quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Elogio da madrugada

Elogio da madrugada


Há poesia na madrugada?


Sim. Há poesia na madrugada.


Quando as brumas da noite se vão dissipando, e um certo clarão vem pouco a pouco se estabelecendo.


Da janela do meu escritório fico admirando o
paulatino vencer da luz por cima da sombra.


Os cães. Arautos de um novo dia. São eles os primeiros a dar sinais. Isto porque alguns humanos já se movimentam, em direção às suas rotineiras atividades.


Uns contentes com o afã de seu trabalho.


Outros carregando nele, pesado fardo, a corroer pouco a pouco a sua estrutura psíquica.


Mas a vida pede movimento, e o homem é movimento em sua estrutura. Afinal tudo é movimento no universo, ou nos universos.


Os pneus dos carros sempre me intrigam.


É alguém iniciando um novo dia?


Ou um ser da noite, capaz de estar voltando dos braços daquela a quem desejou e teve?


Buscando tão somente o refazimento das energias físicas, para mais uma jornada da sedução mais explícita. Sensualidade e emoção barata de beira
de cais. Nos bares beira cais, ou em qualquer outro recanto na boca da noite, o boêmio faz seu teatro. Homens e mulheres vivendo de sensações.


Tecendo sensações em seu viver.


Esse interregno, entre a noite e o dia, é sempre uma incógnita, da mais bela equação já encontrada pela humanidade: a equação da vida.


Já dia. Nos chama a atenção o primeiro cantar de um Bem-te-vi. Um grito vigoroso de saudação ao novo dia, e a toda esperança nele contida, toda
a gama de possibilidades em cada minuto, cada segundo e cada hora desse novo momento existencial.


A luz do dia faz crescer o movimento nas ruas.


As pessoas ainda se amedrontam diante da escuridão da noite. Do inusitado escondido em cada esquina, em cada local mal iluminado.


A luz do dia abre possibilidades.


Novo dia, novos projetos, novas possibilidades de trabalho, de criatividade, de emoção, de afetividade, da autodescoberta.


E um novo texto pode nascer. Assim do nada, trazendo um elogio.


Elogio da madrugada.

Paulo Cesar Fernandes

24  01  2013



Neste 2013   Ano 1   Era da Justiça

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