quinta-feira, 5 de novembro de 2015

20151105 Edu Lobo Camaleão 1978

Edu Lobo
Camaleão
1978



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Label: Philips (6349 350 
Format: Vinyl, LP, Album 
Country: Brazil  
Released: 1978  
Genre: Latin 
Style: Bossanova, MPB 
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*** Credits 
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Arranged By: Edu Lobo 
Coordinator (Coord Produção: Roberto Santana 
Coordinator (Coord Musical: Edu Lobo 
Directed: Sergio De Carvalho 
Engineer: Ary Carvalhaes, Luiz Claudio Coutinho, Paulo Sergio "Chocolate" 
Producer: Sergio De Carvalho 
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*** Tracks:
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01 Lero Lero (03.26
02 O trenzinho caipira (02.56  
03 Coração noturno (04.33  
04 Canudos (04.05
05 Camaleão (03.18 Instrumental
06 Sanha na mandinga (04.08  
07 Branca Dias (03.38
08 Bate boca (01.33 Instrumental
09 Descompassado (04.23
10 Memórias de Marta Saré (04.51
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*** Letras
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01 Lero Lero
Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Porque no amor quem perde quase sempre ganha
Veja só que coisa estranha, saia dessa se puder

Não guardo mágoa, não blasfemo, não pondero
Não tolerolero lero lero devo nada pra ninguém
Sou descasado, minha vida eu levo a muque
Do batente pro batuque faço como me convém

Eu sou poeta e não nego a minha raça
Faço versos por pirraça e também por precisão
De pé quebrado, verso branco, rima rica
Negaceio, dou a dica, tenho a minha solução

Sou brasileiro, tatu-peba taturana
Bom de bola, ruim de grana, tabuada sei de cor
Quatro vez sete vinte e oito nove fora
Ou a onça me devora ou no fim vou rir melhor

Não entro em rifa, não adoço, não tempero
Não remarco, marco zero, se falei não volto atrás
Por onde passo deixo rastro, deixo fama
Desarrumo toda a trama, desacato Satanás

Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Diz um ditado natural da minha terra
Bom cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá

Desacredito no azar da minha sina
Tico-tico de rapina ninguém leva o meu fubá
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02 O trenzinho caipira
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar

Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra...
Vai pela serra...
Vai pelo mar...

Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar...
*
03 Coração noturno
Meu coração bate lento
Como se fôsse um pandeiro
Marcando meu sentimento
Retendo meu desespêro
Como notícia do vento
Passando no meu cabelo
Meu coração bate lento
Meu coração bate claro
Como se fosse um martelo
Num rumo sem paralelo
Selando meu desamparo
Numa corrente sem elo
Numa aflição sem reparo
Meu coração bate claro
Meu coração bate quieto
Como se fosse um regato
Vagando pelo deserto
Sangrando no meu retrato
Abrindo meu desacato
Num ferimento coberto
Meu coração bate tão quieto
*
*** orquestração
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Meu coração bate negro
Como cantiga sem mote
Como a serpente num bote
Rompendo no meu sossêgo
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
Lambendo feito chicote
Noturno feito morcêgo
Meu coração bate negro
*
04 Canudos
Iambupe, Bom Conselho 
Jacobina, Xorroxó 
Monte Santo, Mundo Novo 
Lagoinha, Quixadá 

Entre Rios, Belos Montes 
Quem é esse que vagueia? 
Conselheiro que tonteia 
E apeia sem chegar 

Que horizonte mais errante 
Que crendice mais descrente 
Que descrença mais distante 
Que distância mais presente 
Que distância mais presente 
Desgoverno governante 
Quanta gente confiante 
Em Antônio penitente 

Quando o céu virasse a terra 
Como um rio sem nascente 
Quando a espada entrar na pedra 
Quando o mar virar afluente 
Que paixão insatisfeita 
Que vingança mais demente 
Virgem Santa decaída 
Satanás onipotente 

Baioneta, faca cega 
Parabelo, bacamarte 
Sofrimento que renega 
Desavença que reparte 
Entre Rios, Belos Montes 
Que distância mais presente 
Quanta gente confiante 
Em Antônio penitente
*
05 Camaleão
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*** Instrumental
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06 Sanha na mandinga (04.05  
Na beira do São Francisco 
Eu quero me deitar 
Eu quero namorar 
Não vou ao correio não 
Não tenho a intenção de lhe telegrafar BIS 

Certa vêz em Carianha 
Escutei uma façanha 
Que se deu em Paratinga 
Muita manha, muita pinga 
Unia terra muito estranha 

Uma sanha na mandinga 
Uma dor que não se acanha 
Um horror que não se vinga BIS 

Na beira do São Francisco 
Eu quero me deitar 
Eu quero namorar 
Não vou ao correio não 
Não tenho a intenção de lhe telegrafar BIS 

Diz que em Bom Jesus da Lapa 
Quando a noite cai de chapa 
E a memória faz um dique 
Queima o sol em Xique-Xique 
Um dilúvio pelo mapa 

Mansidão de piquenique 
Quando a rôlha não destapa 
E a coragem vai a pique BIS 

Na beira do São Francisco 
Eu quero me deitar 
Eu quero namorar 
Não vou ao correio não 
Não tenho a intenção de lhe telegrafar BIS 

Despenquei de Pirapora 
Rolei mais de uma tora 
Dobrei mais de uma esquina 
Quase chego em Petrolina 
Um passado de senhora 

Num futuro de menina 
Correnteza que apavora 
Paradeiro que confina BIS 

Na beira do São Francisco 
Eu quero me deitar 
Eu quero namorar 
Não vou ao correio não 
Não tenho a intenção de lhe telegrafar 
De lhe telegrafar 
De lhe telegrafar...
*
07 Branca Dias
Esse soluço que ouço, que ouço
Será o vento passando, passando
Pela garganta da noite, da noite
A sua lâmina fria, tão fria
Será o vento cortando, cortando
Com sua foice macia, macia
Será um poço profundo, profundo
Alvoroço, agonia
Será a fúria do vento querendo
Levar teu corpo de moça tão puro
Pelo caminho mais longo e escuro
Pela viagem mais fria e sombria
Esse seu corpo de moça tão branco
Que no clarão do luar se despia
Será o vento noturno clamando
Alvoroço, agonia
Será o espanto do vento querendo
Levar teu corpo de moça tão puro
Pelo caminho mais longo e escuro
Pela viagem mais fria e sombria
Esse soluço que ouço, que ouço
Esse soluço que ouço, que ouço

08 Bate boca
*
*** Instrumental
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09 Descompassado (04.20
Maré bravia 
Lá onde o vento assovia 
Meu coração principia 
A ser escravo do amor 
Acorrentado 
Num pé-de-vento vadio 
Caindo em todo desvão 
Entrando em todo desvio 
Descompassado 
Sem letra e sem melodia 
Meu coração sossegado 
De rumo traçado 
Desapaixonado 
Querendo vagar 
Na noite 
No dia 
Descompassado
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10 Memórias de Marta Saré
A casa lá na fazenda
A lua clareando a porta
Deixando um brilho claro
Nas pedras dos degraus
Cristal de lua
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro...

O rosário obrigatório
O jantar, lá na cozinha
Todo dia à mesma hora
As histórias de Dorinha
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro
Pra dentro

A lanterna azul partida
A dor, a palmatória, a raiva
A cantiga mais sentida
Um galope de cavalo
Moço Severino
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro

Bate forte o coração
Dor no peito magoado
O sorriso mais sem jeito
Do primeiro namorado
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro, Marta Saré
Pra dentro
Pra dentro 

***

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