sábado, 28 de novembro de 2015

20151128 Tarefa

Tarefa


Descia ou subia eu pela Rua Pará, voltando para casa, quando me dei conta dum cara ao meu lado. Um metro na minha direita.

Pensei cá com meus botões: 

"Que baita cara parecido com o Jung!"


_ E quem tu pensas ser? Pensas dois iguais nesses universos? E não vou usar meu tempo contigo pois tenho mais importantes coisas a fazer. Que vinhas pensando?

_ Nas leituras de cada tarde. - respondi

_ E nelas estão minhas obras. Acertei?

Assenti com a cabeça. E o velhinho prosseguiu:

_ Não adianta pensar as coisas de forma solta. Desenha minhas idéias e as representa graficamente. Isso solidifica conceitos.

_ Mas sou péssimo nesse negócio de grafismo. - respondi agastado.

_ Escuta moleque, se quisesse perfeição não estaria do teu lado, escolheria um arquiteto. Mas eles pensam apenas em outras estruturas. Tenho de me valer de ti mesmo. Afinal tu ainda pegas 
meus livros.

_ Mas nem sempre chego onde suas ideias querem me levar. - Respondi com tristeza.

_ Nem tente. Eu mesmo já penso diferente. Mas o meu gráfico, vais ou não pensar em algo?

Quando tomei a decisão, o velhinho desapareceu do meu lado. E percebi também ter parado o tempo e o espaço, eu estava na mesma passada da sua aparição, no mesmo condomínio de apartamentos. Voltei daquela explosão mística.

Segui o caminho tentando imaginar um grafismo, o mais fiel possível ao que compreendi, e ao que reputo como mais importante das coisas de Jung.

Chegando em casa executei.

Espero ele não se aborreça com meu trabalho. Afinal prefiro escrever a desenhar.

Intrigado estava com a questão do tempo e espaço, me lembrei de uma obra dele cujo título é "Sincronicidade". Talvez esse evento tenha apenas tentado me mostrar de modo mais clara o seu 
conceito de sincronicidade. Talvez, Sei lá! Apenas uma conjectura.

A Vida é mais ampla. 

Nosso pensar? Mas muito reduzido diante de Tudo.


Paulo Cesar Fernandes.

28/11/2015. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário