Uma panorâmica
Olhando o movimento na rua, os carros, a pressa das pessoas, a vida se me pos de relance.
Penso ter tido a cada 20 anos pontos de inflexão, de mudanças.
Aos vinte, o início de uma atividade profissional com maior responsabilidade. A IBM não era uma empresa qualquer, eram atividades profissionais. Embora contasse com a supervisão de meu superior, eram de minha inteira responsabilidade. Claro, sempre contei com seu apoio e ajuda mesmo, sou grato a José Gomes Casanova.
Um sábio e simples homem, cujo cargo de destaque numa multinacional em nada o modificou.
Aos 40 anos uma revolução. Um novo momento e o ressurgimento do anseio de buscas profissionais mais profundas. Mas tudo ainda dentro de um universo com evidentes tormentas: no campo profissional; no afetivo; no religioso. Renasce a partir daí o interesse pela filosofia e pela sociologia, companheiras desde a juventude.
Aos 60 a aposentadoria. O mergulho na reflexão do autoconhecimento. Nada como a filosofia para espalhar possibilidades pelo caminho. Nunca a vida se mostrou tão claramente para mim. Foi o momento do meu "cogito", aos moldes de Descartes escolhi o que me importava: família e alguns amigos; música e filosofia. A ruptura com tudo e com todos. Uma busca interior muito mais intensa. Adoção de uma vida franciscana na prática. Um viver frugal e sereno.
Dentre todas as coisas dessa fase mais recente se destaca o fim do "Tenho que...". Eu não tenho que mais nada. No passado, nos projetos de Informática, sempre trabalhamos contra o relógio, e contra eventos ocasionais e inesperados. As 8 horas de trabalho nunca eram o suficiente. E, mesmo em casa, nunca o pensamento
estava plenamente solto e livre.
Agora o tempo é solto. Aberto ao verso; à reflexão; à arte; e mais importante, ao carinho dedicado às pessoas ao meu redor. E ao Nick, meu canino companheiro de jornada.
Nossa Hora do Lanche
Se há uma forma do bom viver, esta se consolidou em meu presente. Não é sem motivo que rendo Graças à Vida.
Paulo Cesar Fernandes
11 04 2014
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