segunda-feira, 18 de junho de 2012

O que houve com o mundo?

Ruas de Maio

O maio de 68 na frança chamado por Olgária Matos de a "Segunda Revolução Francesa" teve por base a afirmação do indivíduo e suas capacidades/potencialidades tais como  a esppontaneidade consciente e criadora.
Acho feliz tal comparação pois, o "Cogito" de Descartes foi o primeiro momemto da História onde o homem e sua subjetividade foram colocados no centro do debate. Nasceu a ruptura do homem voltado para Deus apenas, fazendo-se/sabendo-se este homem capaz de criar coisas, de agir no sentido de gerir seu destino.
Em 68 esta subjetividade retorna num contexto mais amplo, mais forte, diferente.
Digamos que politicamente:
  • se diferenciou do capitalismo em seu modelo industrial-produtivista, que reproduz uma única maneira de pensar e de agir;
  • por outro lado, também se diferencia do marxismo-lininismo e seu autoritarismo. Uma concepção que, através de sua forte vertente ideológica, e do rigor de suas práticas, elimina a individualidade.
Se referindo a este aspecto autoritário dos partidos marxistas-leninistas nos diz Olgária: "A vanguarda interna do proletariado só existe enquanto parte do partido".
A rigor tais partidos não aceitam nada que de sua ideologia se diferencie. Há uma ortodoxia asfixiante.
Será possível pensar a vida, a nossa vida, apenas se nos diluirmos num partido?
Reflitamos algo.
E a vida. A vida na França continuava nas ruas através de um movimento que desde seu princípio recusou o sistema dos partidos, os grupos de pressão componentes de qualquer sociedade; recusavam o sistema e seus métodos como um todo,
Contestava os próprios contestadores daquele tempo. Rompe com as hierarquias dirigentes. Da massacrante disciplina seja do partido ou de qualquer outra origem.
Apenas quem já esteve  dentro de estruturas de um partido ideológico sabe das agruras e dos cortes à liberdade individual. Por sinal, uma característica presente em qualquer entidade/instituição de estrutura autoritária.
O Movimento, em sua liberdade, aniquilava as possibilidades de autoritarismo.
Não estava ali configurada uma luta pelo poder ou contra o poder, segundo a opinião de Olgária Matos, mas sim a afirmação dos direitos à subjetividade e à espontaneidade consciente.
Novo panorama para as ruas
As ruas plenas de gente, pensamentos diversoscompondo um todo coeso. Algo jamais ocorrido até aquele momento:
  • onze milhões de trabalhadores numa greve de duas semanas que quase trouxe a queda de Charles De Gaulle, presidente da França;
  • os sindicatos e o Partido Comunista Frances acabam aderindo a De Gaulle;
  • revolta contra a sociedade de consumo, embora bastante incipiente naquele momento histórico;
  • oposição à Sociedade Tecnológica e aos tecnocratas de uma forma geral;
  • criticas ao capitalismo Ocidental;
Alguns analisavam os fatos apenas como uma forma de colocar em cheque a velha sociedade e sua moralidade.
Greves em universidades e liceus se opunham à proposta de politica educacional do governo, o que trouxe alguns conflitos entre a policia e as administrações universitárias.
O que houve com o mundo?
Todos nós temos cara de panacas, como gostava de perguntar nosso Gonzaguinha?
Cada qual que se responda, segundo sua visão de mundo.
Minha missão é instigar apenas.

Paulo Cesar Fernandes
18/06/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário