domingo, 10 de maio de 2015

20150510 Do que brota em nós

Do que brota em nós

Carl Gustav Jung


Há um tudo e um nada no rigor dos tempos. 

A certeza e a dúvida se complementam no correr da vida. São elementos adicionais ou complementares mas compõe a jornada. 

Somos todos seres desejantes; esguios às mudanças, somos homens e mulheres em busca de algo, sem saber ao certo do que seja. Transitamos em círculos muitas vezes, pensando estar cumprindo uma meta. Meta metade meta de algo mais concreto. 

Mas tudo é verdadeiramente fugaz, não se pega o tempo e os momentos com as mãos. Mesmo a lembrança no correr dos anos vai esmaecendo, esfumaçando e a vamos perdendo do chamado consciente.

Renasce. Num repente. Brotando do inconsciente, pessoal ou coletivo. E não sabemos como nos brota tal coisa em tal momento. Se formos sábios deixamos apenas o fluir das coisas. Pois as coisas 

brotando se dizem a si mesmas. São autodizentes, como as personagens de um romance. Trazem em seu âmago todo um discurso sendo a nós dada a responsabilidade de decifração.

Não trazemos o inconsciente por vontade nossa. Não nos é dado esse poder. Ele se projeta quando lhe apraz, para nos dar notas de nós mesmos. 

E somos sempre surdos aos seus conselhos e chamados. A concretude, na material vida cotidiana, nos faz escravos do consciente apenas. Toda metafísica, toda metapsíquica é um engodo e deve ser reprovada; diz nosso Racional viver.

_ Esse sentimento nada tem a ver com a realidade. Devo estar sonhando acordado. Largar dessa besteira. O trabalho sana tudo. Onde eu estava na lógica desse programa da contabilidade? 


Assim fugimos, aos apelos do nascido no mais profundo de nós. Jogamos fora ainda, o trabalho de um Gustave Geley; de um Freud; de um Jung. Como se fossemos senhores da verdade. Uma verdade 
verdadeiramente inexistente.


Temos medo. Isso sim. Medo de nossa realidade, e usamos o trabalho poético e literário; o trabalho braçal; fazemos de tudo para calar, ou não ouvir o nascido das catacumbas do nosso passado 
remoto, ou mais recente. Quando, o mais sereno e belo, seria acolher e dar trato, a cada elemento emergente; buscar dele a significação. Isso sim teria uma função terapêutica; ajudaria na 
recomposição do nosso Ego; em geral fragmentado, por pancadas recebidas e desferidas em nossa sociedade de competição e ódio.

Um Ego restaurado nos predispõe ao amor. É a contraposição ao ódio vicejante em nosso mundo.

E para que eu estou na vida? E para que tu estás na vida?

Para amar. Desde o núcleo familial; amigas e amigos de rua e do bairro; ambiente da escola e do trabalho; país e mundo. Nessa progressão se desenvolve o aprendizado do amor.

E nessa disciplina não há mestre ou doutor. Somos todos aprendizes. Uns, mais sagazes, estão mais na frente; recalcitrantes, estamos mais na retaguarda, mas não fugimos a essa lei.

Viver? É aprender. E dentre todas as coisas, aprender a amar. 


Paulo Cesar Fernandes

10/05/2015

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