sábado, 3 de novembro de 2012

Jornal da tarde. Adeus!

31  10  2012


Jornal da tarde. Adeus!

Vais na hora certa, pois o capitalista bem sabe o destino do seu dinheiro, e de sua margem de lucratividade.


Não importa se Mino Carta, o maior jornalista do Brasil, te projetou com perfeição a criativa estética.


Padrão mantido pelo menos até 1990, ano que ainda te acompanhei os passos.


Independente de quem veio depois, fostes um produto renovador.

Abarcando um público incapaz de ler o sempre velho "O Estado de São Paulo". Fostes capaz de fidelizar esse público, com profissionais competentes e sem grandes amarras no texto.


Uma linguagem elaborada, porém mais solta, capaz de permitir ao leitor identificação com o autor do texto.


Em 1976, no local de trabalho, era comum um comentário como:


_Hoje a coluna de fulano voce tem que ler.


Evidentemente, esse fulano pertencia ao time do "Jornal da Tarde", jornal de todos nós, que chegava às bancas por volta de onze da manhã, permitindo sua compra no período dedicado ao almoço de nosso grupo de trabalho.


Dentro do período mais triste da história deste país, conseguiu fazer  um bom trabalho jornalístico, apesar das restrições impostas pela Ditadura Militar.


A mesma Ditadura Militar, apoiada em seus inicios pelo jornal "O Estado de São Paulo", seu irmão mais velho, e sempre conservador.


No momento de lançamento do "Jornal da Tarde" o próprio Estadão já era alvo das garras da censura ditatorial, se vendo obrigado a publicar versos de Camões para denunciar a censura de artigo dedicado àquele espaço.


Tenho certeza do "Jornal da Tarde" ter cumprido sua tarefa, dentro dos limites de uma empresa voltada aos interesses do capital norteamericano aplicado em nosso pais; bem como os interesses da elite agrária nacional.


Apesar de todos os limitantes, louvo aqui o trabalho de cada um dos colaboradores, das mais distintas fases da vida
do jornal. Exemplares sempre.


É a cada um dos jornalistas que vai meu aplauso e meu louvor; nesta hora em que postos de trabalho se fecham, e vozes são caladas.

Companheiros jornalistas!

Parabéns pelo vosso trabalho!


Paulo Cesar Fernandes

31  10  2012

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