domingo, 19 de fevereiro de 2012

John Zerzan - O caminho adiante

O caminho adiante
por John Zerzan

Sem uma nova estrutura, ou uma visão diferente da dos fracassados e limitados esforços
do passado, não haverá possibilidade de desafiar o todo-envolvente ecocídio,
desumanização, e a destruição que são tão desenfreados atualmente. Todos sabem que a
vela esta oscilando, que a crise generalizada continua a se espalhar e se aprofundar.
Meus parentes conservadores sabem que tudo está desmoronando. Esta condição
assustadora e sem precedentes deve ser desafiada em sua totalidade e em suas raízes.
Existe cada vez menos interesse em abordagens parciais, e por uma boa razão:
abordagens parciais apenas garantem que as coisas continuem cada vez pior.


Tem ocorrido para um número crescente de pessoas, em vários lugares, que olhar para
uma saída necessariamente envolve atacar a exata natureza da sociedade. Não somente
o capitalismo, mas a sociedade de massas e sua forma cada vez mais tecnificada, com
suas raízes na civilização. Certamente algumas pessoas tem tomado agora uma retórica
anti-civilização, ao mesmo tempo que evitam sua essência. Recentemente eu li em uma
mensagem na internet que começava com "eu sou anti-civilização, mas ..." Este
indivíduo listou coisas que ele/ela condenava, porém, nenhuma dessas coisas estavam
definindo os aspectos da civilização (domesticação, cidades). Com este tipo de manobra
o jargão muda, e nada mais. Por exemplo, alguém poderia continuar aceitando o
marxismo , com todas as suas limitações, e ainda sim, por alguma razão, adotar o rótulo
anti-civilização. Tal mal uso de termos é comum; por exemplo, Noam Chomsky - um
mero progressista - é referido como um anarquista.


Obviamente é o marxismo, em geral, que é o continuo refúgio para aqueles que não
podem encarar a realidade, e ainda alegam que se opõem radicalmente a essa realidade.
O marxismo, que não tem sido uma visão inspiradora desde a I Guerra Mundial. O
Marxismo, que proporciona um conforto caso a visão do mundo seja limitada - conforto
se o Século XIX for o contexto (e mesmo assim, certamente inadequado).


Uma quantidade de potencial libertador seria incorporado no final da esquerda, isto é
muito claro. Embora tão amplamente, senão universalmente desacreditada, a esquerda
trabalha para manter um horizonte que é criticamente resumido. A visão da esquerda é
limitada por um par de cegueiras: a recusa em questionar a produção em massa e a
tecnofilia. Quando aqueles que se identificam como pós-esquerdistas provam isto
tomando elementos cardinais como as "teses", o termo começará a ter substância.


Generalidades, como a retórica, servem principalmente para mascarar uma falha de
conteúdo. Heidegger falou infinitamente da autenticidade e foi um nazista; Sartre focou
na liberdade e foi um estalinista. Se a filosofia é a reflexão de um modo geral, a política
comete o mesmo erro, e muitas vezes com os piores motivos. Só a especificação e o
concreto transmitem um real significado, e jogam com as conseqüências das intenções e
responsabilidades pessoais. Uma recusa em ser especifico pode ser tida como a marca
do político. "Anticivilização" e/ou "Pós-esquerda" deve ser mais do que rótulos, jargões
vazios.


Se uma tarefa prática é a rasura do que resta da esquerda, um igualmente passo é mais
longe, exploração e questionamento sem limites. Precisamos problematizar, não
assumir ou tomar por certo, cada componente e instituição da marcha mortal da
civilização.


Superar obstáculos deve ser acompanhado por um aprimoramento na busca de modos
para evoluir. Isto é, as alternativas, os meios para deixar a embarcação decadente. O
espectro de outras maneiras de viver deve ser absolutamente essencial, caso, se
expressões como "autonomia" e "re-conexão com a Terra" sejam carregar a importância
que irá brevemente ser colocada sobre nós. Habilidades que não assumem a continuação
da decadente e infantilizadora modernidade, mas ao contrario, são habilidades
necessárias para abandonar isto. Habilidades ligadas à terra, paisagens comestíveis,
tantas maneiras de aprender e explorar. Habilidades que maximizam a plenitude e antimediação
individual, e que são chaves para compartilhar a visão anticivilização. Um
convite em termos reais, sem o qual apenas palavras acontecem. Mesmo se os
passageiros percebem que o jato esta inclinando-se diretamente ao chão, eles ainda não
estão certos de pular pela janela.


O reino do espiritual chama, porque assim deve ser - ou deveria ser - com elementos
básicos. Nossa vida-mundo desincorporado tem perdido lugar na existência. Já não nos
olhamos como parte da teia e dos ciclos da natureza. A perda de uma relação direta
com o mundo tem bloqueado um antigo entendimento universal de nossa singularidade
com o mundo natural. Os princípios da ligação e da simplicidade são o coração do
conhecimento indígena: intimidade tradicional com a terra como uma imanente base da
espiritualidade. Este entendimento é uma essencial e insubstituível fundação da saúde e
do significativo. Esta linha de vida é inestimável. Seu eco é ouvido em comentários de
que a anarquia verde esta na base de um movimento espiritual, o qual deve colocar a
mudança mundial em repercussão. Isto é algo muito atraente para eles - e misterioso
para mim. Eu tenho que dizer que esta esfera é intrigante, e aberta para mim. Mas
parece bom sentir que algo esta acontecendo e admitir isso.


Producionismo ou futuro primitivo, duas materialidades. Um provocado pela extinção
do espírito, o outro por abraçar o espírito e sua realidade baseada na Terra. O abandono
voluntário do modo de vida industrial não é auto-renuncia, mas um retorno de cura.
Voltando deste presente estado e direção do mundo, vamos procurar por inspiração
daqueles que tem continuado a viver espiritualmente com a natureza. Seus exemplos
mostram o que precisamos fazer do nosso modo para o que ainda nos espera, ao nosso
redor.


Táticas podem ter muitas fontes úteis. Supremo é a recusa da total desordem colapsante
e a resistência contra todos aqueles que trabalham para nos manter emaranhados nisto

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