sábado, 30 de dezembro de 2017

20171230 O Pombo

Ontem me visitou.
Chovia muito. E lá estava ele.
Eu o conheci como um ovo, junto a outro ovo, na jardineira da janela do meu quarto.


Resisti aos apelos de botar fora tudo aquilo;

traz doenças coisa e tal.
Optei pela vida e não me arrependo disso.
Segui alimentando os pais; e, pela fresta da janela, vendo os dois ovos.


Triste fiquei quando, já filhotinhos, um deles apareceu amassado.
Mas eu continuava olhando aquele imenso bico restante e o coração que batia.


Foram dois meses vendo a Vida, de muito perto.
Vendo esse pombo se desenvolver.


Como eu sei que é ele?

Aristóteles explica: os animais se movem pelo instinto e na natureza tudo se faz de forma exata e determinada.
O gato gateia...
O vento venta...
A chuva chove...
O riacho corre para o rio maior; este corre ao mar...
Assim...
É do instinto do pombo voltar ao lugar onde sente segurança.
Para minha alegria o peitoril da janela do meu quarto.



Ontem eu o olhei e o abençoei como um pai abençoa um filho. Afinal é meu filhote.

Foram dois meses cuidando até que um dia, já encorpado, vejo pais e filhote nas tentativas do primeiro voo.

Tirei de circulação minha cadela Emma para ela não interferir em nada.
Vi a magia da vida acontecer ali, sob meus olhos, o
Meu Filhote de Pombo voar.
Da jardineira (seu ninho) para o muro;
do muro para o telhado da lavanderia;
e de volta ao velho e seguro ninho.
A cadela na frente da casa pude ver algumas vezes isso ocorrer.
Até a família se acolher no velho ninho.
No dia seguinte a familia tinha abandonado minha casa.
Limpei e higienizei o local.



Por que eu fiquei feliz ontem?
Porque a Vida Mesmo, a Vida de Verdade ela é assim.
Feita das pequenas e mais simples coisas nas quais nos vemos envolvidos.

E mais. Porque a Vida está onde colocamos nosso coração.
E um pedacinho da Minha Vida está nas penas rajadas de alvinegro daquele Pombo.
Hoje um belo Pombo adulto.




Paulo Cesar Fernandes.

30/12/2017.

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