sábado, 3 de agosto de 2013

20130803 Autoimagem


Autoimagem

 

Assistia a uma palestra do Prof. Echeverria da UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) cujo tema era “A imagem na Sociedade e na História”.


Uma série de questões me fora trazidas pelas palavras do professor.


Como alterar a sociedade dada a sua autoimagem icônica?


Sabemos ser a autoimagem pessoal ou social um processo historicamente construído. E, uma vez consolidado o processo há uma cristalização do mesmo.


Tomemos como exemplo a índole pacifica do povo brasileiro. Uma autoimagem, construída e reforçada por uma série de eventos de nossa história, remota ou recente. Há, ou houve em nosso povo uma tendência pela solução dos conflitos de forma acordada. Acordos espúrios ou não, mas acordos.


Vergonhosos momentos foram a tomada do Acre da Bolívia e a Agressão ao Paraguai levada a cabo pelo Brasil, Uruguai e Argentina, países lacaios da Coroa Britânica. Uma vez que o Paraguai vinha num processo de desenvolvimento industrial evidente, e podia se tornar empecilho aos interesses britânicos no continente. Era preciso destruí-lo. A Inglaterra se valeu de seus “aliados” para essa tarefa suja.


Nos diversos países da América Latina, temos formas diversas de solução de seus conflitos internos, sempre com um grande número de vidas sacrificadas: mortos, feridos, mutilados, refugiados e desaparecidos.



Na Província de Jujuy, ao norte da Argentina, se estruturou a Agremiação Barrial Tupac Amaru, algo diferente, ao que me parece da autoimagem da Argentina que todos conhecemos. E de todos os países latino-americanos.



Sua autoimagem é de uma força revolucionária baseada nos Povos Originários do continente, e mais precisamente no líder Tupac Amaru, cuja luta é tida como a primeira ação de libertação em nossas terras. Movimento sufocado via massacre, mas capaz de semear uma ideia suficientemente forte, para estruturar uma imagem plena de autoestima aos desprezados Povos Originários.



Há uma luta para desvalorizar esse movimento. Os Meios de Comunicação de Massas da Argentina em muito contribuem nesse aspecto. Por outro lado, os avanços do movimento como um todo lhe traz outra imagem de si mesmo. A esse avanço dentro da Argentina se soma a chegada de Evo Morales à Presidência da Bolívia.



Evo Morales é um ícone muito respeitado dentro do Barrial Tupac Amaru.



Guardadas as devidas proporções é possível estabelecer uma comparação com o MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) do Brasil. Ambas organizações tem vitórias a serem computadas, tem os MCM contra elas, e evidentemente o povo “que é pensado” pelos MCM. Ser pensado é acatar acriticamente todo conteúdo trazido pelos Meios de Comunicação.



Tupac Amaru é a terceira força econômica e geradora de empregos da Província de Jujuy. Ficando atrás apenas do Governo da província e de uma grande empresa mineradora multinacional.



Milhares de casas de 2 quartos foram construídas. Centros poliesportivos; Núcleos de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador. Na verdade uma série de realizações capazes de reconstruir a autoimagem de toda uma massa populacional.



Profundo contraste com a autoimagem geral do argentino.



Algo semelhante ocorreu entre a imagem histórica do povo boliviano, e a nova imagem trazida pela Era Evo Morales. A cabeça baixa de todo um povo vem, de pouco a pouco se levantando e por certo chegará à altivez de um líder como Tupac Amaru. (Para saber mais desse líder, basta procurar no youtube, onde encontrará um filme bastante ilustrativo de sua trajetória. Eu o recomendo como cultura latino-americana).



Olhar nossos povos e compreender suas lutas. Suas derrotas, suas vitórias.



Seremos sempre reféns dos Meios de Comunicação de Massas?



Você pode mudar de emissora no Brasil, as notícias e as imagens oferecidas são exatamente iguais. Pois tem a mesma fonte: as Agências Internacionais de Notícias.



Apenas encontrará algo diferente se tiver acesso a DW, SIC, TVE, TV5 e RAI. Mesmo assim correrá o risco de ter um repeteco do que viu no Brasil.



Sendo as emissoras brasileiras afiliadas da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) apresentam sempre uma visão unilateral dos fatos. Distorcendo-os segundo os interesses dessa entidade que ironicamente chamo de Sociedade Norte-americana de Imprensa. Uma vez representar ela os interesses dos EUA dentro de cada um dos nossos países.



Basta lembrar que em 1964 todos os MCM apoiaram o Golpe Militar. Lembrar que nesse ano navios norte-americanos estavam na costa brasileira, caso os militares brasileiros não dessem conta do recado. Sabedor disso Jango resolve poupar o país de um embate sangrento.



Quando, após 1968, o regime militar endureceu e a coisa pegou pro lado dos MCM eles foram se desvinculando do apoio aos militares.



Você é pensado pelos MCM?



Responda mentalmente algumas questões:

1)      Os Estados Unidos da América é um país racista?

2)      O que você acha do Uruguai liberar o uso da maconha?

3)      Por que os EUA ainda não reconheceram o Governo de Nilolás Maduro?

4)      Por que motivo os MCM do Equador fustigam tanto o Presidente Rafael Correa?

5)      Como você analisa a vida e obra de Eva Perón na Argentina?

6)      E o governo do casal Kirchner? Como você descreveria?



Não existe resposta certa, assim como não existe verdade nenhuma. São tão somente ideias para fomentar nossas reflexões.



Quem não pensa por si só é pensado por alguém ou alguma coisa. Te cuida!



Paulo Cesar Fernandes


03 08 2013

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