segunda-feira, 3 de novembro de 2014

20141104 Clapton me disse de mim

Na minha infância um senhor de minha rua tinha s peles do rosto algo caídas, lhe davam a face de um buldogue. Me olho no espelho e vejo que o tempo vai fazendo entalhes de certas características em nossa face.


Acabo de ver, no CanalBis a face atual de meu ídolo Eric Clapton.


Os dedos e os rifs de guitarra seguem na maestria de sempre.


Mas a face, ai esta o tempo não perdoa. Me lembra em tudo e por tudo o senhor de minha rua de infância. Tanto a um como a outro meu carinho e respeito segue sendo o mesmo.


Até porque tenho espelho em casa e não há colágeno capaz de "desentalhar" as marcas do tempo das quais eu tanto me honro.


Cada ruga, cada marca é fruto de um embate por causas de munha mais profunda crença. Por nada lutei visando cargos ou posições, sempre me pautando em ideias, em sonhos e nunca em ilusões.


Velho? Creio que não. Quem luta a vida inteira, o bom combate e com sinceridade de propósitos jamais será um velho. Mesmo quando o corpo, alquebrado pelo tempo e pelas batalhas, me dificulte os desalocamentos; mesmo quando a memória já contenha histos marcantes.


Enquanto houver em mim uma gota de força para lutar pela Arte, pela Liberdade universal e pela Justiça eu me sentirei o mais rico dos homens. Pois seguirei planando nas asas dos sonhos mais caros, presentes em mim desde a mais tenra idade. Afinal...


Eu nasci Socialista.


Eu nasci poeta.


Eu nasci Literato.


Eu nasci de uma família: honrados antepassados.


Os venero como se fossem Mapuches; Quechuas ou Aymaras.


Povos capazes de transmitir por séculos as suas mais fortes tradições.


Assim são os Villamarin da Espanha; bem como assim são os Fernandes Ramalheiro de Portugal.


Nem sempre este rebelde espírito foi compreendido por familiares e conhecidos. Mas me uno a milhares de pensadores solitários e desprezados deste mundo.


Nasci em momento errado? Nasci em país errado? Nasci entre amigos e conhecidos errados?


Eu sei já ter nascido com projetos e jamais os abandonarei. A morte do corpo físico terá efeito nulo em tudo isso.


Minhas ideias valem mais que eu mesmo. Elas me usam para se projetar no mundo: através de poemas; de livros; de canções; de palestras; etc.


Sou muito mais duma massa de carne vagando na Terra destituída de valores.


Sirvo a uma causa maior que esse pequeno "EU" presente.


Meu corpo veio do pó e ao pó voltará. Mas nunca as minhas causas.


Estas reverberarão no tempo e no espaço; queiram os medíocres ou não. Sementes sempre brotam. Passam séculos adormecidas e um dia brotam, precisam apenas das dignas condições ambientais.


Enquanto vigir a torpeza minhas idéias terão pouco espaço; mas um dia eclodirão destroçando as farsas e os farsantes e garantindo o desabrochar do poder abstrato do conhecimento, chamado por mim de Espiritualidade.


Para mim basta.


Paulo Cesar Fernandes

04/11/2014

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