Não. Escritor não.
Tão somente um escrevedor.
Um que escreve. Eu repito. Tão somente!
Escritores são esses com livros em livrarias. Concorridas noites de autógrafos, baba ovos nos Meios de Comunicação de Massas. Alguns até com jabás, mas isso não tem a menor importância.
A mim nada disso ocorre.
Quem me compraria um livro?
Quem se ocupa da sociedade hoje?
Da sociologia?
E da Ética então?
Nada disso é interessante.
Não escrevo tragédias, comédias, e muito menos as futilidades da vida das celebridades.
Escritores de verdade carregam nas tintas de seu estilo.
Sua forma.
Sua estética.
Ai de mim!
Sou descolorido, desformado, desestetizado.
O horror da estética formal.
Eu deformo a lógica.
A lógica da burguesia.
Da burguesia do grande capital.
Que editora vai querer uma coisa dessas?
Um Fernandes qualquer, num mundo cheio de Fernandes tantos; tão bons e melhores ainda. Escritores de verdade.
O Millor, o Hélio, são ambos Fernandes.
Um Paulo Cesar caiçara a estes não se compara.
Ademais sem ascendência intelectual.
Honrosamente filho de padeiro; carvoeiro; caminhoneiro; operário como tantos neste imenso país.
Sem pistolão de qualquer ordem, uma verdadeira benção da vida.
Pode a alguém interessar?
Não creio!
Mas um homem bem pensante, e fala do pensado sem medo e com vigor. Crítico dos Meios de Comunicação pois sabe a quem servem. A formação de jornalista lhe tirou a venda dos olhos. Ve os jornais por dentro, com seus jogos de interesses e dos cargos no mercado de venda de convicções.
Tá muito caro!
Eu não me vendo!
Eu denuncio!
Não sou canalha...
Não afago ladrões e os combato insistentemente...
Que posso esperar da vida?
Ilusões?
Nada disso! A vida de sucesso é para os indignos.
A mim resta o ostracismo de um velho escrevedor.
Quem bem sabe disso é o Professor Yves de La Taille.
Ele bem analisa nosso tempo.
Ele cita Bauman quase sempre.
O Bauman de minhas leituras tantas.
Mas quem aos 13 anos iniciou no affair da escrita, e todos esses anos seguiu escrevendo até bater às portas dos 61 anos mantendo acesa a chama da produção, não deve se achar de tal forma mediocre. Algum valor aí deve andar.
Muito lixo já teve seu devido rumo.
Algo mais ainda o terá.
Complacência. Lembranças. Vinculos emocionais ainda
interferem, mas tudo passará por reanálise, reavaliação e redestino.
Uma luta feroz entre Razão e Emoção.
Resta pouco da Caixa de Laranjas plena de versos e textos soltos. Contextos diversos.
A Urbe sempre tão envolvente.
É São Paulo a metrópole incandescente, um verso puro, ela em si.
Minha pequena e gloriosa Santos, tão presente sempre.
Cuiabá, minha terra das águas.
Cabelos molhados e corpos de mulher.
Momentos suspensos na noite, ativa e nua.
Uma pausa e um novo confronto, nova Luta Corporal, qual diria Gullar.
Textos. Textos nascidos de textos. Filhos diletos de letras musicais.
Mas quem editaria?
Sou um PC Nada.
Um Fernandes qualquer sem pai Florestan.
Tão digno de homenagens.
Um simples homem do povo.
Um escrevedor do povo.
Voltado para seu povo, e povos hermanos.
Nesse mundo de homens e mulheres maltrapilhos e maltratados.
Espalhados pelos 5 continentes.
A morrer de fome, de sede, de angústia, de desprazer e de inabalável Exclusão.
O mundo não é deles, lhes roubam um pedacinho mais a cada dia, a cada novo corpo que fenece.
Escrevedor maldito!
Talvez bem escrito, mas odiado; ético, porisso alijado.
Sou o NÃO sincero! Nesse mar de falsidade.
Paulo Cesar Fernandes
15 12 2012
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