domingo, 30 de agosto de 2015

20150830 Darcy Ribeiro me traz de volta ao Brasil.


Terça-feira 12 de outubro de 2010

Já vinha desde a sexta anterior com saudade do Brasil. Não sei se devo atribuir aos livros e autores de fora; não sei se o deslocamento das pessoas ao encontro de sua padroeira trouxe os ventos da Romaria até minha casa; faço ideia não a que atribuir, mas importa não...


Era tanta saudade do cheiro de mato molhado de chuva de Cuiabá, olhando as gotas fazendo movimentar as folhas do maracujá; lembrança das chuvas de verão, depois do futebol, nas tardes de sábado, na cidade de Santos, corpo cheio de areia a se esgueirar pelos prédios do Gonzaga fugindo da ocorrência de algum raio...


_ Meninos, se chover saiam da praia de imediato! – uma das mães sempre bradava.


Mudávamos de casa ponto de reunião, mas a recomendação só mudava de palavras mantendo inalterado o sentido original.


Sei lá como funciona hoje, mas ali, na Rua Pasteur era assim.


Desse embrulho de saudade e lembrança me pus a ouvir Sergio Reis: Procissão (do Gil); Disparada (do Vandré); Romaria (Renato Teixeira);


Ouvia tudo isso e sacava um a um dos exemplares de Encontros com a Civilização Brasileira, percebi que faltavam alguns números. 

Descia olhar pelo índice rememorando a Ditadura Militar que a tantos calara, ou restringira o espaço. No número 15 encontro um texto de Roberto DaMatta detonando com Darcy Ribeiro. Mas logo o Darcy, que junto com Lévi-Straus formam meu referencial em antropologia. Um texto agressivo. De toda agressividade presente em todo intelectual sincero. A resposta de Darcy publicada na mesma edição teve o mesmo teor de cortes agressividade.


Darcy é uma metralhadora ambulante, e no número 12 do periódico tinha dito coisas desagradáveis do Museu Nacional onde trabalhava DaMatta. Evidentemente o ano de 1979 tinha todo um caldo cultural e ideológico específico, apimentando antagonismos.


Após ler texto-fonte e texto-resposta me sentia algo decepcionado com o velho Darcy Ribeiro.



Quarta feira 13 de outubro de 2010

Encontro A Entrevista (http://www.4shared.com/document/Dn5Z2aSh/Darcy_Ribeiro_FGV_CPDOC_Depoim.html) na qual Darcy narra entre outras coisas suas relações com Brasília, e principalmente o projeto norteador da Universidade de Brasília.


Quem creia como eu, que o conhecimento é ideológico, e mais, que este é a grande via de construção de uma sociedade livre e soberana, ao finalizar a leitura desta entrevista de 65 páginas, não pode deixar de admirar o Professor Darcy Ribeiro. Aponho o título de professor também ao Professor Paulo Freire. E basta!



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Paulo Cesar Fernandes

30/08/2015

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