mortos e desaparecidos. O Brasil mata mais a cada ano que aquela horrenda Ditadura Militar. É
um horror o que se passa no Brasil. É desumano.


A dúvida me segue a cada passo.


Dúvida de minha vida; dúvida de minha cidade; dúvida de meu país.


Tantas certezas na juventude e hoje isto. Jung a chama de Idade dos Contrários. Vazio de certezas, sou niilista.


Sem certezas, mas pleno de sonhos: o que se apresenta no Brasil e no mundo cairá pela força mesma das coisas. A força natural
do destino das nações.



O vento, na Carvalho de Mendonça bate em meu rosto. Renova meus pensamentos. Abre sulcos para novos sonhos, e neles me pauto para grandes voos, singrar os ares da imaginação e da criatividade.


Afinal sigo sendo uma Revolução, apesar dos meus 64 anos. Trago comigo um tempo fortemente vivido. A ousadia em alta em cada
etapa.


Não vou me render agora! Avante sigo!

Há muito por que lutar, tirar o Estado do seu lugar de conforto.


Não restará pedra sobre pedra, se formos todos um TSUNAMI.


Paulo Cesar Fernandes

23/11/2014


domingo, 23 de novembro de 2014

20141123 Ocaso

Ocaso
Visões obscuras da vida nos apresentam imagens assim.
Nunca uma manhã de sol.
Embora Santos seja bonita em qualquer circunstância.
===***===



A barba bem feita, um banho revigorante, um cafezinho bom, bem bom, dividindo a tarde.


Os potes de ração da Emma, já aqui na parte superior da casa: o da "janta" e o do dejejum de amanhã.


Agora posso ligar o micro e nele ficar por um tempinho.


Afinal, o ocaso da vida não é ruim como o pintam.


Verdade que não estou no ocaso do ocaso; isso não, mas já não posso me sentir um "homem de meia idade". Não conheço ninguém no meu bairro e nem nesta minha cidade de Santos com 126 anos de idade.


Mas o tempo é bom, me permite brincar comigo mesmo, como agora. E me agastar cada vez menos com as coisas sem
importância.


Estar no ocaso da vida tem lá seus aspectos positivos. Vemos as tardes com mais clareza, achamos o sol da manhã sempre com uma cor mais intensa, e não por erro de visão, um bom oculista eu tenho, mas por ter o peito aberto a ver o belo, sempre presente e, vivendo pautado pelo processo de produção, de intenso trabalho, de competitividade, de mau humor; por tudo isso eu nunca fui capaz de ver. Mas o belo da vida sempre esteve ao meu lado. Sempre mesmo.


Vez por outra eu saia do corpo, nos momentos de "retiros espirituais" quando a poesia brotava, lavando a alma.


A poesia nasce apenas nos estados alterados de consciência. Poetar é ausentar-se de si mesmo em direção a um outro universo. O universo das palavras, transfeito em versos.


É doce o ocaso da vida, é doce.


Paulo Cesar Fernandes

23/11/2014

sábado, 22 de novembro de 2014

20141122 Muita água

Muita água


muita água

muita agua
 
 
mu_ta agua

mu__a agua
 
 
mu___ agua
mu___ agu_
 
m____ agu_
 
_____ agu_
_____ ag__
 
_____ a___
 
_____ ____

 
Terra. Planeta água.
Onde?

Paulo Cesar Fernandes
 
22/11/2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014

20141118 Teatro e vida

Me ajudam a divulgar este livro? 

Meu primeiro livro após os 60 anos. 

Após a aposentadoria. 

Escrever é uma forma de me manter vivo. 


Consta da Livraria Cultura também. 

Kobo é parceira da LivCultura. 

Saúde e Paz. 

PC

http://store.kobobooks.com/pt-BR/ebook/teatro-e-vida-na-cidade-de-sao-paulo#readThisOn

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

20141118 Cartomante

As cartas estão dadas: que venha o Núcleo Político.



A arte sempre retomando novas significações nos diversos momentos históricos.

O "Eternauta" de Oesterheld, roteirista argentino de histórias em quadrinhos infantis (HQ), teve seu trabalho redimensionado e resignificado no período de 1976-1983, o período mais sanguinário pelo qual passou esse país irmão. Os flocos mortais caídos do céu sobra Buenos Aires e sobre a nação argentina passaram a ser as balas assassinas dizimando a população militante; num montante de 30.000 mortos e desaparecidos.

Olhemos o Brasil. 51.000 mortes por ano. Vivemos ou não uma Ditadura. Imputo ao Estado Brasileiro estas mortes pela sua incúria e incompetência tantas vezes por mim alardeada.

Ivan Lins e Vitor Martins escrevem uma pérola para a Ditadura Militar que se implantou em 1964, e milagrosamente essa música ganha nova significação, nos atuais tempos brasileiros.

Tempos felizes, de vitória, aos que supostamente comporiam as "esquerdas" de gente séria, de um partido que propunha o socialismo. De um partido que foi o baluarte da ética. E tudo não passou de uma grande farsa. Farsantes com práticas nazistas no confronto político com os adversários. Pois desconstruir é matar possibilidades dos adversários, com mentiras e terrorismo mais 
vil. Práticas nazistas. Microfones aterrorizando as populações mais carentes. Nazistas. Usando os Correiros como aparelhos de campanha eleitoral. Nazistas.

Venceram o pleito eleitoral, mas são os grandes derrotados. Pois, como no futebol, toda vitória obtida com a compra do juiz é uma 
vitória indigna. Uma derrota na verdade. De gente indigna. De gente vil. Uma gente que pagará o mais pesado tributo: o peso da 
consciência. Se é que esse tipo de gente chega a ter isso. Sou descrente dos fascistas. E de todos os ditadores de direita ou de esquerda. 

O socialismo, para ser socialismo verdadeiro deve ser plural e democrático, fora disso é fascismo.

Vejamos a letra que tem a cor vermelha, a cor do sangue de muitos que se foram nos porões da repressão:


Cartomante 

Ivan Lins



Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos


Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida


Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço


Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias


Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai, não fica nada.


===

Vejamos o video com o texto em castelhano:

https://www.youtube.com/watch?v=RZpf-8qEjSI

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Cai a máscara dos crápulas para meu deleite.

Ladrão é ladrão.

Canalha é canalha.

Quadrilha é quadrilha.

Mesmo com o STF emporcalhado e asqueroso que hoje temos, eu 
ainda espero uma gota de dignidade do Judiciário.


Exerço o meu direito de análise e expressão de opinião garantido pela Constituição de 1988. 

Digo isto pois sei com quem lido. A pior espécie de ser. E seus asseclas, os seus eleitores.


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Paulo Cesar Fernandes 

18/11/2014

sábado, 15 de novembro de 2014

20141115 Uma peça de teatro

Cari Amici,

Vi scrivo per segnalarvi una simpatica commedia brillante dal tema attuale realizzata da "La Compagnia Teatro delle Follie" che affida la regia a Fabio Avaro (protagonista del film "Ti sposo ma non troppo").


La commedia è interpretata da Vicky Catalano e Fabio Avaro da una parte e Valeria Sgaramella e Francesco Stella dall'altra.


Lo spettacolo debutta a Roma martedì 11 e sarà presente da giorno 11 novembre a giorno 15 novembre alle ore 21.00, e giorno domenica 16 novembre ore 18.00 sempre presso il teatro Sala Uno, Piazza di Porta San Giovanni 10, in una splendida cornice, accanto alla Scala Santa.

Spero di aver fatto cosa gradita.

Buona partecipazione.

Marco Siclari

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O.G.M.   (Organismi Geneticamente Modificati
Di Enzo Ferrara


Sinossi


Due coppie si incontrano nella sala d’attesa di un fantomatico medico inventore di un nuovo straordinario ritrovato scientifico: si può modificare la struttura genetica del feto.


Quindi da oggi le mamme ed i papà potranno decidere come e soprattutto cosa diventerà il proprio figlio, prima ancora che il nascituro venga al mondo.


Le nostre due coppie saranno prese da mille ansie, ed ogni coppia avrà le sue di ansie ben diverse da quelle dell’altra “fortunata” (chi lo sa?) coppia.


La commedia, dopo averci presentato i quattro personaggi, in quella fatidica sala d’attesa, una volta che le signore si saranno sottoposte, con i relativi embrioni che portano in grembo, a questo neanche tanto futuristico trattamento genetico, percorreranno i 9 mesi che porteranno le due famiglie al giorno del tanto atteso parto. 


Vivranno però, questo tempo, ed il pubblico con loro, attraverso una serie di imprevisti dovuti appunto al cambiamento genetico dei nascituri e di conseguenza delle due donne che li portano in grembo. 


Un continuo di situazioni comiche ed ironiche fino al finale colpo di scena. 


Ecco perche l’autore sottotitola la commedia O.G.M. Organismi Geneticamente Modificati con un ironico:

"“Commedia in nove mesi e due parti... cesarei"”.


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Um amigo da Itália me encaminhou esta indicativa.

Evidente está que não estarei na apresentação. Mas me sinto na obrigação de transmitir ao público brasileiro o informe.

Afinal, o teatro brasileiro não seria o que hoje é sem as contribuições dos diversos professores aqui presentes no inicio do século passado.

Sem contar a importância de Giorgio Gaber na minha formação, intelectual e ideológica.

Minha gratidão a esse amigo, e a toda contribuição cultural da Itália ao Brasil.


Grazie tante Marco Siclari.


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Paulo Cesar Fernandes

15/11/2014

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

20141104 Trabalho Escravo

Lute contra o Trabalho Escravo no Brasil.

Não compre nenhum produto das empresas e etiquetas abaixo. Griffes manchadas se sangue.

Lute por um Outro Brasil.

M.Officer

Le Lis Blanc

Bo.Bô

GEP   (Emme, Cori e Luigi Bertolli

Gangster Surf

Skate Wear

Hippychick Moda Infantil   (Lojas Americanas  seu ponto de venda

Basic+ Kids   (Lojas Americanas  seu ponto de venda

Talita Kume

Zara

Collins

775

Marisa


Fonte:
http://www.epochtimes.com.br/compras-natal-marcas-utilizam-trabalho-escravo-brasil/#.VFhSrbktC1s

20141104 Clapton me disse de mim

Na minha infância um senhor de minha rua tinha s peles do rosto algo caídas, lhe davam a face de um buldogue. Me olho no espelho e vejo que o tempo vai fazendo entalhes de certas características em nossa face.


Acabo de ver, no CanalBis a face atual de meu ídolo Eric Clapton.


Os dedos e os rifs de guitarra seguem na maestria de sempre.


Mas a face, ai esta o tempo não perdoa. Me lembra em tudo e por tudo o senhor de minha rua de infância. Tanto a um como a outro meu carinho e respeito segue sendo o mesmo.


Até porque tenho espelho em casa e não há colágeno capaz de "desentalhar" as marcas do tempo das quais eu tanto me honro.


Cada ruga, cada marca é fruto de um embate por causas de munha mais profunda crença. Por nada lutei visando cargos ou posições, sempre me pautando em ideias, em sonhos e nunca em ilusões.


Velho? Creio que não. Quem luta a vida inteira, o bom combate e com sinceridade de propósitos jamais será um velho. Mesmo quando o corpo, alquebrado pelo tempo e pelas batalhas, me dificulte os desalocamentos; mesmo quando a memória já contenha histos marcantes.


Enquanto houver em mim uma gota de força para lutar pela Arte, pela Liberdade universal e pela Justiça eu me sentirei o mais rico dos homens. Pois seguirei planando nas asas dos sonhos mais caros, presentes em mim desde a mais tenra idade. Afinal...


Eu nasci Socialista.


Eu nasci poeta.


Eu nasci Literato.


Eu nasci de uma família: honrados antepassados.


Os venero como se fossem Mapuches; Quechuas ou Aymaras.


Povos capazes de transmitir por séculos as suas mais fortes tradições.


Assim são os Villamarin da Espanha; bem como assim são os Fernandes Ramalheiro de Portugal.


Nem sempre este rebelde espírito foi compreendido por familiares e conhecidos. Mas me uno a milhares de pensadores solitários e desprezados deste mundo.


Nasci em momento errado? Nasci em país errado? Nasci entre amigos e conhecidos errados?


Eu sei já ter nascido com projetos e jamais os abandonarei. A morte do corpo físico terá efeito nulo em tudo isso.


Minhas ideias valem mais que eu mesmo. Elas me usam para se projetar no mundo: através de poemas; de livros; de canções; de palestras; etc.


Sou muito mais duma massa de carne vagando na Terra destituída de valores.


Sirvo a uma causa maior que esse pequeno "EU" presente.


Meu corpo veio do pó e ao pó voltará. Mas nunca as minhas causas.


Estas reverberarão no tempo e no espaço; queiram os medíocres ou não. Sementes sempre brotam. Passam séculos adormecidas e um dia brotam, precisam apenas das dignas condições ambientais.


Enquanto vigir a torpeza minhas idéias terão pouco espaço; mas um dia eclodirão destroçando as farsas e os farsantes e garantindo o desabrochar do poder abstrato do conhecimento, chamado por mim de Espiritualidade.


Para mim basta.


Paulo Cesar Fernandes

04/11/2014