sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

20160217 Pele e alma cor café

Pele e alma cor café




Meu irmão café
Tu o tens por fora
Mas minh'alma tem a cor
De toda tua pele.


Meu sentir se eleva
Na dor da chibata que te fere.
Do alto se faz Ira
Na jornada da Justiça.
Contra teus algozes
Ponho em risco minha vida.


Somos dois irmãos café.
Um por dentro.
Outro por fora.
Sofrendo na dor de cada dia.
A urgência da real libertação.


Negros somos no mundo.
Negras almas tingidas de ódio.
Pelo sangue dos nossos irmãos mais fracos.
Tu e eu irmão café.
Temos tarefa nas mãos.
Promover Revolução.
Neurônios em nova função.
Eivada de amor.
Horizontalidade.


Levanta a cabeça irmão meu!
Somos todos um só.


Somos sorriso, somos voz.
No samba feito por nós.
No canto arrasador.
Quando fala de algo:
A força toda do Amor.


De amor somos feitos.
Meu irmão de negra pele.
Somos mais iguais.
Que sonha a ignorância pelaí.


No mundo, comandante.
Da Ira faremos força.
Para construir a Paz.
Dentro da tardia Justiça.


É prá ti irmão café.
O compromisso, minha fé.
Na Libertação!
Tardia. Mas veraz e final.


Paulo Cesar Fernandes.

17/02/2016.


P.S.: Nascido de uma foto de Araquém Alcântara.
         Trabalhador do Cais de Santos.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

20160206 Opostos

Opostos


A morte e a vida.
São contingências do aqui estar.
Muitos não chegaram a tanto.
No meio da jornada uma bala.
Overdose ou desistência fatal.
Pararam o processo.


E a perda é sempre geral.
De todos nós.
Pois nada sabemos.
Dos planos ocultos.
Em cada pensar vigentes.
Ou não! Um só vazio.


Sem planos, sem sonhos não há vida.
Esta se manifesta no projetar, no se lançar.
Tirar de si algum futuro.
Um algo a realizar.
Batalhas a travar.


Ganhar ou perder não importa.
No lutar está o Viver.


Quem não sonha morto está.
Massa de carne a se deslocar.
Um vazio incomensurável.
Respira, come e defeca.
E o olhar opaco.
Simboliza o Thanatos.
Habitando o interior.


Joga tudo fora.
Arrebanha sonhos e projetos.
Banha teus dias de algo.
O Nada leva a lugar nenhum.


Vê a vida ao teu redor.
A ave, o cão, o rato.
Girassóis e colibris.
Admira o maracujá como age.
Se faz diferente a cada dia.
Maior e mais forte.
Na busca do novo lugar.
Para ser capaz de gerar frutos.


Paulo Cesar Fernandes.

06/02/2016



20160205 Certezas e verdades

Certezas e verdades


Certezas me mortificam, são vãs.


A dúvida. Um eterno ponto de interrogação a saltar de um ombro a outro, de um ouvido a outro, como Mefistófoles fosse.


Nada me rouba, pelo contrário me fortalece, me empurra, me faz.


É o oscilar da dúvida o melhor de mim no presente momento.


O passado é morto. Houve momento de quebra de grilhões.


Verdades?  Ortodoxia?  Competições?


Tudo vejo como se passada vida fosse. Pois nada é igual após a Tomada de Decisão, da escolha de um caminho firme e seguro e sua construção passo a passo.


Mais interessante me vejo, muito embora distante de tudo e de todos; é o custo; mas não me afeta a solidão. A tenho por doce companheira, e cúmplice de momentos diversos.


Em geral momentos de erros. Nada de grave é verdade, mas algo a me pedir reparo no pensar e no agir.


Bem da verdade poucos. Mas o saltar sobre si me trará a sabedoria.


E quantos saltos de qualidade são necessários? Eu não tenho a conta. Não sei. Mas estou em processo constante de renovação, e nada deve ser igual mesmo no transcurso do tempo.


Apenas o caminho me dirá. E por ele enveredo destemido. Nas buscas diversas.


Pois todos temos muito a apurar das Leis Naturais.


A Natureza segue sendo uma grande incógnita para muitos de nós.


Natureza enquanto leis materiais; e a natureza enquanto Eticidade.


Paulo Cesar Fernandes.

05/02/2016.
 

sábado, 6 de fevereiro de 2016

20160127 Brilho e espanto

Brilho e espanto



Quando brilham os olhos meus?
No momento da chegada de um texto
Seja ele meu, ou através da leitura
E dentro das palavras
Ecoa a sensibilidade
O Humano foi, é e sempre será
A Matriz da mais pura emoção.


Ver Eva Vilma declamar Millor
O Nosso Millor de tantos textos e tanto grafismo.
Sentir embargar a voz da atriz.
E seu coração se fazer no olhar.


Coisas há, incapazes explicar.
Nos cabe sentir, vivenciar.
E permitir o velho brilho.
Se postar no olhar.


Paulo Cesar Fernandes.

27/01/2016.

20160115 Como garoa fosse

Como garoa fosse


Chove a tarde em Santos
Lenta e fina como garoa fosse.
Lentas passam as horas.
E o relógio da parede.
Segue seu calmo tiquetaquear.
Faz ser o tempo.
Lento deslocar.


Simultaneamente.
Na Carvalho de Mendonça.
Tudo corre e atravanca.
No ritmo sempre igual.
De cada sexta-feira.


Vejo o mundo da varanda.
Carros angustiados.
Em pressa oposta.
Ao relógio da parede.


Assim é a coisa.
Cada qual vivendo.
Um tempo só seu.


Paulo Cesar Fernandes.

15/01/2016.

20151228 Filho jovem se vai

Filho jovem se vai


Passava pela TV5 e uma mulher negra lamentava o assassinato de seu filho. Fugi do canal. Nada mais sei do caso. Mas o olhar da mulher se prendeu em minha alma.


Bom ou mau filho?

Correto ou traficante?

Não sei.


Penso em nossos familiares, alguns dos quais carregando traumas de assaltos. 


Voltar para casa no Brasil é sempre uma vitória. Grande alívio.


A força do amor, a convivência mesmo quando alguns conflitos ocorrem, é sempre estruturadora da psique tanto dos pais como dos filhos.


No desenrolar da vida não nos damos conta disso. Mas o vazio da ausência traz o turbilhão dos "Será que..."


As perdas não tem respostas; se postam em nossa jornada e ai de nós se não lidarmos com maturidade com cada uma delas.


Um familiar ausente, na flor da idade; ou ainda pior, na infância, é um fato nunca acatado com resignação. Feliz do que supera o ódio e o desejo de vingança.


Na França; no Brasil; nos EEUU; a dor de um filho, negro ou branco, ausente por prematura morte é desesperadora e sempre o será. Mas este é o Logotipo do tempo presente no mundo todo.


Não mais choro. Não mais ódio. Não mais lamentações.


Uma nova Jornada de Direitos Civis se faz necessária no mundo. Afinal, o silêncio empodera os assassinos.


Partamos para o ataque, na formação de entidades na defesa da vida. Aqui, lá e acolá; onde paire a insegurança, nos obrigando a defrontar com mortes prematuras.


Cobrar autoridades!


Cobrar ações e soluções. Nem sempre punições. O Poder conhece as soluções, mas apenas as coloca vigentes quando a seu serviço.


Um Poder que é contra nós, o povo. Pois não cumpre seu dever constitucional de nos proteger.


Tolhendo nossa possibilidade em caminhar por nossas cidades sem temor algum. Quem sabe sejam necessárias entidades dos "Cidadãos em Autodefesa". Brotando do solo por pura necessidade vital.


O Estado não cumpre seu dever, o cumpramos nós. A Constituição de 1988 devia ter previsto isso.


Na incompetência do Estado, como hoje vivemos; os cidadão terão o direito de formar suas "Milícias Armadas de Autodefesa".


E esta é uma provocação consciente, um desafio ao Estado. Incompetente e corrupto.


Não quero mais mortes. Não quero mais mulheres chorando a perda de seus filhos e filhas.


Não quero mais sumárias execuções de negros no Brasil ou no mundo.


Não quero e posso não querer. Pelo simples fato de ser um cidadão comum. Normal. Capaz de sentir a dor dos seus semelhantes como se minha fosse.


Não quero a dor de uma família eternizada em centenas de repetições.


Precisamos de Novas Estruturas nos contrapondo a esse Estado que por aí anda. Este já era!



Paulo Cesar Fernandes.

28/12/2015.






20151226 Iscritura

Iscritura


Escrever é ler.
É ler, e ler mais.


Mary Kato, professora da USP.
O disse, disse certo:


"Quanto mais eu leio
 Melhor escrevo
 Quanto mais escrevo
 Melhor eu leio."



Pois sim!
Razão tem a mulher.
Ao escrever me pauto no lido.

Leitura e escritura.
São dois itens.
De uma só fatura.
Cujo Total é ARTE.


Paulo Cesar Fernandes.

26/12/2015.

20151226 BS duas mortes

BS duas mortes


Deixa eu ser fraco?
Só hoje!


Desalento, descrença, negatividade.
Uma razão para sorrir.
Eu te imploro.
Como as mortes matadas seguem sendo?
Em pleno Natal seguem sendo.


Que futuro posso prever?
Me diga por favor!


Jogo a toalha!
Abandono a realidade.
Adentro a fantasia!


Pois sim!
Os personagens humanos são.
Paixões e gozos mil.
Mas jogam limpo.
E sempre limpo.


Basta a torpeza.
Constituindo a realidade.
Minha ficção tangencia a realidade.
Não a desnuda.
Não há motivo ou razão.
Mostrar a dor ao leitor.


Respeito me merece.
Quem honra meus escritos
Com seu tempo, sua atenção.
E comigo deixa o Real.
Numa outra direção.


Lagoa Rodrigo de Freitas.
Voltou à Vida.
Mas a família do doutor.
Guarda no peito a ferida.


O Real fere.
Desola, esfola e mata.
Na bala perdida.
A vã Justiça, tão injusta.


Acabou me roubando a fé.
E a positividade.
Dois corpos inertes.
Na Baixada Santista.


Paulo Cesar Fernandes.

26/12/2015.


20160127 Morte aos reacionários

Morte aos reacionários


A Arte nunca é para a política.
Não existimos nós!
Mas resistimos, de teimosia somos feitos
Afeitos ao drama
Ao eterno tragicômico do Estado.
E seguimos, apesar de todos os estados de alma.


E no silêncio da ira mais produzimos.
Mais profundos monólogos.
Mais ousados temas.
Confrontando o estabelecido.
O caos mental vigente.
Em toda forma de Estado.


_ "Morte ao Estado!"
Berra a vera Arte.


Pois ela nunca está no circuito.
Proscrita é, por ter posição.
Consciente oposição.
Aos imbecis sempre de plantão.
Trocam nomes e posições.
Para sempre nada mudar.


Assassinos do Novo.
Aos reacionários de Destra e de Sinistra: A Morte!


Paulo Cesar Fernandes.

27/01/2016.