quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

20150121 Brincando com a Pena


Pena (O Teatro Mágico




O poeta pena quando cai o pano
E o pano cai
Um sorriso por ingresso
Falta assunto, falta acesso
Talento traduzido em cédula
E a cédula tronco é a cédula mãe solteira



O poeta pena quando cai o pano
E o pano cai
Acordes em oferta, cordel em promoção
A Prosa presa em papel de bala
Música rara em liquidação



E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A Luz acesa
Lá se dorme um Sol em mim menor



Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior



O palhaço pena quando cai o pano
E o pano cai
A porcentagem e o verso
rifa, tarifa e refrão
Talento provado em papel moeda
Poesia metamorfoseada em cifrão



O palhaço pena quando cai o pano
E o pano cai
Meu museu em obras, obras em leilão
Atalhos, retalhos, sobras
A matemática da arte em papel de pão



E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A luz acesa
Já se abre um sol em mim maior



Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior


===

Assista já!

https://www.youtube.com/watch?v=xupjCmlUR08

===


O poeta pena quando cai o pano
E o pano cai



O poeta e a pena como seu instrumento de trabalho.


Mas o poeta também pena, de penar, de sofrer, pois sofre o poeta de verdade ou por ser um fingidor. Como disse outro poeta, da dor que deveras sente.

E sofre com a queda do pano pois detrás do pano é o locus onde ele se esconde.
É como a máscara, a persona, atrás do qual cada um de nós; poetas ou não, nos deixamos iludir de levar ilusão aos demais.



Falta assunto, porém muito mais falta acesso para a mulher ser dona de seu corpo e apenas receber o filho concebido
intencionalmente. Não se pode livrar daquele engano, daquela gravidez fora de tempo, fora de ápoca, e fora de qualquer
possibilidade. E mais, não pode converter isso em algo útil a quem quer que seja.
Um outro Ser, nem pelo mais puro amor ao mundo.



Acordes em oferta, música em liquidação e o poeta vende seu samba. Algo de comer para sua família. E a Cultura de verdade é deslocada para a periferia. E não sabe o tal Ministério, jaz nos grandes centros o que não é mais. E renasce a periferia,
renasce a outra forma de fazer tudo através de liberdade e da criatividade total.



Ninguém segura com as mãos a Liberdade da Arte. Ninguém a amarra nem com os mais complexos nós de marinheiro. Ela eclode e ponto final. Lá está. Sem meios e mídias, mas pelos meandros caminha a Arte. Nos desvãos dos caminhos caminha a Arte.



Mas eles querem que tudo se torne dinheiro, cifrão, inutilidade. Pensam que a tudo se lhe bota um preço.

Boto fora essa gente a pontapés. Pois a Arte é mais, mais dum dolar de milhões de dinheiros.



A Arte é. E se basta com isso.


O artista sabe quem é, e quanto é maior que si mesmo.
É o Ser-em-si e ao mesmo tempo é o Ser-para-si.
Mas ao mesmo tempo se desloca no palco sendo mais e mais a cada dia.


Se sabe algo mais por dentro, e nega as imagens dele feitas. Vistas de fora.



E é por isso, e só por isso, seus altos brados em todas as ruas e em todas as esquinas, dos bairros mais humildes e dos
jardins mais ajardinados. Assim ele brada:

"Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior."



E o é, com certeza.


Paulo Cesar Fernandes

21/01/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário