terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Homenagem a quem merece

Viajava de São Paulo a Santos em 2002, voltavamos de uma Feira de Informática, Mauricio um amigo comum, eu e meu cunhado (o irmão mais irmão).

No carro tocava uma música italiana na qual a palavra "adesso (agora)" me chamoui atenção e perguntei o que significava. Faltou a memória a meu cunhado por um tempo, mas a palavra "agora" lhe veio. Eu o pusera numa fria sem a menor intencionalidade.


Me senti mal. E deste fato me decidi aprender italiano.


Ainda era para mim tempo de Internet discada. E em abril de 2003, desempregado, usava o tempo procurando emprego, e mais o que me viesse na telha.


Numa dessas ocasiões a palavra "comunista" me trouxe a musica "Cualcuno era comunista" de Giorgio Gaber.

E pouco a pouco achei quase tudo de Giorgio Gaber.


Tempo dificil, em que um amigo de nome Reinaldo me presenteava com alguns livros, para eu seguir estudando sobre o surgimento da vida na Terra. Gratidão eterna ao amigo.



Mas meu encontro com Gaber foi muito importante.
Com ele aprendi o pouco que sei de italiano.
É meu  método para aprender uma nova língua.
Dicionário do lado, vou traduzindo as músicas.
E quando me dou conta a estrutura da lingua já me pertence.
Essa é uma das magias da minha vida.
As benesses me chegam assim.
De presente.



Domingo para segunda. Já 29 de janeiro de 2013 vou até a RAI antes de dormir.
Era um especial em homenagem a Giorgio Gaber.

Sua familia presente, bem como o pessoal da Fundação Giorgio Gaber.

Mais importante que tudo, seu companheiro de trabalho de toda sua vida: Sandro Luporini.
Idoso e sereno. Grande pintor e imenso coração. Trazia um livro falando de seu trabalho junto a Gaber.
O apresentador lia trechos desse livro. Muito bom.


Os interpretes das músicas do Gaber o fizeram mal, muito mal.
Ninguém neste mundo canta Gaber "a la Gaber".
É como o Gilberto Gil. Tem musica dele que só na voz e expressão facial e corporal dele.

Ninguém chega perto dos gênios. Nunca!


Giorgio Gaber é um gêniio. Artista completo em todos os aspectos. Expressões faciais, corporais.

Com ele aprendi o valor do silêncio quando se fala a um público.

O silêncio enfatiza o recem falado. Dá espaço ao público pensar.
Em seus monólogos, a maestria nesse mister. Evidente, permitia o riso do público.


Chamavam "Teatro Canzone" o que faziam ele e Luporini.
Muito mais sensivel e inteligente que qualquer "Stand up comedy" de hoje.

Eles eram de Milano, culturalmente bela cidade.

Em 01/01/2003 o cancer o levou. São dez anos de sua ausência. Forte ausência.

Mas, onde quer se encontre, uma piada, um texto, uma tirada sarcástica se faz ouvir.

São inseparáveis, o artista e sua arte.
Gaber, eternamente Gaber.



Paulo Cesar Fernandes


Santos - Brasil - 29 de janeiro de 2013

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