segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Renovar a teoria

Diziam que o mundo ia acabar acho que em 21 de dezembro.
Não acabou!


Mas acaba a cada dia para as aves. Estas se recolhem aos ninhos e cuidam de si e de seus filhotes.
Em sua forma de vida ProtoEspiritual, tem uma condução familiar inegavelmente bela. Poderíam os humanos tomer-lhes o exemplo e em muito sairiam ganhando.


Algo mais belo que a família? Não creio.
Quais os motivos capazes de levar as pessoas, de forma geral, não terem interesse em discutir esse tema?
Queiramos ou não, somos família.


Inicialmente família consanguínea.
Avançamos.
Passamos a amar as pessoas de nossa comunidade religiosa.
Avançamos mais.
Passamos a amar e buscar cuidar das pessoas de nosss rua, nosso bairro. Sim. Por vezes um idoso requer nosso olhar, nosso cuidado, nossa preocupação. Vejo isso em minha rua.
Assim vamos, de avanço em avanço, até chegarmos ao ponto de amar a Família Humana. 


Não que venhamos a ter o mesmo cuidado, e as mesmas preocupações, dedicadas à família consanguínea; mas o sentir nossos companheiros dos cinco continentes como "nossos", isto já é um considerável avanço.


Não nos deslocamos à África, mas doamos algo aos "Médicos sem Fronteiras"; ao pessoal do "Playing for Change", que através da música, executada por participantes dos mais diversos países, consegue manter escolas, e núcleos de apoio, em locais esquecidos das autoridades mundiais.


Avançar!


Renovar predisposições interiores para o caminho de um outro mundo. Pois outro mundo é possível, e não virá das mãos dos poderosos. Somos nós, por debaixo de todos os governos da Terra, a dar esse passo fundamental para a Nova Aurora.

Chamemos isso de "Era de Aquarius" como na década de 60 era costume. Nova Aurora. Importa menos a denominação. Nossa nova postura individual, poderá se refletir numa postura coletiva de maior alcance. Seremos, mesmo com as limitações ainda em nós presentes, os portadores de uma nova civilização.


É contraditório Lutar pela Paz? Mas não será diferente.


Pipocam iniciativas pela Paz ao redor de todo o mundo.

Segundo o pensador mexicano Enrique Dussel, todos esses movimentos, trazem a necessidade de um novo paradigma teórico para pensar o mundo. Numa reação em cadeia, os demais paradigmas, todos eles serão necessáriamente alterados.


O mundo não se sustenta mais tal qual está.


As centenas de novas organizações, presentes no Fórum Social de Porto Alegre são a marca registrada da necessidade de pensar o mundo desde a perspectiva dos de baixo da sociedade. Nascem novas linhas demarcatórias das estruturas sociais. E essas linhas exigem a construção de novos patamares, e paradigmas teóricos.


Inclusive rompendo com o imperialismo cultural europeu: o EuroCentrismo nascido em nossos tempos de colônia.


Precisamos estabelecer teorias sociais não apenas capazes de abarcar a realidade dos países periféricos, mas teorias nascidas a partir da ótica dessas mesmas populações. O que é muito diferente.


Não mais uma voz européia sobre América Latina. Mas uma teoria sociológica latinoamericana, nascida das práticas diárias dos movimentos sociais latinoamericanos. Tomemos um exemplo brasileiro, o MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra). Partindo das experiências acumuladas desses trabalhadores ir elaborando uma teoria sociológica capaz de articular suas preocupações e interesses.


Na Bolívia e no Chile, o mesmo se daria a partir das experiências das organizações mineiras de cada um desses países.


As organizações campesinas de toda nossa HispanoAmérica também se veriam contempladas, bem como entidades do Sudeste Asiático, da África, cobrindo todo o mundo.


É o momento de renovação de toda a teoria sociológica. A Globalização teve esse positivo aspecto, segundo meu pensamento: fez eclodir diversos núcleos pensantes no mundo, pensantes de suas realidades locais; tirando a primazia dos pensadores europeus da Modernidade. Pensadores até respeitáveis como Marx, Hegel, Kant, mas defensores do colonialismo, vendo a Europa como a única fonte da Civilização; em todos os outros povos a representação da Barbárie.


Revertemos a ótica.


Vamos, pouco a pouco, fazendo nascer novos marcos teóricos, condizentes com a nossa realidade, e aderentes às perspectivas dos inúmeros movimentos sociais espalhados pelo globo terrestre.


Talvez, ainda não seja o fim do EuroCentrismo, mas seguramente é um divisor de águas; entre o passado colonial, e o presente da Libertação:
Ética da Libertação; Economia da Libertação; Sociologia da Libertação; Teologia da Libertação; etc.



Paulo Cesar Fernandes

24  12  2012

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