quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Posições e posturas

Posições e posturas

Chove muito na Cidade de Santos!

 
As gotas d’água se acendem da luz do poste e, cada uma a seu tempo se projetam em seu destino. Mas, antes de se projetarem, algumas se deslocam para a direita, outras se deslocam para a esquerda, e outras ainda, permanecem onde sempre estiveram, dali se projetando.

Os fios da rua são a Humanidade.


Cada homem e cada mulher é uma gota nessa imensidão.


Movendo-se em sua vida de acordo com as condições; estas não atmosféricas, porém político-sociais e, muito mais, pelas próprias condições interiores construídas até aquele ponto de sua existência.

Por todas as forças componentes de sua formação familiar, intelectual e dos diversos grupos aos quais esteve ligada a pessoa.

Grupos capazes de influenciar na formação de sua Persona. A máscara, com a qual nos apresentamos nesse mundo de relações interpessoais chamado sociedade.


Alguns são mais estáticos, outros mais dinâmicos, uns nãomudam suas ideias, outros são a busca incessante de novas posições, mais condizntes estas com a própria dinâmica da sociedade na qual estão inseridos.


Errados? Certos? Não há!


“Todo mundo tem a sua hora e a sua vez” como diz o imortal personagem Joãozinho BemBem de João Guimarães Rosa, em seu conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”.

Joãozinho BemBem vivia em pacata contemplação após muitas peripécias e eventos de sua vida. Mas um dia sua verdadeira essência se fez valer novamente. E ele se pôs de pé novamente, como um homem com seus valores tinha que fazer.


Todos temos uma essência.
Uma essência conservadora.
Uma essência revolucionária.


Todos temos uma. E Bela Inês, da música de Alceu Valença, se viu motivada pela Revolução Cubana, por Che Guevara e por Sandino. Mas quando viu a força da Operação Condor, do Cone Sul da América do Sul, queimou cartas e os livros, tomou de volta a sua verdadeira essência burguesa.


No Brasil, muitos posaram de esquerda para a foto. Mas jamais perderam a essência burguesa dentro de si.


Poucos, muito poucos, fizeram o “suicídio de classe” proposto por Amilcar Cabral, líder revolucionário de Cabo Verde.


Se despojar de valores é um corte muito profundo na própria carne.

É um indispor-se com pessoas. Pessoas muito amadas inclusive. É um arrojar-se no perigo real. Mas não pode ser de outra forma para os corações sinceros.


Um ser humano pautado por Valores, faz destes sua rota de vida e, por nada neste mundo deixa este roteiro. Nada. Nem pessoas, nem cargos, nem posições sociais, e nem nada mesmo.


O que ocorre a um Homem de Valores é jamais vender a sua consciência.


Muitos, na história de nossos países, e no mundo deram a vida para não se vender aos poderosos. Há diferença entre os homens: Galileu Galilei e Giordano Bruno; Fidel Castro e Ernesto Che Guevara. Os primeiros se venderam, os segundos pagaram com a vida seu idealismo e seu destemor.


Dotados de consciência todos. Sabemos dos caminhos a escolher, e dos riscos oferecidos por cada um deles.


Quem tem medo saia da roda. Pois a vida é para os ousados. Os patifes/temerosos seguem e sempre seguirão na sua eterna Zona de Conforto.


Mas nenhum patife mudou o mundo. Seus nomes não são referenciais para as novas gerações.


Os ousados sempre foram criticados e alvejados de diversas formas. Mas, no silêncio dos corações, os outros homens os admiravam, invejavam até.


Eu falo de Carlos Lamarca; Carlos Marighella; do Julião das Ligas Camponesas do Nordeste Brasileiro. Eu falo de Ferreira Gullar; de Paulo Freire e de Darcy Ribeiro pelo menos. Outros tantos nomes caberiam nesta lista, nomes que a história registrará um dia. Um dia vindouro, dia em que a Justiça possa ser tida como um ato de Amor.


Eu falo de homens que amaram e honram o Brasil.


Portal Fernandes   (Paulo Cesar Fernandes


12  02  2013


Nota: Dentre os citados apenas Ferreira Gullar, o poeta, vive.

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