domingo, 2 de março de 2014

20140228 Vida

Vida


A vida é muito mais duma somatória de dias, com início no berço e término no túmulo.


Em seus mandros e escaninhos se desflora, abre horizontes de prazer, hedonismo, cinismo, sarcasmo e/ou solidão.


Não fecha portas, abre-as. Tendo o cuidado de colocar senhas em cada uma, para teu esforço desvendar uma a uma, e sagrar-se vencedor e merecedor das benesses oferecidas pela aberta porta.


Cria momentos inacreditáveis: uma ave ferida busca refúgio justamente no regaço do teu Lar; o olhar amoroso do teu cão, quando ele, sem motivo algum, pousa a cabeça no teu colo, tendo por único motivo te admirar, essa é a sua maneira de amar.


Renego o tal "Vale de Lágrimas" para a terra. Renego por completo.


Muitos merecem o sofrimento de todas as suas queixas, estão voltados tão somente para si. Jamais olham a lua em seu esplendor; jamais percebem o jovem cedendo lugar ao idoso na condução; nunca viram o movimento das aves ao fim de cada tarde, num retorno ao ninho, para o aguardo da noite; não percebem que
nessa mesma hora homens e mulheres deixam seu trabalho, voltam para seus lares onde podem trocar palavras e afagos com os amados por seus corações.


Nada disso! Se fazem mártires e se comprazem no martírio recebido, real ou imaginário. Jamais sacodem os pelos como um cão após o banho.


Estão fora da perspectiva mais ampla do mundo. Se querem e se fazem pequenos.


São egoístas e porisso sofrem. Se pensam como o centro do mundo. Odeiam ouvir isto, se voltando para si tão somente.


Deixe-mo-los!


Alçemos voo em direção ao sol do futuro, o sol da vida, o fim da ignorância.


Afinal o mundo aguarda nossa mirada em sobrevoo, cuja perspectiva amplifica nossa capacidade de análise da vida, fora do eixo do materialismo e do egoísmo.


De longos tempos ouvimos "que os mortos enterrem seus mortos".


Amamos a vida, e dela tiramos mais seiva, sorvendo cada gole devagar e com maestria. Cada nova experiência é uma dádiva de bondade capaz de nos fazer mais ricos naquilo que importa. Porisso valorizamos nosso viver.


Em nossos voos, o vento dos Andes renova e recicla nossos pensamentos todos e sempre.


Nesses momentos somos o Condor, capaz de tudo ver em maior profundidade.


Essa é nossa maior riqueza.



Paulo Cesar Fernandes

28  02  2014

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