Eu tinha 16 a 18 anos de idade.
Os Festivais da TV Record eram o hit do momento.
Minha irmã mais nova trabalhava num banco e eu gostava de comprar o Jornal da Tarde, onde saíam todas as letras da eliminatória da noite.
_ Beto! Chegou o Jornal da Tarde?
_ Ainda não! - respondia o paciente jornaleiro.
_ Posso esperar?
_ Claro. Senta aí.
Em geral 15 horas chegava.
E como eu dava sopa por ali, acabava ajudando o Beto a montar o jornal. Pelo menos nesses dias de Festival ele tinha um ajudante certo.
Mas, após montados todos os jornais, saía eu com minha jóia na mão.
Eu já via quais eram os compositores. Lia as letras. Escolhia as minhas preferidas.
Pronto. O jornal já estava no ponto, para logo após o lanche minha irmã também se posicionar.
E claro. Nem sempre nossas posições coincidiam.
_ Guitarra no samba? - dizia ela - Onde já se viu.
_ Como não! O fato de ter guitarra não deixa de ser samba.
Lembro das palavras de minha mãe:
_ Mas que é isso? Dois filhos meus brigando? Não quero esse ambiente em nossa casa.
Acabava o debate, discussão, briga; como queiramos chamar.
Mas, em casa apenas reproduzíamos o debate que se dava em toda a sociedade: Guitarras versus Samba.
Um tempo gostoso apesar das liberdades restritas.
O tempo e o progresso levaram de roldão a controvérsia da guitarra e tantas coisas mais..
Mas lembro. Desde menino minha alegria era compartir esses momentos de TV com minha irmã.
Era a irmã que tinha em casa. A outra já se casara.
As águas do tempo correm e correm rápidas demais para nossa compreensão, mas todas as coisas construidas com afeto nunca morrem.
Assim são as relações familiares sadias.
Amor na sua mais pura expressão.
Paulo Cesar Fernandes
08 12 2012
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