sábado, 30 de maio de 2015

20150530 Discurso

Discurso


Quanto tempo faz a aquisição da fala pelo homem?


Eu não sei, se perde nas linhas do tempo. Eu realmente desconheço. Mas sei ser uma aquisição capaz de ter trazido grande evolução a todos os processos de comunicação e mesmo cognitivos.


Para uma conversa necessariamente precisamos de duas pessoas; a menos que tenhamos alguém capaz de conversar com seus botões, o que não tenho por anormal. 


Que é o pensar, o refletir senão este processo individual na qual dialogamos sozinhos?


Mas o discurso foi conquistado pelo homem; e dessa conquista se iniciou todo um processo de novas conquistas. No diálogo 
construímos novos métodos de fazer uma série de utensílios. 


Surge uma necessidade. Unem-se pessoas. Dialogam, e se houver bom senso a solução consensual se faz presente.


No Lar. Um problema se apresenta. Sentam os componentes ao redor de uma mesa, ou no aconchego de uma sala e dialogam. Isto em um Lar bem estruturado. Deste diálogo, aberto, limpo, onde corações se despem por inteiro só podem brotar soluções.


Aos animais não foi dado ainda o processo de diálogo. Não tem uma linguagem. Embora algumas espécies apresentem formas de comunicação. Quem tem um cão em casa sabe que este  comunica suas vontades; seus desejos e necessidades. Um estudo oriundo da França, feito por Emile Benveniste, defende a tese que as abelhas tem uma forma de comunicação, esta lhes permite dizer às demais da colmeia onde está a fonte de alimento por ela encontrada. É uma forma de comunicação, mas não ainda uma linguagem.


A linguagem é poderosa por permitir a transmissão ao outro de um conteúdo completo de ideias. Um pacote completo de ideias digamos assim. Um todo se transfere ao final do discurso. E o mais 
bonito; o receptor pode reelaborar o recebido, nele interferir, gerando algo ainda mais complexo; podendo criar algo poético de um conteúdo das ciências exatas, por exemplo.


Enfim. Quando os seres humanos unem suas potencialidades criativas, e de interação positiva chegamos a novos patamares de progresso.


Tempo virá onde estas serão a norma das comunicações humanas. Vivemos hoje, ainda, o tempo das contendas; das discussões sem objetivo, ocas de conteúdo positivo.


Mas já foi pior. Os embates entre dois homens já se deram pela espada. Através do duelo, para lavar a honra ultrajada. Um assassinato somado a um suicídio; afinal um dos dois seria o assassino e o outro o suicida.


Sim. Ainda temos guerras. Temos grupos buscando fazer preponderar seu discurso, através da mentira como os sofistas da antiguidade; ou mesmo, infelizmente por meio de agressões de toda ordem.


Podemos ter a ilusão de estarmos dentro de uma barbárie da qual nunca saímos. Discordo do Professor Leandro Karnal quando diz ser a violência inerente ao homem. No montante da sociedade os 
violentos são minoria; admito que uma minoria amedrontadora de todos nós, pois nos tira a vida por um nada. Um objeto qualquer, um olhar mal compreendido e estamos sem vida.


Mas não é assim a maioria dos homens e mulheres habitantes deste nosso planeta. O Bem supera o Mal. Embora o discurso do Mal reverbere muito mais intensamente.


Vejo nosso tempo como um Rito de Passagem da humanidade. Deixamos a falsidade vigente até a década de 50; tivemos a revolução total dos costumes nas décadas 60 a 80; e chegamos aos Tempos Líquidos da Pós Modernidade. Mas ainda estamos em processo, pois nosso Rito de Passagem ainda não teve seu desfecho. 


Assim, não nos cabe a desesperança. Chegamos a patamares intelectuais importantes; já conseguimos ter uma visão de todo do mundo, uma visão holística. Muito embora não nos pareca,dada a 
violência ainda vigente. 


Vemos já, o alvorecer da Revolução dos Neurônios, onde a irracionalidade das nações não mais terá lugar. Os embates refluirão tendendo a zero. E terão espaço a Solidariedade e a Fraternidade proclamadas lá atrás, na Revolução Francesa. A Liberdade individual e coletiva nós já a conquistamos juridicamente, resta a busca individual de Libertação. Tarefa de cada um na Era do Indivíduo.


O nevoeiro pode estar espesso. Mas somos capazes, de através do diálogo, da vontade firme em todos os envoltos na melhora do mundo, criarmos as necessárias condições para a prevalência da Justiça e da Paz sobre a face da terra. Somos muitos mais que imaginamos, somos a maioria na verdade. Mas ainda não fizemos ouvir a nossa voz.


Esse dia vira! A irracionalidade tenderá a zero em um curto espaço de tempo. Nossas vozes serão ouvidas, somos a maioria.


Paulo Cesar Fernandes

30/05/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário