domingo, 23 de novembro de 2014

20141123 Ocaso

Ocaso
Visões obscuras da vida nos apresentam imagens assim.
Nunca uma manhã de sol.
Embora Santos seja bonita em qualquer circunstância.
===***===



A barba bem feita, um banho revigorante, um cafezinho bom, bem bom, dividindo a tarde.


Os potes de ração da Emma, já aqui na parte superior da casa: o da "janta" e o do dejejum de amanhã.


Agora posso ligar o micro e nele ficar por um tempinho.


Afinal, o ocaso da vida não é ruim como o pintam.


Verdade que não estou no ocaso do ocaso; isso não, mas já não posso me sentir um "homem de meia idade". Não conheço ninguém no meu bairro e nem nesta minha cidade de Santos com 126 anos de idade.


Mas o tempo é bom, me permite brincar comigo mesmo, como agora. E me agastar cada vez menos com as coisas sem
importância.


Estar no ocaso da vida tem lá seus aspectos positivos. Vemos as tardes com mais clareza, achamos o sol da manhã sempre com uma cor mais intensa, e não por erro de visão, um bom oculista eu tenho, mas por ter o peito aberto a ver o belo, sempre presente e, vivendo pautado pelo processo de produção, de intenso trabalho, de competitividade, de mau humor; por tudo isso eu nunca fui capaz de ver. Mas o belo da vida sempre esteve ao meu lado. Sempre mesmo.


Vez por outra eu saia do corpo, nos momentos de "retiros espirituais" quando a poesia brotava, lavando a alma.


A poesia nasce apenas nos estados alterados de consciência. Poetar é ausentar-se de si mesmo em direção a um outro universo. O universo das palavras, transfeito em versos.


É doce o ocaso da vida, é doce.


Paulo Cesar Fernandes

23/11/2014

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