Sou um ser dizente,
Um ser a dizer coisas e...
Não disser o pensado,
Faço talho no meu Ser.
Pois Ser é pensar.
Pensar e dizer sem medo.
O medroso,
Se ponha sob cobertas,
e morra!
Inútil é seu viver.
Digo o visto,
O sentido,
A dor do olho do outro,
A fome graçando no mundo,
Capaz de ser debelada, mas...
Esquecida, escamoteada.
Que vale a vida dum pobre?
Sem glamour, sem nome,
Sem eira nem beira,
Acaba na sarjeta,
Se chega a nascer
Vida sem valor, sem calor,
Sem clamor em sua defesa.
Pai desconhecido.
A própria mãe não o sabe.
Tanta transa numa noite.Algum deles é o pai.
Não é puta, nem se acha.
Dá por puro prazer, e mesmo de cara limpa.
O corpo pede, e pede muito.
Aborto não, não pensa nisso.
Mais um? Cabe no barraco.
Vai adiante crescendo bucho.
Ela viu video,
Na Lan House do bairro,
Fetos abortados,
Tres ou quatro ao meio da rua.
Num pais de CentroAmérica.
Sentiu ódio nem pena.
Mas terror em ser mais uma
Não seria Ana Rosa,
Mas um item estatístico.
"Creasce o número de abortos
Na cidade de São Paulo,
Bairros de periferia
Concentram mais casos."
Desliga o rádio dizendo: Não!
Está fora de questãio.
Filho meu vai ser nascido.
Criado, vivido e amado.
Ve a barriga no espelho.
Sorri de alegria triste.
Atenta seus olhos no espelho:
"No amor fui feita, de amor serei.
Paulo Cesar Fernandes
17 12 2012
Nota:
Num documentário no YouTube vi quatro fetos jogados na rua de um país centroamericano.
Foi um corte na razão, me deixando apenas emoção.
Longas, longas horas.
Nem da crítica a capacidade.
Justo nos povos que mais amo, depois do brasileiro.
Eu era só dor.
Uma dor de mortandade.
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