Luiz Vieira
|: É tarde, eu já vou indo
Preciso ir embora, 'té amanhã
Mamãe quando eu saí disse
Meu filho não demora em Braçanã | Bis
Se eu demoro mamaezinha
Tá a me esperar
Pra me castigar
|: Tá doido moço
Num faço isso, não
Vou-me embora, vou sem medo dessa escuridão
Quem anda com Deus
Não tem medo de assombração
e eu ando com Jesus Cristo
No meu coração :| Bis
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Luiz Vieira e seu avó Luiz José Vieira de quem Luiz Herdou seu nome artístico.
Este foi sua grande referência, seu mestre e sua vida.
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Luiz Vieira é nordestino por convicção e por sentimento; pernambucano por acaso. É fruto de uma família tradicional do Rio de Janeiro que reside no estado do Rio.
...O avô, Luiz José Vieira, foi o responsável pelo alto conceito que a família possui, no Rio. Foi um patriarcal da última palavra, justa e certa. Um homem que lutou muito pela vida, trabalhava na roça, com a compra de alguns animais, como cavalos, burros, com um senso muito aguçado de comerciante, comprava diretamente dos fazendeiros e lavradores seus produtos e os transportava para Alcântara / Niterói / Rio. Ficou rico com tal importância que a Leopoldina lhe reservava quatro vagões só para transportar suas mercadorias.
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Dona Leopoldina Vieira, avó de Luiz Vieira, tornou-se estimada por todos e acabou até virando nome de rua, em Alcântara. O casal teve dois filhos:
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Luiz Rattes Vieira e Lourdes Vieira. Luiz Rattes Vieira tornou-se advogado de renome e casou-se com Anita Alves de Mendonça, uma portuguesa de Trás do Monte.
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Sua mãe teve um segundo filho, Lincoln, e sofreu complicações durante seu terceiro parto quando veio a falecer, deixando Luiz Vieira com dois anos e quatro meses.
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Luiz Vieira passou sua infância dividida entre a casa da família em Alcântara, onde hoje está a rua Leopoldina Vieira, o sítio em Guapimirim, onde seu avô trabalhava como empregado.
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Travesso e talentoso, cultivou a herança da mãe: a inspiração para a música e a poesia.
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Seu avô trabalhava com comércio de embarcações e transportes de cargas, até que, em meados de 1938, um acidente com um navio, levou ao fundo do mar uma lancha da Marinha, acarretando deste modo a perda da riqueza dos Vieiras.
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A pobreza ocorrida de uma hora para outra fez com que Luiz Vieira se dedicasse à caça e à pesca. Foi também guia de cego, engraxate, domador de burro xucro, cortador de lenha e daí por diante. Só queria sobreviver.
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Quando completou 14 anos, o avô já se recuperara da intensa crise. Luiz Vieira, porém sentia-se na obrigação de trabalhar e ajudar em casa. O velho comprara um caminhão e fazia todo tipo de carreto que surgisse, percorrendo o Estado do Rio com o neto ao seu lado.
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Mesmo na dificuldade, o espírito musical nunca foi deixado para trás.
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Luiz Vieira foi trabalhar na oficina do tio João, marido da tia Lourdes; e lá conheceu Justo, um crioulo que o estimulou a seguir carreira artística.
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Foi, enfim, para a Guanabara, tentar a sorte nos programas de calouros.
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A princípio, cantava músicas românticas, valsas e sambas-canções. Uma vez, porém, no programa de Renato Murce, no Rio, imitou Vicente Celestino. Apareceu em todos os programas possíveis: na "Hora do Pato", nos "Calouros em Desfile" e no programa "Manhãs da Roça" de Zé do Norte; nessas apresentações só ganhava experiência e o dinheiro da condução.
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Teimoso, ele se inscrevia em todos os programas de calouros. Todos os dias, durante quase um ano, Luiz enfrentava a estrada, num trajeto de três horas entre as cidades de Alcântara e do Rio de Janeiro, vislumbrando uma chance de cantar no programa do Zé do Norte. Graças à sua persistência, sua vez acabou chegando. Uma greve dos cantores contratados pelo programa levou a produção ao desespero. E lá estava o perseverante Luiz que, desde então, passou a fazer parte da equipe.
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A primeira vez que Luiz Vieira entrou num cabaré, empregou-se como "crooner da orquestra". O pianista, primo Ubirajara dos Santos, trabalhava no cabaré "Novo México", na Lapa, o coração do bairro carioca. Tinha ido falar com o primo e, como o cantor estava atrasado, foi convidado para dar "canja", o dono gostou e o contratou.
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A vida de Luiz Vieira foi se modificando lentamente, até conseguir o contrato na Rádio Tupi do Rio, por intermédio de Paulo de Gramont. Só nessa época abandonou o carro de praça, que lhe dava algum dinheiro, em Niterói. Foi contratado em 1950 pelas Emissoras Associadas, que unia Rádio Tupi e Record.
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Sua primeira gravação foi conseguida por intermédio de Venilton Santos. O primeiro disco foi gravado na Todamérica. "Pai, acende a lampião", um baião de sua autoria com parceria de Ubirajara dos Santos.
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Em 1953 acontece seu primeiro sucesso "Menino de Braçanã", gravado por Roberto Paiva pela primeira vez e logo em seguida por Ivon Curi, que estourou por todo Brasil.
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Em 1954, mudou-se para São Paulo; contratado para a Rádio Record, como cantor de rádio e televisão, pelo dobro do que estava ganhando no Rio, e lá permanecendo até o ano de 1961.
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Paralelamente, em 54 Luiz é contratado pela Rádio Nacional como cantor, onde ficou até o ano de 1959.
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Em 1962 Luiz transfere-se para a TV Excelsior, onde viveu o grande auge de sua carreira, com o programa "Encontro com Luiz Vieira".
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Nesta época estava ganhando bastante dinheiro, tanto que se achou na obrigação de se repartir com os mais necessitados, então separava 20% do seu salário para as pessoas que lhe pediam seu auxílio. Ele doava medicamentos, gêneros alimentícios e roupas, até fundar a associação "Lar Escola Emmanuel" juntamente com os amigos Rocha, Silva e Neli.
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Em 1962, Luiz estoura por todo Brasil com sua obra-prima "Prelúdio pra Ninar Gente Grande", conhecida por Menino Passarinho, no ano seguinte acontece outro grande sucesso, "Paz do Meu Amor".
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Luiz Vieira atuou com programas próprios em todos os lugares em que estreava uma televisão, desde Belém do Pará ao Rio Grande do Sul.
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Em 1970 Luiz estréia na TV Itacolomi, em Belo Horizonte, TV Piratini, em Porto Alegre, com seu programa "Eu Show Luiz Vieira", com este programa Luiz excursionou por várias cidades do Brasil.
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Chegou a fazer 5 programas por semana, do Ceará ao Rio Grande do Sul: TV Ceará, TV Jornal do Comércio de Pernambuco, TV Itapoã na Bahia, TV Piratininga no Rio Grande do Sul e TV Paraná em Curitiba.
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Tem gravado cerca de 30 compactos e apenas 8 LP's, pois sua vida atarefada, faz com que disponha de pouco tempo para estúdios de gravações.
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É autor de mais de 500 melodias, entre baiões, toadas, sambas e prelúdios, gravadas por mais de 50 dos mais importantes intérpretes brasileiros, desde a velha guarda com Augusto Calheiros, "A Patativa do Norte"; Gilberto Alves e pela média guarda com Dolores Duran, Moacyr Franco, Antonio Marcos, Agnaldo Rayol, Peri Ribeiro, Carlos José, Marlene, Nara Leão, Taiguara, Evinha, Caetano Veloso, Hebe Camargo, Sérgio Reis, Jane e Herondy, Ivan Lins, Fagner, Zizi Possi, Caetano Veloso, Rita Lee e outros. É também um profundo conhecedor de literatura de cordel e folclore.
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Não gosta de ser chamado de cantor e sim cantador.
A diferença, segundo o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda é CANTOR é aquele que canta por profissão e CANTADOR é aquele que canta; poeta capaz de improvisar versos ao som da viola e a rebeca; violeiro é sinônimo de cantador, poeta de literatura de cordel.
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Todas as manhãs, das 6:00 às 9:00 hs, os cariocas têm o privilégio de ouvir a voz cativante de Luiz Vieira, na Rádio Rio de Janeiro AM - o programa "Minha Terra, Nossa Gente". Há um quadro interessantíssimo chamado "Gente que Brilha", dedicado a aniversários de cantores e compositores da música popular brasileira, este era apresentado pelo velho Dr. Paulo Roberto na Rádio Nacional.
«««««É prá ver que quando a gente lida com o bem, podem surgir dificuldades e muitas até, mas sempre a vida nos devolve tudo que a ela oferecemos.
Poeta e músico que acompanho e admiro desde minha infância quando o assistia na TV Excelsior de São Paulo.
Meu abraço a Luis Vieira.
Se entre nós estivesse, João Guimarães Rosa também te mandaria um forte abraço, pelo que tens feito pela cultura de todo nosso sertão.
A benção de Deus sobre ti meu amigo.
Paulo Cesar Fernandes
11 11 2012
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