sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

20141227 Remotos fatos

Remotos fatos


Que tenho eu na mão agora?
Um verso? Um poema? Um artigo?
Uma mancha de limão ao sol.
De uma caipirinha, dez anos atrás.
Atrás dela vejo em minha boca.
O gelado do gelo, o sabor do limão, os grãos do açúcar.



Salivo como o cão de Pavlov.
Sensações não marcam os sentidos.
Se engana quem nisso crê.
Sensações marcarcam o profundo do Ser.



Esquecemos o nome.
Mas nunca as sensações.
Seu corpo nu.
Nu e provocante diante do espelho.
No meio da noite a clamar por mais.



Meu corpo exausto.
O Ser em êxtase.
Também pede mais.
Não claudicar, não.
Brincar com o tempo.
Um poema salva.
Recuperação vital.



E mais. E mais.
O nome não lembro.
Seu corpo moreno.
Seu odor de fêmea.
O sabor de mar.
Meu rosto salgado.



A poética da vida.
Tomou meu coração.
Bate célere.
Do chão da sala vejo.
Sua tesoura aberta.
Sobre meu corpo estirado.
E a lata de cerveja.
A caminho dos lábios meus.



O Ser é.
Acima de tudo.
Repositório.
Das mais suaves sensações.
E o tempo?
Não tem força capaz.
De apagar nenhum sonho.




Paulo Cesar Fernandes
27/12/2014


P.S.: Aos 63 anos. Cabe a vida e cabem lembranças.

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