terça-feira, 24 de junho de 2014

20140624 Pensar é dificil

Pensar é dificil
 
 
O Meu Caminho na Fenomenologia
Martin Heidegger

Trechos selecionados.


 
Martin se refugiava na Floresta Negra onde fazia seus trabalhos.


Mesmo depois da publicação das Ideias para uma fenomenologia pura, eu continuava cativo do fascínio que sobre mim exerciam as Investigações Lógicas. Este fascínio suscitava em mim uma inquietude persistente, que desconhecia as suas próprias causas, apesar de pressentir que ela nascia da incapacidade em alcançar, pela mera leitura de bibliografia filosófica, a compreensão clara dessa forma de pensar que se chamava fenomenologia.


Foi então – no inicio mais movido por um pressentimento do que por uma inteligência clara do assunto – que aprendi o seguinte: aquilo que para a fenomenologia dos actos de consciência se realiza como o manifestar-se do fenômeno, foi mais originariamente pensado por Aristóteles e por todo o pensar e existência gregos, enquanto Al jeia, o não-estar encoberto do que está presente, como o seu desencobrimento, o seu mostrar-se. O que as investigações fenomenológicas tinham encontrado, de novo, como atitude portadora do pensar, era afinal o traço fundamental do pensamento grego, se não mesmo de toda a filosofia enquanto tal.


E quanto mais claro se me tornava esta noção, com tanta maior força se me colocava a questão: de onde vem e como se determina, segundo o princípio da fenomenologia, aquilo que deve ser experimentado como a “coisa ela mesma”? [die Sache selbst] Será ela a consciência e a sua objetualidade, ou antes, o ser do ente no seu não-estar-encoberto e no seu encobrimento?


Assim fui levado ao caminho da pergunta pelo Ser, esclarecido pela atitude fenomenológica, num sentido renovado e diferente daquele que me guiava quando me inquietavam os problemas colocados pela dissertação de Brentano. Mas o caminho do questionamento seria mais longo do que eu teria podido supor. Requeria muitas pausas, rodeios e desvios. Aquilo que procurei fazer nas primeiras lições de Friburgo, depois nas de Marburgo, não mostra senão indiretamente esse caminho.



Porém, a Fenomenologia, naquilo que lhe é mais próprio, não é de todo uma tendência. Ela é a possibilidade do pensar, que, indo-se transformando com os tempos, e só por isso, permanece como tal,
para corresponder à exigência daquilo que há que pensar-se. Se assim fosse tomada e conservada, então bem pode desaparecer enquanto título, em favor da “coisa do pensar” [Sache des Denkens], cujo estar-revelado continua a ser um mistério.


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Não. Não é fácil o caminho do pensar e do compreender pensamentos mais complexos.


Se o Professor Martin teve confessas dificuldades como fica evidente no primeiro parágrafo do texto por mim selecionado.


Que dirá de nós?


Com nossa tão precária formação no desenvolvimento dos processos mentais e de profundezas do pensar?


É bom saber que as dificuldades enfrentadas são as de todos os homens.


Paulo Cesar Fernandes

24 06 2014

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