sábado, 18 de agosto de 2012

Novo paradigma

Novo tempo?
Novo paradigma.

“O ódio é um patrimônio.
Que preenche o coração daquele que o guarda.”

Fim de tarde de uma segunda-feira. O dia cansativo. Pontilhado da tristeza em constatar o imaginado: nas diversas áreas do meu local de trabalho impera a desavença.

Desço do ônibus no Canal 2 ao pé da praia, assim é chamada a Avenida Bernardino de Campos em minha cidade. Em Santos todos os canais nos levam ao Oceano Atlântico; por outro lado, podem dele nos afastar embrenhando-nos bairros adentro.

A caminhada, por pequena que fosse seria útil na necessária renovação mental.

Entre um passo e outro relembrava uma tarde na qual, absorto em olhar o Campus me perguntava do que habitaria o tempo e a mente de docentes, discentes, alunos e funcionários. Qual o móvel de suas preocupações?

Uma aluna me arranca do devaneio:

Ehh! Seu Paulo, pensando na vida!

O carinho das “crianças” me remoça a cada dia.

_Opa! Pensando na vida ou nas vidas? – disse.

A menina seguiu seu rumo, provavelmente a pensar Seu Paulo como um filósofo ou coisa parecida..

Caminhava e pensava nas guerras.

As guerras no Oriente, e tantas outras guerras com balas e sem balas. Guerras de emoções desencontradas. De ódios nascidos dos interesses contrariados.

Muitas vezes embates por idéias que já não são.

Na Alemanha revigorada, o Muro de Berlim é apenas um pedaço de pedra vendido como “souvenir”. Este país já passou por muitos e muitos muros em sua trajetória.

Numa das esquinas emerge uma questão:

_ O que é ser progressista nos tempos de hoje?

Caminho pensando ainda nos tempos atuais. Sabemos da derrocada dos referenciais. Todos. Absolutamente todos caíram por terra.

Esquerda? Direita? – Só em adestramento canino?

Família? – Fragmentos de pessoas apenas.

Instituições de toda ordem? – Degraus para a vaidade dos pobres homens.

É o tempo do individualismo mais acirrado.

Exatamente em função desse quadro aterrador trago a idéia da tolerância. A tolerância como uma conquista deste milênio. Deste Terceiro Milênio.

Mas há um problema: a tolerância não é ainda um conceito vigoroso. Ela precisa de uma parceria. E o parceiro ideal é o Humanismo.

Justamente o humanismo. Antigo conceito reivindicado por diversas concepções filosóficas, talvez todas. Mas habilmente o Humanismo se livrou de todas, todas elas.

Segue intocado, intacto em sua inteireza.

Nenhuma das velhas correntes o cooptou.

A fragilidade do homem ante o vazio que representa o presente momento; só dará lugar a algo capaz de vivificar as relações humanas.

Essa vida virá da Tolerância, e esta só ganhará corpo, se tiver a sólida estrutura do Humanismo a lhe guiar.

Paulo Cesar
25/03/2008

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