sexta-feira, 21 de agosto de 2015

20150821 Nosso tempo

Nosso tempo


Qual o sentido dos tempos atuais?

Pelos escritos de Alain Renaut vivemos a "Era do Indivíduo".

Uma era em que o indivíduo ganhou a sua maior liberdade em todas as fases da História da Humanidade.

Quando se fala em liberdade, temos e devemos cuidar dessa palavra. Já foi usada para dar sustentação aos regimes mais totalitários do planeta.

"Os Heróis da Liberdade"; "Batalhadores da Liberdade"; são muitos os slogans, mas nenhum nos serve neste momento. Não falo do mundo, não falo dos governos. Falo de mim, falo de você, de nosso amigo, e dos nossos vizinhos. Gente comum.

Todos vivemos nesse mundo onde a liberdade se deu. 

Descartes chegou ao mundo trazendo o homem para o núcleo da vida em geral. Deixou Deus em um outro plano. Ali do lado. Com seu valor, mas já não tendo o valor total da Idade Média.

Nascia a "Era do Sujeito". A maior parte das pessoas e todas as 
instituições ainda vivem e pensam com a mentalidade da centralidade do sujeito. Mas isso morreu. Acabou.


A Globalização instaurou uma outra verdade sobre a face da Terra, a derrocada de tudo aquilo válido até o "Maio de 68", o tempo das "Barricadas do desejo" e essas coisas todas. Tudo isso morreu, se diluiu por si mesmo diante da nova realidade apresentada ao mundo.

Quer coisa mais contraditória que ter a China Comunista como a segunda potência capitalista do mundo? É de pirar. Não tem sentido, mas aí está.

Que enfrentamos hoje?

Alterações nas relações de trabalho; nas relações familiares; nas formas de organização familiar; nas relações afetivas. A formação de grupos, ou tribos dentro das sociedades; o estabelecimento de que grupos são "de dentro" e quais são "de fora" dessa mesma sociedade. 

Lembra dos "rolezinhos"? Eram a tentativa dos grupos "de fora" ocupar os espaços efetivamente construídos para os "de dentro". Novas denominações para problemas ancestrais das sociedades ocidentais. Nada sei do oriente para fazer alguma afirmação.

Nós somos o foco de tudo hoje. Assim sendo temos as rédeas do nosso destino em nossas mãos. Ou a possibilidade de as ter. Pois muitos preferem transferir a um pastor; a um padre; um dirigente espiritual; um terapeuta ou um livro de Auto-Ajuda. Que como diz Leandro Karnal é um Autor-Ajuda. O autor fica rico, o que lhe ajuda muito.

A posse do leme do nosso barco traz a responsabilidade de como fazemos a navegação, desvio de obstáculos, escolha dos portos onde paramos e de quais nos distanciamos. 

A Liberdade nos remete indubitavelmente à nossa responsabilidade diante de cada fato de nossa trajetória. Escolha entre o Bem e o Mal; entre o trabalho e o ócio; entre a agressividade e a doçura; entre a competitividade e a vida liberta disso.

Nós, os indivíduos temos nas mãos o maior tesouro. Em nenhum outro momento da história, o ser humano foi tão capaz de instituir para si e para os seus um rumo claramente definido e definido por sua Razão e sua Vontade. 

Dizendo isso eu não poderia deixar de me referir ao filósofo e compositor  Gilberto Gil quando, em sua canção "Aquele Abraço" determina: 

"Meus caminhos pelo mundo, eu mesmo traço;
 A Bahia já me deu , régua e compasso."




Um fim de semana pleno de paz a tod@s.


Paulo Cesar Fernandes.

21/08/2015


P.S.: Evidentemente "Aquele abraço" não consta do Quanta, mas é minha forma de homenagear essa obra prima de Gilberto Gil.



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