Na Boca da Noite - Paulo Vanzolini
Cheguei na boca da noite, parti de madrugada
Eu não disse que ficava nem você perguntou nada
Na hora que eu ia indo, dormia tão descansada,
Respiração tão macia, morena nem parecia
Que a fronha estava molhada
Na vida boêmia as relações são casuais, fugazes, mas muitas vezes deixam marcas, pois ninguém pode comandar o coração.
E quando menos se espera está a paixão a nos chamar.
Negamos, racionalizamos, pensamos na esposa e tal, mas ela está lá, corroendo a alma.
E na vida boêmia os reencontros são uma constante, pois são os mesmos lugares a frequentar.
E a paixão ardendo.
A mesma mesa de um mesmo bar.
Os amantes se evitam no inicio da noite, mas as mãos acabam se chamando e se encontram nalgum momento. Das mãos aos lábios, e à respiração ofegante, até que vence o prazer, e nada mais a fazer, é deixar o rio fluir pro mar.
Vi um rosto na janela, parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite, saí de madrugada
Gente da nossa estampa não pede juras nem faz,
Ama e passa, e não demonstra sua guerra, sua paz
Quando o galo me chamou, eu parti sem olhar pra trás
Porque, morena, eu sabia, se olhasse, não conseguia
Sair dali nunca mais
Quando a paixão é forte, parte a parte tem certeza, de paixão em amor transformar.
Certeza forte tira o juizo.
E tudo fica prá trás.
Esposa, casa e filhos, pois a certeza é demais.
Aplaca a consciência no amor, e o sexo, essa seiva de vida, a todo amante transporta.
Vida nova é calmaria, garantia de alegria e paz.
Até nova ordem...
O vento vai pra onde quer, a água corre pro mar
Nuvem alta em mão de vento é o jeito da água voltar
Morena, se acaso um dia tempestade te apanhar
Não foge da ventania, da chuva que rodopia,
Sou eu mesmo a te abraçar
Traiçoeira é a vida boêmia.
Ela chama, leva e traz.
E na segunda companhia o prazer já não tem mais.
Qual animal no cio, o boêmio sai à luta na noite fria.
Muda o bar, o recanto, e nas letras dos novos cantos, sai de novo a se juntar.
Nova gente, novo rumo, e com certeza nova paixão virá.
Pois das paixões da vida, se alimentam a boêmia e a poesia.
Paulo Cesar Fernandes
30 11 2012
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