quinta-feira, 12 de abril de 2012

Pelo Gonzaga recolhendo memórias

Pelo Gonzaga recolhendo memórias

Há flores no jardim da memória; roupas no varal, e cheiro de amaciante por todo quintal; o maracujá diz "PRESENTE" escancarando a cara com novos frutos, pequenos e belos; abelhas e besouros seguem em sua dança sempre indefinida e veloz; as crianças gritam na rua, dizendo que a vida segue como sempre; a noite chegou com seu cheiro de churrasco, e o palavreado feliz do pessoal que "habita" o bar da esquina; o Gonzaga mais que nunca estava bonito hoje, com pessoas bonitas caminhando, umas lentas como eu, outras rápidas carregando suas preocupações, mas tudo tinha um jeito tão santista de ser que adoçava a vida.

A Praça da Independência onde deitei minhas raizes, e onde hão de jogar minhas cinzas no futuro estava lá, imóvel, e ao mesmo tempo instigante, com tantas imagens do meu  passado, sentado em seus degraus com uma dezena de amigos, que toda noite ali se reunia após a aula, para conversar sobre a vida e a Ditadura Militar.
"Só dói quando eu penso" a gente dizia, e ria, ria demais, chapado ou de cara limpa ria do mesmo jeito.

A "turminha da estátua" era olhada pelos personagens históricos ali presentes com carinho e complacência, pois lá de cima eles viam a cidade muito melhor que nós, que só sabiamos voar substanciados.
Afinal, toda ditadura, todo autoritarismo é atroz, e demanda alguma forma de anestesia para atravessar as brumas do tempo "que afinal passou, como tudo tem que passar" como nos ensina o nosso/meu guru Gilberto Gil.

Santos é e sempre será o ninho aconchegante da alma libertária.

Paulo Cesar Fernandes
12/04/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário