sábado, 29 de setembro de 2012

Amor e lutas

Retomando uma anotação bíblica de Paulo a Timóteo, e fazendo uma nova leitura, eu diria:
"A Vida não é feita para os temerosos, fracos e tíbios; mas, muito ao contrário para os fortes de espírito, capazes de viver uma vida de amor e moderação."

***

Amor aos semelhantes, amor aos nossos mais caros ideais, amor à própria vida que emana ao nosso redor, e somos incapazes de reconhecer:
. é o canto da ave que não vimos, no cipoal dos emaranhados pensamentos;
. a luz da lua, nos chamando à partilha com a mulher que nos
acompanha, merecedora de nosso afeto;
. o sorriso da criança aberto para nós, e passamos ao largo, sem sequer percebe-lo, para tristeza da infante;
. tantos outros pequenos desligamentos no transcuraso de nossa existência.

O que é isto?
O que a vida fez de nós afinal? como pergunta Udo Lindenberg.

Somos frutos passivos da sociedade, ou forjamos nossa conduta de maneira autonoma?
Onde estão as rédeas do meu viver? Em minhas mãos?
Diretores ou dirigidos?

Temos nós a palavra, e a idéia dessa palavra dita; ou "somos falados pelos Meios de Comunicação de Massa"; ou "falados por
um pastor"; ou "falados por qualquer ente fora de nossa racionalidade"?

Nossas palavras são fontes de amor ou de azedume?
Estão elas a serviço do semelhante ou na busca do fortalecimento de nosso Ego e de nossa vaidade?

Aqui entra a moderação proposta a Timóteo por Paulo, ou São Paulo, ou como queiramos chamar.
Moderação significa o equilíbrio nas atitudes do dia a dia.
Dotado da Razão e da capacidade de estabelecer para si os melhores roteiros para a existência, o Homem deixa, mais das vezes de se utilizar desse valioso instrumento.
Por "deixar a vida o levar" como diz o poeta, ou por medo de definir rumos, o que é mais preocupante; pois não somos criados para o temor, porém para a coragem, dando a vida se preciso for.

E moderação nunca significou "fugir à luta", atitude criticada tanto por Gonzaguinha ao longo de toda sua obra,  como por Milton Nascimento em sua canção "Caçador de mim".

Dar a vida, mas no sentido do poema de Bertold Brecht, ao nos falar dos homens que lutam por toda uma vida, sendo estes os imprescindiveis.

Amor e luta são palavras que nos parecem antagônicas.

Pelo contrário. Quem ama a vida e seus semelhantes luta. E luta muito, no sentido de que todos, absolutamente todos tenham Vida: saúde, educação, habitação; acesso ao laser e principalmente à Cultura.

Partindo desse patamar mínimo de condições humanas de existência, será dada ao Homem a possibilidade de progresso ético e espiritual.
Até lá o mundo seguirá sendo esse, aberto à nossa apreciação e críticas, mais das vezes justas.


Paulo Cesar Fernandes

29/09/2012

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