terça-feira, 12 de setembro de 2017

20170910 Carta ao poeta Paco Cutumay


Não mais na tua San Salvador irmão meu?
A bala ofendeu teu corpo
Pai e Mãe se foram de semelhantes balas
Balas covardes.


O mesmo ódio dos gorilas sacou aí, em tua nobre terra, centenas de vidas.
E como isto me dói aqui, na minha pobre terra.
São muitos os teus assemelhados a Oscar Romero.
Sem nome, sem cova, sem nada capaz de dizer de sua nobre vida.
A vida de Luta pela Vida.


A Paz hoje sacramentada é de ilusão construida.
Aí vão os "Maras"; as "Pandilhas" tantas; e os trens cruzando as terras rumo às fronteiras.


Não irmão meu. Foi tudo uma ilusão.
Nossa América Latina segue sendo roubada; segue colonial; saqueada; e o pior: segue sem democracia de verdade. Onde o povo fale e possa dizer do seu querer.


As carcomidas elites seguem no comando em todos os países, e a Venezuela teve o azar de ter petróleo. A água da sede dos gorilas. Pobre povo o latino-americano. Sempre à merce de gorilas de todos os tipos e quadrantes da terra.


E hoje, o Neo Liberalismo é a praga a nos roubar mais profundamente a Liberdade.
Liberdade Real, Vontade Popular. 
E sem Povo Livre não se pode chamar Democracia.


Democracia Real e Efetiva, bem o sabes meu irmão é aquela onde nós, o povo, dizemos com todas as letras NÃO às oligarquias seculares dos nossos países, os colocando em seu devido lugar: FORA DO PODER.


Meu Brasil, caro irmão
Sofre longa Ditadura Neo Liberal.

Pobre. Tropego. Nem mais o Carnaval anima.
Mas seguimos muitos pela JUSTIÇA lutando; pois, como disse nosso irmão e poeta Taiguara:
"A vida é LUTA!".


Guarda um lugar para mim, para juntos fazer algo.
Até breve, meu poeta, músico e amigo.


Paulo Cesar Fernandes

10/09/2017.


Nota.: 

Paco Cutumay foi um amigo poeta, músico, componente do Grupo Cutumay Camones de El Salvador. 
Tivemos a alegria de os hospedar e ciceronear em sua passagem pela Cidade de São Paulo.  

Na Avenida Paulista, foram muitos os momentos de riso, pelas tiradas alegres do grupo, principalmente tendo como foco a beleza da mulher paulistana. Também lhes trouxe impacto a arquitetura da cidade.

Possam Paco, seus pais e Edoardo estar num lugar muito bom do lado de lá da vida.

domingo, 10 de setembro de 2017

20170609 Hamburgo

Sonhei estar em Hamburgo
No cais da cidade
Entre luzes de casas noturnas
ZANZIBAR me chama atenção
Mais ainda
As meninas de vida veloz
Me chamam na minha língua
E com sotaque santissssta


Um sonho estranho e belo
Pois o medo não se fazia
E estava eu no meio 
Da Zona Portuária
Com todo respeito
De cada uma das pessoas


Me vejo todo risos
Por estar de volta
Ao tempo da molecagem
Na Zona Portuária de Santos
Voltava ver de alguma forma 
Os femininos corpos
Mulheres e travestis
Numa distante Alemanha
Ou num distante tempo


Numa Santos do passadfo.
Num Brasil não violento.



Paulo Cesar Fernandes.

09/06/2017.

20170830 Positividade da Esperança

A linha sutil
Entre ilusão e sonho
A mesma linha
A dividir homens
Pragmáticos materialistas
Sonhadores idealistas


Onde se situa afinal
A tal da ilusão?
Respondo num ZAZ:
Na Materialidade
Pois o perene fica sempre
Na abstração
Na interior espiritualidade


A linha se concretiza
Dividindo o mundo
Materialistas de um lado
E Espiritualistas emergentes
E ganhando firmes
O espaço nesta Terra


Não mais se esconde
A verdade do espírito
A interior luminosidade
Pode se alçar livre
Pelas trevas do mundo
Mudando aqui e acolá
Até a Vitória Final.


Paulo Cesar Fernandes

30/08/2017.

20170901 Pompéia

20170901 Pompéia

Eu e tu
Um café
Uma água
Uma fala distante de nós
Tu.
Um medo, um muro
Uma barreira.


Fugimos pelas calçadas
Dos temas políticos


Nada de nós
Nada de verdade
Nada do coração
Vazio descuido
No cuidado 
De se desconhecer
E não ser


Nos fizemos Entes
Coisas
Não humanos seres
Em busca de algo
Na alma do outro


Perdi minha essência
Ou teu vazio me oprimiu
Nada sei, apenas pensei
Em ser correto
Vencer teus medos
E avançar na minha rota
E não pode ser outra:
Prazer e Felicidade.


Então...
Adeus!


Paulo Cesar Fernandes.

01/09/2017.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

20170907 Amilcar Cabral BIOGRAFIA

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. 
*
Amílcar Lopes Cabral 
(Bafatá, Guiné-Bissau, 12 de setembro de 1924 — Conacri, 20 de janeiro de 1973)
Foi um político, agrônomo e teórico marxista da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.
*
*** Biografia
*
Filho de Juvenal Lopes Cabral (cabo-verdiano) e de Iva Pinhel Évora (guineense de ascendência cabo-verdiana), aos oito anos de idade, sua família mudou-se para Cabo Verde, estabelecendo-se em Santa Catarina (ilha de Santiago), que passou a ser a cidade de sua 
infância, onde completou o ensino primário. De seguida mudou com a mãe os irmãos para Mindelo, São Vicente, onde veio a terminar o curso liceal em 1943. 
*
Como apontado por Patrícia Villen, sua adolescência remete a um período de intensa seca e fome na ilha, nos ano 40, por exemplo, essa crise provocou a morte de 50 mil pessoas, além da imigração em massa de cabo-verdianos. No ano seguinte, mudou-se para a cidade de Praia, na Ilha de Santiago, e começou a trabalhar na Imprensa Nacional, mas só por um ano pois, tendo conseguido uma bolsa de estudos, no ano de 1945 ingressou no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Único estudante negro de sua turma, Cabral logo se envolve em reuniões de grupos antifascistas e, ao lado de outros alunos vindos da África, tais como Mário de Andrade, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos "conhece vetores culturais da reafricanização dos espíritos do movimento da negritude dirigido por Léopold Sédar Senghor". Após graduar-se 
em 1950, trabalhou por dois anos na Estação Agronómica de Santarém.
*
Contratado pelo Ministério do Ultramar como adjunto dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné, regressou a Bissau em 1952. Iniciou seu trabalho na granja experimental de Pessube percorrendo grande parte do país, de porta em porta, durante o Recenseamento Agrícola de 1953 adquirindo um conhecimento profundo da realidade social vigente. Suas atividades políticas, como a criação da primeira a Associação Esportiva, Recreativa e Cultural da 
Guiné, aberta tanto aos "assimilados" quanto aos indígenas, reservam-lhe a antipatia do Governador da colônia, Melo e Alvim, que o obriga a emigrar para Angola. Nesse país, une-se ao MPLA.
*
EM 1955 Cabral participa da Conferência de Bandung e toma conhecimento da questão afro-asiática. Em 1959 juntamente com Aristides Pereira, seu irmão Luís Cabral, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Elisée Turpin, funda o partido clandestino Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Em 3 de agosto de 1959, o partido teve participação na greve de trabalhadores do porto de Pidjiguiti, fortemente reprimida pelo 
governo colonial, resultando na morte de 50 manifestantes e no ferimento de outras centenas. 

Quatro anos mais tarde, o PAIGC sai da clandestinidade ao estabelecer uma delegação na cidade de Conacri, capital da República de Guiné-Cronacri. Em 23 de janeiro de 1963 tem 
início a luta armada contra a metrópole colonialista, com o ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, a partir de bases na Guiné-Conacri.
*
Centro Cultural Amílcar Cabral, em João Galego, em Cabo Verde
Em 1970, Amílcar Cabral, fazendo-se acompanhar de Agostinho Neto e Marcelino dos Santos, é recebido pelo Papa Paulo VI em audiência privada. Em 21 de novembro do mesmo ano, o 
Governador português da Guiné-Bissau determina o início da Operação Mar Verde, com a finalidade de capturar ou mesmo eliminar os líderes do PAIGC, então aquartelados em Conacri. 
A operação não teve sucesso.
*
Em 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros de seu próprio partido. Amílcar Cabral profetizara seu fim, ao afirmar: "Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios." 

Aristides Pereira, substituiu-o na chefia do PAIGC. Após a morte de Cabral a luta armada se intensifica e a independência de Guiné-Bissau é proclamada unilateralmente em 24 de Setembro de 1973. Seu meio-irmão, Luís de Almeida Cabral, é nomeado o primeiro presidente do país.
*
*** Frases
*
"Perguntar-nos-ão se o colonialismo português não teve uma ação positiva na África. A justiça é sempre relativa. Para os africanos, que durante cinco séculos se opuseram à dominação colonial portuguesa, o colonialismo português é o inferno; e onde reina o mal, não há lugar para o bem". Amílcar Cabral. A arma da teoria.
*
"O nosso povo africano sabe muito bem que a serpente pode mudar de pele, mas é sempre uma serpente". Amílcar Cabral. Um povo que se liberta.
*
"Como sabe, nós temos uma longa caminhada juntamente com o povo português. Não foi decidido por nós, não foi decidido pelo povo português, foi decidido pelas circunstâncias históricas do tempo da Europa das Descobertas e pela classe de "antanho", como se diz em português antigo; mas é verdade, é isso! Há essa realidade concreta! Eu estou aqui falando português, como qualquer outro português, e infelizmente melhor do que centenas de milhares de portugueses que o Estado português tem deixado na ignorância e na miséria. Nós marchamos juntos e, além disso, no nosso povo, seja em Cabo Verde seja na Guiné, existe toda uma 
ligação de sangue, não só de história mas também de sangue, e fundamentalmente de cultura, com o povo de Portugal. [...] Essa nossa cultura também está influenciada pela cultura portuguesa e nós estamos prontos a aceitar todo o aspecto positivo da cultura dos outros."
*
"Nós, em princípio, o nosso problema não é o de nos desligarmos do povo português. Se porventura em Portugal houvesse um regime que estivesse disposto a construir não só o futuro e o bem-estar do povo de Portugal mas também o nosso, mas em pé de absoluta igualdade, quer dizer que o Presidente da República pudesse ser de Cabo Verde, da Guiné, como de Portugal, etc., que todas as funções estatais, administrativas, etc. fossem igualmente possíveis para 
toda a gente, nós não veríamos nenhuma necessidade de estar a fazer a luta pela independência, porque todos já seriam independentes, num quadro humano muito mais largo e talvez muito mais eficaz do ponto de vista da História. [§] Mas infelizmente, como sabem, a coisa não é essa; o colonialismo português explorou o nosso povo da maneira mais bárbara e 
mais criminosa e quando reclamamos um direito de ser gente, nós mesmos, de sermos homens, parte da humanidade."
*
Mas nós nunca confundimos o "colonialismo português" com o "povo de Portugal", e temos feito tudo, na medida das nossas possibilidades, para preservar, apesar dos crimes cometidos pelos 
colonialistas portugueses, as possibilidades de uma cooperação eficaz com o povo de Portugal, numa base de independência, de igualdade de direitos e de reciprocidade de vantagens seja para o progresso da nossa terra, seja para o progresso do povo português. [§] 
O povo português está submetido há cerca de meio século a um regime que, pelas suas características, não pode ser deixado de ser chamado fascista. [§] A nossa luta é contra o colonialismo português. Nós somos povos africanos, ou um povo africano, lutando contra o colonialismo português, contra a dominação colonial portuguesa, mas não deixamos de ver a ligação que existe ente a luta antifascista e a luta anticolonialista.
*
Nós estamos absolutamente convencidos de que, se em Portugal se instalasse amanhã um governo que não fosse fascista, mas fosse democrático, progressista, reconhecedor dos direitos dos povos à autodeterminação e à independência, a nossa luta não teria razão de ser. Aí está a ligação íntima que pode existir entre a nossa luta e a luta antifascista em Portugal; mas também, vice-versa, estamos absolutamente convencidos de que, na medida em que os povos das colónias portuguesas avancem com a sua luta e se libertem totalmente de dominação colonial portuguesa, estarão contribuindo de uma maneira muito eficaz para a liquidação do regime fascista em Portugal. [...] Nós queremos entretanto exprimir claramente o seguinte: nós não confundimos a nossa luta, na nossa terra, com a luta do povo português; estão ligadas, mas nós, no interesse do nosso povo, combatemos contra o colonialismo português. Liquidar o fascismo em Portugal, se ele não se liquidar pela liquidação do colonialismo, isso é função dos próprios portugueses patriotas, que cada dia estão mais conscientes da necessidade de desenvolver a sua luta e de servir o melhor possível o seu povo."

===

Este último item teve um caráter premonitório,pois na Revolução dos Cravos, ocorrida em Abril de 1974, a primeira coisa feita pelo Novo Governo foi a Liberação das Colônias.

Até porque a vitória da Revolução dos Cravos se deu também pelo fato das baixas patentes do Exército português estarem em desacordo com os gastos inúteis nas colônias d'Africa.

A mim, Amilcar Cabral ensinou uma coisa vital para minha vida. Em uma de suas obras ele fala de "Suicídio de Classe". Diz ele que todo verdadeiro revolucionário deve fazer seu "Suicídio de classe". Isto significa matar o burguês que ainda vive dentro de si e se fazer povo como seu povo.

Parte desse suicídio eu já o tinha feito naturalmente. Me sentia mal nos ambientes burgueses a ponto de ter diarréia e de vomitar: Clube XV; Tênis Clube e Internacional. Onde fui levado pelas melhores pessoas quer conheci nesta face da terra. 

Mas eu passava mal, me sentia deslocado. UM peixe fora d'água.

A partir desse conceito pude entender ainda por que motivo eu e um outro amigo tínhamos notas menores que um terceiro cuja família tinha recursos financeiros mais amplos. Apesar de 
fazermos as lições juntos ao fim de cada dia. Apresentarmos os mesmos resultados. Na infância culpava eu minha letra feia. Segue feia até hoje. Mais tarde percebi que eu e A fazíamos parte de uma classe social, já B pertencia a outro patamar. Apenas isso poderia 
justificar a diferenciação nas notas.

Eu já tinha a vivência da diferenciação das classes sociais. Ao chegar à teoria apontada por Amilcar Cabral o mundo se iluminou.

Vejam lá se nos morros de Santos; na Zona Noroeste; nos bairros populares da Minha Cidade de Santos algum dia eu sinti vontade de vomitar ou tive diarréa. NUNCA. Eu estava junto ao meu 
elemento: o povo brasileiro.

E mesmo na Bolívia, nas feiras, junto ao povo nas conduções, eu nunca me senti deslocado.

Evidente fique aqui que ainda hoje devem existir elementos burgueses em mim. Não conseguimos acabar com o que é de nossa formação cultural por completo. Mas os valores da burguesia não 
são os meus valores: competição; consumo; busca de requinte; uma casa de praia e uma na montanha (vide Lula); estar nos lugares "badalados"; etc.

Eu olho para Pepe Mujica e nele vejo um verdadeiro revolucionário. A simplicidade e o despojamento marcam os capazes de mudar o mundo. É a isso quer me proponho: mudar a mim de forma profunda; e, na medida do possível, pelo exemplo, mudar o mundo ao meu redor.

Eu não interfiro na vida de ninguém. E não o faço por puro respeito. Cada qual deve saber por quais mares navegar. Mas estou sempre aberto a, mediante pedido, opinar sobre algo.

Junto a uma pessoa passando por um profundo momento de odr. Eu não vou falar nada para ela. 

Sento ao seu lado em silêncio. Me faço apenas presença. E se a pessoa quiser, sabe que poderá contar comigo. Todos nós temos fragilidades, mas todos nós temos uma intimidade a ser 
preservada.

Amilcar Cabral está entre os primeiros pensadores a me trazer luz à vida. Depois muitos outros a ele se somaram, a ainda hoje descubro novos elementos de luz na caminhada.

O fato é que eu busco. Estousempre insatisfeito. Não quero pensar dois anos da mesma forma. 

A dúvida deve ser meu elemento permanente do existir. Apenas ao lado dela poderei eu pensar 

em alguma forma de progresso.

PELA REVOLUÇÃO DOS NEURÔNIOS ! ! !

Salve Amilcar Cabral!
Salve Giorgio Gaber!
Salve Karl Marx!
Salve Enrico Malatesta!

Salve-mo-nos cada um de nós no seio da Ética!

Paulo Cesar Fernandes.

07/09/2017.