quinta-feira, 31 de outubro de 2013

20131031 Presidiários

Presidiários



Fotografava ao fim da tarde o meu bairro, para ilustrar o conto "Admiração" a ser vendido pela Amazon, e uma triste evidência se abriu a meus olhos: os moradores da Rua Adolfo Porchat de Assis, na Vila Belmiro em Santos são presidiários.


Mesma sensação tive eu, num horário de almoço na zona sul de São Paulo. As casas todas gradeadas faziam da rua um verdadeiro presídio, onde os homens de bem ficam aprisionados no lado de dentro, e os bandidos se deslocam livremente por toda a cidade.


Tempo houve em Santos que, se em alguma casa algo fosse roubada do quintal, o fato era motivo de comentário por dias e semanas.


Hoje, se tornou banal os estudantes das diversas universidades da Baixada Santista serem assaltados. Quer na UNESP de São Vivente; na UNIFESP; ou nas diversas particulares espalhadas pela cidade.


Uma bicicleta ou uma moto surge do nada, e lá se vai um celular, uma bolsa, e algumas vezes uma vida.


O foco já não são os mais elegantes. Todos somos alvo. E ponto final.


Nada a fazer. Assim é, e com isto devemos conviver.


Somos presidiários em nossos lares.


Paulo Cesar Fernandes

31 10 2013

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

20131029 Silêncio e perdão

Silêncio e perdão


A não-palavra é o silêncio do olhar no perdão mais sincero. O aperto de mãos partindo do coração e se consolidando num abraço.


Braços menos abertos que o coração, quando a sinceridade é o comando da vida.


A não-palavra é o não-verbo; não-expressividade; não-agressividade.


A não-palavra diz.


Diz o silêncio dizente das horas dos dissabores, da lágrima quieta e salgada descendo o rosto da mulher amada num momento de separação.


Há momentos enfim, que só o silêncio, só a não-palavra se faz presente para comunicar.


Paulo Cesar Fernandes

29 10 2013

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

20131028 O meu tempo

O meu tempo


Não sei viver como jovem.


Negando a minha idade.


Custou muito para chegar a ela.


Aos 60 anos, batendo nos 62, o homem deve vestir uma roupa segundo o padrão estético próprio à sua individualidade. E, acima de tudo, ser fiel ao tempo de vida acumulado no entalhe de seu corpo.


O tempo passa e nos marca.


Mas o buril do escultor é suave, até mesmo doce se olharmos para a estrada percorrida com o olhar de amor que nossa vida merece.



Sou grato a cada momento alegre e a cada momento de dor. Não seria eu, este aqui presente sem cada um desses momentos. Não os nego e nem os renego. Todos foram entalhes valiosos na "peça" que hoje sou.



Paulo Cesar Fernandes

28 10 2013



Nota: Texto dedicado à Arminda, cujo aniversário é hoje.
Pela manhã, no tempo de um abraço, algumas palavras sobre a vida foram trocadas, sendo elas fonte inspiradora
deste texto.

domingo, 27 de outubro de 2013

20131027 Poema para Josefina

Poema para Josefina


Dura é a vida dos que estão obrigados a viver fora de seus recantos natais.

Muito mais dolorido aos poetas, cuja sensibilidade lhes toca mais forte, na distância de seu povo.

Um companheiro que vive na Califórnia fez um poema dedicado a uma combatente que ficou pelo caminho, nas lutas libertadoras de El Salvador.


LA COMPA “IRENE”


Josefina Cartagena,
se llamaba aquella flor.
Que luchó junto a su pueblo,
por una vida mejor.



Con el fusil en la mano,
aquella gran guerrillera.
La vida se la jugaba,
por los montes y trincheras.



Y fue en varias ocasiones,
que de anciana se vistió.
Para entrar a los cuarteles,
y sacar la información.



Y al grito de batalla,
al tirano combatía.
Y cuando salían corriendo,
ella solo se reía.



Los cobardes militares,
querían agarrarla viva.
Y por mucho que intentaban,
de las manos se les iba.



Pero se llegó el momento,
cuando ella fue capturada.
La tropa no le importó,
que estuviera embarazada.



Fueron guardias nacionales,
que a traición la capturaron.
Y cuando se la llevaron,
en un camión la montaron.



Pero ella bien lo sabía,
lo que le iba a pasar.
Por eso aquella rebelde,
decidió por su final.



Cuando iban por un barranco,
no sabían su intención.
Y al grito de venceremos,
se les tiró del camión.



Los guardias muy enojados,
cuando al barranco bajaron.
No estaba la guerrillera,
solo un cadáver encontraron.



Compañera campesina,
tu ejemplo de heroína.
Quedará en nuestra historia,
con honor y mucha gloria.



Aquí termino contando,
la historia de ésta valiente.
Que por los pobres murió,
y no le temió a la muerte.



Escrito por: Elio Martínez


***


Felizes os nossos tempos, quando podemos trocar as armas de metal pelas armas dos neurônios e da sensibilidade.


Quando são possíveis os vínculos de afeto entre todos os companheiros cujo pensar e sentir estão voltados para a Justiça, a Paz e o Amor entre todos os povos de nossa América Latina e Caribe.


Momento em que artistas de diferentes países se unem num processo de alavancar as sociedades todas para uma nova era, uma era onde o ódio seja coisa do passado, mas sem nunca esquecer esse passado: suas lutas; suas dores; suas ausências e todos os corpos que não mais podemos abraçar; todas as vozes que não mais podemos ouvir.


Não vou dar nomes. Mas todos sabemos que do México até a Patagônia temos a música unindo corações através de múltiplos ritmos.


Possamos todos amar nossos companheiros de todos os povos, da mesma forma que cada um desses músicos, através de sua arte, ama a cada um de nós. Cada nova canção é um presente que nos revigora a vida, e traz força, em nossa luta por Justiça e Paz.


Paulo Cesar Fernandes

27 10 2013

sábado, 26 de outubro de 2013

25102013 Peripatético

Tema: Melancolia


Uma questão filosófica para o médico, uma questão médica para o filósofo.

"Todos nós somos melancólicos."


Pondé: " A melancolia é um valor de nossa existência."

PC: "Quando eu percebi que não é necessário ser feliz... a vida ganhou um outro significado. Somos obrigados a ser feliz? Essa questão me fez saltar fora desse circuito."


"É impressionante como as pessoas tristes se encontram no metro."


PC.: "Sempre achei um saco o metro como0 elevadores. E não tenho claustrofobia nem nada. Até encontrar a diversão de saber o que estão lendo as pessoas. Foi um achado."


Pondé: "Parece que lucidez e angústia andam de mãos dadas."


PC: "Encarar a dor e a melancolia como elementos componentes da vida. Sem medo do preconceito e sem medo de viver com isso."


Pondé: "Como medicar a condição humana?"

PC: "Ou em "1984" ou "Admirável mundo novo" George Orwell fala da "Pílula da Felicidade". Vivemos hoje a Era da Felicidade pelas pastilhas?
Não seria melhor compreender a melancolia como parte da naturalidade da vida. Aceitar a vida tal qual é. Com dor e tudo num pacote amplo?"


Pondé: "Felicidade é o fetiche de nossa época.


Kierkegarde 1- Cético = curtir; 2- Ético; 3- Religioso 3.a) Igreja 3.b Salto na fé."


PC: "Fé cega é faca amolada. A Fé nega a Razão. A Razão é mórbida e trouxe  toda a exploração que temos hoje no mundo.
Talvez uma Razão Sensível possa ajudar a mudar essa ótica, na medida em
que traga o respeito entre as criaturas e a solidariedade seja uma norma natural e não forjada por nenhuma autoridade. Uma Razão Sensível que traga a Produtividade proposta por Erich Fromm, e a simplicidade como práxis diária."


Pondé: "Mito de Sísifo"

PC: "Carregar a pedra sempre, e toda vez mais e mais, para o cimo da montanha até o final da vida. Viver seria esse castigo? Não creio. A dor, a melancolia não suprimem a vida, são partes inerentes a ela. E nessa vida se insere mais e mais a filosofia. O Ser é dialético e pensante. Me refiro ao Ser de Heidegger que todo tempo se confronta com os Entes. Ora agradavelmente, ora conflituosamente. Mas assim o é"


Paulo Cesar Fernandes

25  10  2013

20131018 Peripatético

Peripa de 18 10 2013


Tema: Sexo / Sexualidade


De patético não tem nada, nada mesmo.


Há uma retomada de antigos valores na área da sexualidade em contraposição à posível liberdade total?


Apenas falar de sexo é satisfatório?


O sexo é para procriar como pregam as religiões, ou para aumentar o prazer do casal? Sem medo de chegar ao hedonismo.


As preocupações de desempenho atrapalham o sexo?


Dá para ter um sexo pensado? Ou é apenas soltar os corpos numa crescente intimidade e mútuo conhecimento? Conhecer o corpo e os prezeres da parceira e do parceiro melhora tudo. Ou não?


Muitas questões para algo sem fórmula ideal. É tudo uma constante busca do outro. E um crescente respeito de si e da parceira/parceiro.


A Revolução Sexual existiu de fato, ou tudo uma grande ilusão?


Os casais seguem tão travados quanto sempre foram?


O quarto ainda é tido por "alcova", ou por "sagrado"?


Será que chegamos a uma compreensão madura da sexualidade?


Penso apenas que cada casal estrutura suas práticas num processo
consensual e de avanços e retrocessos.


Paulo Cesar

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

20131023 Caso engraçado sobre o medo

Caso engraçado sobre o medo.
 
Um caso verídico e muito engraçado.
 
Leu-se no Moniteur de 26 de novembro de 1857:


"Comunicam-nos o fato seguinte, que vem confirmar as observações já feitas sobre a influência do medo.

"O senhor doutor F... entrou ontem em sua casa depois de fazer algumas visitas aos seus clientes. No seu percurso lhe haviam entregue, como amostra, uma garrafa de excelente rum, autenticamente vindo da Jamaica. O doutor esqueceu na viatura a preciosa garrafa.

Mas, algumas horas mais tarde, lembrou-se desse esquecimento e procurou a restituição, onde declarou ao chefe da estação que deixou em um de seus cupês uma garrafa de um veneno muito violento, e o exorta a prevenir os cocheiros para darem a maior atenção em não fazerem uso desse líquido mortal.

"O doutor F... entrara apenas em seu apartamento, quando vieram preveni-lo, a toda pressa, que três cocheiros da estação vizinha sofriam horríveis dores nas entranhas. Teve que se esforçar muito para tranqüilizá-los e persuadi-los de que haviam bebido excelente rum, e que sua indelicadeza não poderia ter conseqüências mais graves além de uma suspensão, infligida imediatamente aos culpados."


Allan Kardec - Revista Espirita - Outubro de 1858.


Paulo Cesar Fernandes

23 10 2013

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

20131021 Um pouco de Neoliberalismo

Um pouco de Neoliberalismo


Seleção de trechos de um trabalho sobre NeoLiberalismo deixando de lado a análise espírita do trabalho em questão. Uma vez que meu foco é o NeoLiberalismo.


Após sua leitura, sugiro aos que entendem italiano, um pouco de diversão.


De forma sarcástica o humorista e teatrólogo Beppe Grillo em todas as suas apresentações dá aulas práticas do que seja o NeoLiberalismo.


Não se assuste com Beppe Grillo, ele é o agito em pessoa, além de ser uma das figuras mais controversas da Italia da atualidade.


A Itália e a arte são entidades fortemente atadas.


Agora vejamos o trabalho de 1999. Um trabalho feito quando o PSDB governava o Brasil. O foco era um ataque ao PSDB.


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Neoliberalismo x Espiritismo

Escreve: Ademar Arthur Chioro dos Reis

Em: Outubro de 1999


Fonte:

http://viasantos.com/pense/arquivo/0146.html

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Aos Espíritas, socialistas, humanistas, anarquistas e outros ... “istas”, que ainda acreditam na construção de uma sociedade justa, solidária, fraterna e democrática.

Um mundo de paz, prosperidade, amor e felicidade: Para todos!



Após introdução histórica expõe o autor:


As soluções propostas pelos neoliberais são: a privatização e liberalização da economia e o desaparecimento de: programas de seguridade social (saúde, assistência e previdência social); programas de construção de moradia pelo Estado; de leis que regulamentem os salários, benefícios diretos e indiretos e as relações trabalhistas; legislação a favor dos sindicatos; as barreiras e impostos às importações; controle de preços; subsídios, etc.
O principal objetivo, para o neoliberalismo, é a maximização dos lucros dos empresários privados (lucro econômico, mesmo que signifique maior exploração).


E a este critério estão submetidas todas as necessidades sociais. Para esta corrente, a satisfação das necessidades sociais não contam, o que conta é o lucro. Milton Friedman, por exemplo, afirma que se há desemprego se deve reduzir os salários . Se esta diminuição dos salários não é capaz de gerar emprego, então é preciso continuar baixando o salário.


Para que os salários possam ser rebaixados, devem desaparecer os sindicatos, já que estes não permitem que haja uma “livre” contratação da mão-de-obra, impedindo que o valor da força de trabalho se fixe pelas leis de mercado. Se os sindicatos fazem subir o salário, isto leva a reduzir o nível de emprego.


Para o neoliberalismo o mercado pode tudo. Neste sentido, há uma absolutização do mercado e não se leva em conta que o mercado, em parte necessário mas deixado a seu livre jogo, não é capaz de garantir a satisfação das necessidades fundamentais de toda a população.


O mercado também é incapaz de evitar a destruição dos recursos naturais e do meio ambiente, o que compromete o futuro da humanidade. Neste sentido, os problemas ecológicos tão graves que se vivem em todo o planeta são produto da lei do mercado que só vê como fim a maximização dos benefícios individuais da empresa, liberta de qualquer controle por parte do Estado, e não o objetivo social.


Uma das preocupações fundamentais dos fundadores do liberalismo era garantir a reprodução do sistema econômico em seu conjunto, tanto dos recursos materiais como do homem em geral e dos trabalhadores em particular. Na ideologia neoliberal esta preocupação desaparece e, pelo contrário, esta preocupação converte-se em um obstáculo - uma “distorção” - para o mercado.


A satisfação das necessidades da população e a garantia dos direitos de cidadania são critérios que não contam na lógica
dos neoliberais. Seu postulado e princípio fundamental é a “liberdade econômica”.



Para que se realize esta liberdade econômica às vezes é necessário restringir a liberdade política. Daí vem que os programas neoliberais requeiram sistemas políticos repressivos para sua implementação, como ocorreu com o Chile sob a ditadura de Pinochet, ou de um poderoso pacto das elites dominantes, que submetem os poderes constituídos e a própria sociedade aos seus interesses, como observa-se em toda a parte e em particular na América Latina (Brasil, Argentina, Peru, etc.). Para tanto,
muito embora critiquem a intervenção do Estado na economia, sustentam um forte aparato estatal no sentido de reprimir e submeter todos aqueles que questionem os programas neoliberais e seus efeitos.


Argumentam, ainda, que é necessário sacrificar uma parte da população para que os que fiquem possam viver melhor. Segundo Hayek, “Uma sociedade livre requer certos valores que, em última instância, se reduzem à manutenção de vidas: não à manutenção de todas as vidas, porque poderia ser necessário sacrificar vidas
individuais para preservar um número maior de outras vidas.



Portanto, as únicas regras morais são as que levam a cálculo de vidas: a propriedade e o contrato”.

Os trabalhadores sofrem os efeitos das reduções dos salários, o aumento dos preços dos produtos básicos, o encarecimento dos serviços básicos (transporte, água, luz, consulta médica) - quando existem - e pela desorganização do movimento sindical e da sociedade. Também as pequenas empresas, já que estas são consideradas ineficientes. Os que sobrevivem são os fortes, as grandes empresas, os que têm capacidade de tirar a economia da crise. Isto se chama de darwinismo social, ou seja, a ideologia que defende o império do mais forte, a lei da selva.


A ideologia neoliberal é colocada em prática através dos Ajustes Estruturais, que contém:


a) políticas de estabilização: para corrigir os desequilíbrios da economia e que tratam de controlar o processo inflacionário e o déficit externo no comércio com os demais países. Estas medidas visam frear a demanda e reduzir a circulação de dinheiro nas mãos dos cidadãos. São desenvolvidas através de:


- Política fiscal, pois entendem que a inflação é causada porque o Governo gasta mais do que arrecada. Para evitar isto, reduz-se o déficit fiscal, reduzindo-se os gastos do Governo, determinando diminuição do financiamento de serviços sociais e melhorias na infra-estrutura pública, além da demissão de funcionários públicos (por corte de pessoal ou privatização e/ou fechamento de estatais).

- Política monetária, baseada na restrição do crédito e aumento abusivo das taxas de juros.

- Estabilização e liberalização cambial, controlando-se a variação das moedas nacionais em relação ao dólar e garantindo o aumento das exportações.


b) políticas para melhorar a estrutura produtiva: que deseja melhorar a produção, as formas de produzir, as coisas que se produz, as instituições e tudo o que está relacionado com a produção e a comercialização, que permitam:


- uma maior diversificação da economia, para não depender da produção e exportação de uns poucos produtos;

- obter uma maior eficiência econômica, para poder competir no mercado mundial com os demais países. Entre as medidas se encontram as que permitam a redução da intervenção do Estado na economia, através de:

- liberalização de preços de bens e serviços, das taxas de juros (crédito) e do preço da força de trabalho.

- liberalização do comércio exterior.

- privatização dos bancos.

- privatização dos serviços públicos, mesmo os considerados essenciais para a sociedade (água, luz, telefone, educação, saúde, previdência, etc.).

- privatização de empresas produtivas que são propriedade do Estado, mesmo aquelas que asseguram bons lucros à empresa privada nacional e estrangeira.

- redução dos impostos às importações (tarifas), para que ao competir com produtos estrangeiros, as empresas nacionais se vejam obrigadas a ser mais eficientes e produtivas.

- taxas de juros reais positivas, para que o preço do crédito (taxa de juro) cresça mais que os demais preços (inflação), para fomentar a poupança dos cidadãos e atrair capital estrangeiro para financiar investimentos de empresários privados.

- incentivo de exportações não tradicionais, para que o país não dependa de uns poucos produtos além de diminuir o déficit na balança comercial, levantando divisas para o pagamento dos compromissos com a dívida externa e gerar poupança para a empresa privada utilizar. Isto requer que se impulsione a reconversão industrial, também denominada “modernização industrial”, que consiste em trocar o maquinário, equipes e forma de produção por outras que permitam produzir coisas novas,
melhores e a mais baixo custo para poder competir com os demais países.


Os objetivos explícitos alegados pelo neoliberalismo são a superação de todos os problemas que a economia enfrenta e ainda conseguir o crescimento mediante uma maior eficiência e produtividade na economia, colocando nas mãos da empresa privada a condução da economia que são, segundo os neoliberais, os únicos capazes de conseguir a eficiência, já que o Estado não tem sido mais que um perturbador da economia através de suas intervenções excessivas.


Mas há objetivos implícitos, não divulgados, nos programas de ajuste estrutural e que estão na raiz da crise da dívida na América Latina que se agudiza a partir de 1982.


Por meio destes programas se trata de corrigir certos desequilíbrios das economias para que estas possam pagar a dívida externa. Desta forma, quem as promove são exatamente os que fazem os empréstimos aos países pobres: O Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e os países ricos que emprestam dinheiro. Estas
instituições impõem suas condições para conceder um empréstimo e uma delas é implementar os Programas de Ajuste Estrutural. A dívida externa serve de pressão para que os Governos implementem as “recomendações” dos organismos internacionais e para que aqueles vendam as propriedades do Estado às empresas transnacionais.


Por outro lado, os Planos de Ajustes Estruturais buscam assegurar que os empresários privados possam aumentar seus capitais e seus lucros expropriando a sociedade por meio de: diminuição do poder aquisitivo dos salários dos trabalhadores; redução dos gastos do Estado, destruindo-se as políticas públicas de proteção social;
pagamento de menos impostos por parte dos empresários; eliminação do controle dos preços e privatização das empresas lucrativas.


Estes programas também levam ao crescimento da concentração de renda em mãos dos setores economicamente poderosos, arruinando a micro e pequena empresa à qual consideram condenada a desaparecer. Os fundos, que antes se destinavam a impulsionar programas de bem-estar social, são entregues como “incentivos” às
grandes empresas para que estas sejam mais eficientes e propiciem o crescimento econômico, na verdade o lucro.



A crise dos anos 80 atingiu tal proporção que lhes conferiram a denominação de a “década perdida”. Na América Latina, com exceção do Brasil e da Colômbia, todos os demais países registraram índices negativos de crescimento, com crescente aumento da dívida externa e processo inflacionário, agravando a baixa qualidade de vida e os índices de pobreza da região As políticas sociais (já então pouco abrangentes), sofreram uma redução drástica de investimento.



O panorama, anteriormente descrito e que será melhor detalhado a seguir, corresponde aos efeitos locais da crise geral do sistema, provocada pelo desenvolvimento de uma nova ordem mundial conhecida por “globalização da economia” e pela hegemonia das propostas neoliberais para a orientação de políticas econômicas. Os
investimentos em pesquisa científica geraram a produção de tecnologias de capital intensivo e pouco uso de mão de obra. A robótica, a informática, a dinamização dos meios de transporte, impulsionados desde os anos 60/70, só tiveram seus efeitos registrados nos anos 80.


Este novo patamar tecnológico significou uma profunda crise nos níveis de emprego e a desaceleração do processo de industrialização (novamente).



OS EFEITOS DO NEOLIBERALISMO


Através das propostas de modernização e desregulamentação da economia e da privatização das empresas estatais, promoveu-se políticas governamentais antipopulares que ampliaram a queda do poder aquisitivo dos salários, o desemprego massivo, a desnacionalização dos setores estratégicos da economia, a venda de empresas estatais a preços venais, a falência de milhões de pequenos e médios produtores, tanto rurais como indústrias.


As políticas neoliberais, em todas as nações onde têm sido implementadas, inclusive no primeiro mundo, têm aumentado ainda mais a pobreza. O proclamado crescimento econômico não se reflete em melhoria nas condições de vida da maioria da população, muito pelo contrário, pois o crescimento só ocorreu para os setores de mais alta renda, traduzindo-se numa brutal concentração de renda e ampliando as desigualdades sociais.


Daí a importância, para aqueles que defendem a construção de uma sociedade justa e fraterna, onde a defesa da vida e da saúde sejam uma realidade, de lutar de forma eficaz contra o projeto neoliberal. Esta opção neoliberal não pode dar certo porque, entre outros motivos:


1. a saúde é inerente à vida e à morte:

- não um bem passível de troca num mercado, que se estabelece na relação entre a consciência do profissional de saúde e a confiança do cliente.

- a saúde está condicionada ao acesso a outros bens e serviços.

- o caráter aleatório no aparecimento das doenças.

- sua lógica rompe os laços de solidariedade social.


2. porque a experiência internacional comprova que os mecanismos de mercado funcionam perversamente no campo sanitário.


3. essa lógica privada penaliza e condena os velhos e portadores de males crônicos que não podem pagar por serviços.


4. a dinâmica do projeto neoliberal em todo o mundo aponta para o aprofundamento das desigualdades sociais (aparthaid social).



Não podemos aceitar que a lógica econômica neoliberal signifique a destruição de políticas públicas que representem a garantia de cidadania e a defesa da vida e que estejam fundamentadas técnica, científica, econômica e juridicamente e que possuam densidade social. A vida não é uma mercadoria.

===


Ao chegar ao Governo do Brasil o PT não mudou um triz a política NeoLiberal do PSDB.




São farinha do mesmo saco. Se aliam e se abraçam segundo suas conveniências.


O PT se alia inclusive com Paulo Maluf. Veja que contrasenso. Não podia ser pior. Enfim...


Paulo Cesar Fernandes

21 10 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

20131013 Lejos de casa


Lejos de casa

 

Cuando lejos de nuestros pagos somos vacios.

Dejamos algo atrás que no lo podemos llevar.

No traspasan fronteras.

 

Nuestra casa, familia, emociones, encuentros.

Cosas incapaces de tener en otros países.

La sensación de sentirse de ahí.

 

Nuestro país y nuestra ciudad están marcados a hierro y fuego en nuestro pecho.

No los sacamos por más lo intentemos. Es algo fuerte.

 

Y la vida siempre nos hace trampas y no nos permite volver.

Entonces somos siempre algo menos de un completo hombre.

Podemos cantar, vivir, sonreír, pero siempre hay algo, algo de ausente adentro.
 

El hombre y su tierra no son dos cosas en separado, pero un solo cuerpo y una sola alma.
 

Paulo Cesar Fernandes

13 10 2013

 

NOTA: Ofrezco a todos los compañeros y compañeras que, por un motivo o por otro están lejos de su patria y de su amada familia. A todos mis hermanos de Hispanoamérica.

20131019 Sejamos todos cavalos

Sejamos todos cavalos
León Gieco 

 Sejamos todos cavalos
Porque os cavalos...
 Tem amanheceres brancos
Porque os cavalos
São carcereiros dos campos
E o homem dos seus irmãos.

 ===

 

Quantas vezes não tentamos encarcerar os nossos irmãos?
 


Buscando que pensem como nós. E se não pensam.
 


Lhes deixamos o vazio. O descaso, o escárnio.
 


A carceragem é muito mais ampla que quatro grades de ferro.
 


Instituições seculares seguem buscando manter encarcerados seus fiéis.
 


Trocam seu líder, mas buscam manter seu poder sobre os homens.
 


Dominar seu pensar e seu agir.
 


Não nego a bondade dos líderes, suas boas intenções.
 


Mas sei do punhal escondido entre suas vestes.

 

Quero amanheceres brancos e libertar as mentes para um novo porvir.

Paulo Cesar Fernandes

19 10 2013

20131019 Minha terra

20131019 Minha terra


Texto nascido a partir de "Nueva Zamba para mi tierra" de Lito Nebbia num show de Andrés Calamaro.


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Minha terra



Não é possível que alguém não ame a sua terra.


Testemunha ocular de todos os seus momentos.


Aliada e comparsa é nossa terra.


Sabe de nós muito mais que sabemos nós dela em suas entranhas.


Da poesia de suas ruas sabemos um pouco e um pouco lo dizemos em nossos versos.


Mas nunca é suficiente o dito, sempre nos merece mais a nossa terra.


Não por termos brotado nela, mas por termos uma relação muito anterior da relação com a primeira namorada, primeira amante, primeira puta que comemos na zona do meretrício.


Muito antes de tudo nos cuidava nossa terra mãe.


Nosso recanto de tantos encantos, tantas dores e tantos mortos nos tempos do dissabor.


Nossa terra é sempre algo mais para nossa alma e para nossa mesma existência.


Paulo Cesar Fernandes

19 10 2013

sábado, 12 de outubro de 2013

20131011 Mascarados somos todos

Mascarados somos todos


Queiramos ou não, aceitemos ou não, todos usamos máscaras nas nossas relações interpessoais.


Uns são mais sutis e escamoteiam sua realidade. Mas num momento ou outro, mesmo os que buscam a transparência cristalina resvalam numa mentira, mesmo pequena.


Um diálogo imaginário entre amigos a discutir isso. Um deles não admite suas máscaras:


_ Que é isso que as pessoas chamam de viver com máscaras nas nossas relações?


_ Não sei, pois nunca usei. Sempre tive a nítida impressão ser a mentira e a falsidade qualidade de vilões das estórias lidas, assistidas e ouvidas nos tempos de infância. E como sempre me revoltaram os vilões, não me julgo capaz de mascarar a realidade. Por isso sou grosseiro muitas vezes.


_ Isso, grosseiro. Muitas vezes tenho ouvido isto de ti.


_ Estão certos esses. Não me perguntes algo, pois te responderei na mais pura sinceridade. Sinceridade infantil. E isso fere as pessoas.


_ Tens orgulho disso ao que me parece.


_ Vergonha. Mas ainda não aprendi a agir de outra forma. Embora já cale em muitas ocasiões. E tenho isto como um avanço pessoal.


_ Calar é algo. Mas na verdade não basta. Agredir as pessoas não faz sentido.


_ Enfim. Onde queres me levar? Buscas que seja igual aos demais? Gente asquerosa por sua costumeira falsidade?


_ Nada disso. Busco te fazer mais afável ao mundo e aos que por abrigação compartilham tua companhia.


_ Ser mais afável com o mundo? Por que o seria se dele não recebo isso? As pessoas e o mundo são agressivos. Lembro agora do filme "Pequenos assassinatos". Um filme antigo. Chegastes a assistir?


_ Não gosto de cinema. De que se trata?


_ O filme se passa numa cidade norte-americana. Um cidadão comum, tendo uma vida comum e normal vai recebendo agressões no transcurso de um tempo, esse tempo se prolonga. São relegações, desprezos, as pancadas da vida recebidas por todos nós. Ao fim de um tempo enlouquece e se posiciona no alto de um prédio a atirar nas pessoas da cidade.


_ E tu és esse personagem? - pergunta assustado.


_ Não, não creio. Mas nenhum louco admite a própria loucura. - responde sorrindo.


Ambos se despedem e cada um segue seu destino.

***


Temos todos uma pitada de loucura?


Recebemos mesmo pancadas da vida ao longo dela?


Em caso positivo reagimos todos da mesma forma diante desse fato?


De minha parte preciso refletir mais para formar uma opinião mais clara.


De uma forma ou de outra viver é um grande barato. Com máscaras. Sem máscaras. Beber a essência de cada nova oportunidade.


Esta é, a meu ver, a verdadeira e autêntica Vida.



Paulo Cesar Fernandes

11 10 2013


***

Pequenos assassinatos.

Sinopse:

“Little Muders” é a história da apatia, do “movimento pela apatia”: da neurose da psicose de se viver aprisionado. É a psicose da galinha olhando o ovo, estranhando o ovo que acabou de botar e MASSACRANDO aquela coisa estranha que comemos, que vira omelete ou objeto de Páscoa e que Colombo colocou em pé. Mas o apático fotógrafo (Elliot Gould), assim como uma galinha infértil, só faz mesmo é fotografar “merda de cachorro”. Ah, e é espancado por gangs de NYC nos anos setenta enquanto sonha. Sonha. Sonha em querer sonhar como um quase Hamlet, um quase ham omelett.


O resto, em sua volta, é muito barulho, muito barulho, e muitas balas voando, muita gente falando, muita gente no armário, muita classe média, o sonho americano ruindo nos anos setenta sob Nixon, muita gente se auto-flagelando e auto-baleando.



FICHA TÉCNICA:

Título original: Little Murders
Gênero: Comédia
Diretor: Alan Arkin
Duração: 110 minutos
Ano de Lançamento: 1971
País de Origem: EUA
Idioma do Áudio: Inglês


ELENCO:

Elliott Gould ... Alfred Chamberlain
Marcia Rodd ... Patsy Newquist
Vincent Gardenia ... Mr. Newquist
Elizabeth Wilson ... Mrs. Newquist
Jon Korkes ... Kenny Newquist
John Randolph ... Mr. Chamberlain
Doris Roberts ... Mrs. Chamberlain
Lou Jacobi ... Judge Stern
Donald Sutherland ... Rev. Dupas
Alan Arkin ... Lt. Practice


Fonte:
http://cinecoolt.blogspot.com.br/2009/09/pequenos-assassinatos.html

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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

20131012 Peripatético - TV Cultura

20131012    Peripatético - TV Cultura


Tema: Fé.


Religiosos e ateu convidados. Há um dilema, um desencontro entre a Fé e a Razão.


Segundo penso onde chega a Razão a Fá se desfaz. Não há possibilidade de uma Fé Raciocinada como propoe os Kardecistas.


Falando sobre o homem Nelson Rodrigues afirma: "Quando se tira a imortalidade o homem cai de quatro." Ao que parece como um animal de quatro patas. OK.


Pondé: "As religiões são uma espécie de Auto-Ajuda." Concordo com Pondé e não recrimino nem os religiosos e nem os leitores de livros dessa categoria.


"Meu caminho pelo mundo eu mesmo faço. A Bahia já me deu régua e compasso.'  -  Aquele abraço - Gilberto Gil, o filósofo.


Toda razão ao poeta e filósofo mesmo.


Deus não está morto, vem se tornando mais e mais desnecessário. Os budistas se sentem iluminados, e sem Deus ou deuses. Estão numa boa segundo vejo alguns budistas, dentre eles Heródoto Barbero (ou Barbiero ?)


Mas chegar à inutilidade de Deus é um longo caminho.


E doloroso para os de familia religiosa. A devoção e emoção talhadas pela familia são fortes. Fazer a ruptura com Deus, quando a lógica se estabelece é revolver as profundezas longamente sedimentadas de um lago.


Quando o ateu se coloca para seus antigos pares religiosos, recebe a solidão como companheira. Cada segmento se fecha em suas verdades e não admite "traições".


Não há como, somos todos intolerantes.


Segundo Pondé falar em espiritualidade salva a pátria do camarada.


Mas de que espiritualidade se fala?


Eu a vejo como toda atividade que nos leve à abstração das preocupações impostas pela "Sociedade de Consuidores" e do capitalismo de forma geral. Principalmente a absurda competitividade imperante.


Em nosso tempo, todas as verdades e toda ortodoxia caem por terra, estão sem espaço. A dinâmica social nos solicita a dinâmica das formas de pensar.


Filósofos como Sócrates e Platão em sua busca da verdade. Erraram todos os pensadores ao pautar sua vida na busca da verdade. Não existe verdade ou Verdade. Pois nosso pensar é temporário/transitório e passível de renovação.


Só não renova seu pensar quem não busca, não faz outras leituras. Quem se cristaliza. A fixidez não cabe nos "Tempos Líquidos" de Zygmunt Bauman. Não cabe em aspecto nenhum da nossa atual existência. Tudo é um link de fácil desconexão. Veja como
é fácil desatar indesejáveis no Facebook.


Nas elaborações feitas por mim, o pensamento abstrato é um caminho para a espiritualidade. Sem a menor conexão com religiões. Uma espiritualidade exposta nas diversas áreas do conhecimento: Geologia; Semiótica; Filosofia; Sociologia; Literatura...E muito mais intensamente nas manifestações artisticas diversas. Vide Wassily Kandinsky e seu "De lo espiritual en la arte", onde demonstra como a alma pode ser afetada pelas cores; as cores quentes e as frias. Na música e na dança ele nos mostra
caminhos.


Através disso conclui: a espiritualidade não é patrimônio de nenhuma religião. Ao contrário, está fora de todas elas.


O aqui dito não tenho como verdades. Apenas ideias, sem data de vencimento prevista, mas aptas a mudar assim que novas leituras e novos saberes me completem algo mais. Somos seres incompletos, em constante processo de complementação.


Me interessa o "Peripatético" pois levanta questões instigantes provocando a reflexão.


E não é outra a tarefa da filosofia. Tal qual aprendi com o Professor José Pablo Feinmann da Universidade de Buenos Aires, cujos cursos podem ser baixados do "Canal Encuentro" do Governo da Argentina.


Confira lá.


Paulo Cesar Fernandes

12 10 2013

20131011 Acerca de uma Vida Autêntica

Acerca de uma Vida Autêntica


Estar enganado quando pensamos pela própria cabeça não é grave.

Muito grave é viver enganado por ter uma vida inautêntica.
A inautenticidade revelada por Martin Heidegger.

Há pessoas que podem nos enganar; instituições capazes de nos enganar; os Meios de Comunicação de Massas não fazem outra coisa além de buscar nos ludibriar com suas "verdades".

Em nossa defesa, temos nossa capacidade de julgar a vida de forma mais ampla. Na solidão benfazeja de nossa individualidade. Tu és dono de teu destino, e responsável por cada ato e cada pensamento teu. Responsável ainda por todas as ilusões agasalhadas em tua alma.


Mas possuidor de toda a Liberdade que fores capaz de conceber.


Vive-a. Para tua Felicidade.


Paulo Cesar Fernandes

11 10 2013

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

20131010 Renascimentos

Renascimentos


Eu digo o mundo?


Ou o mundo se diz através de minhas palavras, sendo eu o medianeiro ou médium das vontades e vocações deste contemporâneo tempo?


Aquele dedicado às letras é ele mesmo e sempre o gerador de seu pensar?


Por vezes, caminhando por esta Cidade de Santos tão ao meu gosto, e testemunha de todos os meus nascimentos, desde os ternos tempos da infância, essa dúvida vem e toma conta de meu pensar.


Nasci antes da escola, com as lições aplicadas por minhas irmãs mais velhas que eu.


Nasci com Dona Alaíde, mãe de amigo. Professora a me mostrar a diferença entre narração e descrição.


_ Paulo como vai na escola? - pergunta ela quando eu estava no primário.

_ Aquilo é uma chateação. Querem que escreva sobre uma figura, ou conte a estória dela. Chato demais. - amuado com o tema da conversa.

_ Se eu te passar lição você escreve para mim? - disse ela sorrindo.


Envergonhado ao limite aceitei o desafio e nasci para a escrita.


Nasci novamente, e para muitas linguagens através da mãos dos professores do Curso Decisão na Avenida Bernardino de Campos. O nosso Canal 2 em Santos.


Nasci com Ideal Jovem, jornal da mocidade.


Mas o nascimento mais forte foi após o Golpe de Estado e implantação em 1964 da Ditadura Militar no Brasil. Eu tinha 12 anos.


O ódio andava pelas ruas. Penetrava os lares, as escolas.


No dia 1º de abril de 1964, ao ouvir na TV o ocorrido me faltaram as forças, menino que era chorei qual adulto. Pressentimento de tempos negros acabaram desaguando na realidade. Não imaginava naqueles momentos iniciais de toda a violência futura. Das delações umas reais outras forjadas. Desavenças entre vizinhos convertidas em denúncias. Mortes e prisões arbitrárias.


Era preciso resistir dentro de minha inocência. Me fiz poeta de versos tolos. Infantis. Mas dentre eles uma quadra se destacava: quatro versos a Ernesto Che Guevara.


Em 1959 havia nascido Cuba, a primeira estrela socialista da América Latina e do Caribe. Foi meu nascimento político. Era esse o meu caminho: o socialismo. Com todas as críticas ao Socialismo de Estado.


Sou Che contra Fidel.


Sou Socialismo contra a Barbárie vigente.


Sou Solidariedade entre Todos os Povos da Terra.


Sou contra as concepções meramente econômicas definindo o rumo dos países.


Sou pela Justiça e pela Paz, e faço delas a minha mais forte militância.


Sou contra os ladrões do povo; oportunistas; gente que usa as pessoas e as descarta como lixo.


Sou contra o Neoliberalismo; a terceirização; a precarização do trabalho em detrimento de postos de trabalho com segurança e valor a quem trabalha.


Sou contra esses imbecis consultores de empresas que mais não fazem além de converter os trabalhadores em sua massa de manobra. Servidores amansados e prontos para a mais cruel exploração.


Sou contra a competição entre as pessoas proposta pelo capitalismo. Saio de todos os lugares onde a competição tenha se estabelecido. A supremacia da vaidade.


Sou contra os banqueiros que enchem o bico de dinheiro e regateiam um justo aumento aos que lhes garantem o lucro. Sangram seus funcionários no dia a dia, tirando muito mais que a mais valia.


Contra este mundo tal qual se encontra.


Proponho e luto por algo novo.


Sem Estado protetor ou Tutor.


Sem escolas, sem classes.


Classes de aulas. Classes sociais.


Por Justiça proponho o novo.


Um novo modo de pensar o mundo para este renascer para o nosso desfrute. O desfrute de todos os homens e mulheres. De todas as raças, povos e credos.


Um planeta indutor do progresso e da Vida para todos os que o habitem.



Paulo Cesar Fernandes

10 10 2013