quinta-feira, 10 de outubro de 2013

20131010 Renascimentos

Renascimentos


Eu digo o mundo?


Ou o mundo se diz através de minhas palavras, sendo eu o medianeiro ou médium das vontades e vocações deste contemporâneo tempo?


Aquele dedicado às letras é ele mesmo e sempre o gerador de seu pensar?


Por vezes, caminhando por esta Cidade de Santos tão ao meu gosto, e testemunha de todos os meus nascimentos, desde os ternos tempos da infância, essa dúvida vem e toma conta de meu pensar.


Nasci antes da escola, com as lições aplicadas por minhas irmãs mais velhas que eu.


Nasci com Dona Alaíde, mãe de amigo. Professora a me mostrar a diferença entre narração e descrição.


_ Paulo como vai na escola? - pergunta ela quando eu estava no primário.

_ Aquilo é uma chateação. Querem que escreva sobre uma figura, ou conte a estória dela. Chato demais. - amuado com o tema da conversa.

_ Se eu te passar lição você escreve para mim? - disse ela sorrindo.


Envergonhado ao limite aceitei o desafio e nasci para a escrita.


Nasci novamente, e para muitas linguagens através da mãos dos professores do Curso Decisão na Avenida Bernardino de Campos. O nosso Canal 2 em Santos.


Nasci com Ideal Jovem, jornal da mocidade.


Mas o nascimento mais forte foi após o Golpe de Estado e implantação em 1964 da Ditadura Militar no Brasil. Eu tinha 12 anos.


O ódio andava pelas ruas. Penetrava os lares, as escolas.


No dia 1º de abril de 1964, ao ouvir na TV o ocorrido me faltaram as forças, menino que era chorei qual adulto. Pressentimento de tempos negros acabaram desaguando na realidade. Não imaginava naqueles momentos iniciais de toda a violência futura. Das delações umas reais outras forjadas. Desavenças entre vizinhos convertidas em denúncias. Mortes e prisões arbitrárias.


Era preciso resistir dentro de minha inocência. Me fiz poeta de versos tolos. Infantis. Mas dentre eles uma quadra se destacava: quatro versos a Ernesto Che Guevara.


Em 1959 havia nascido Cuba, a primeira estrela socialista da América Latina e do Caribe. Foi meu nascimento político. Era esse o meu caminho: o socialismo. Com todas as críticas ao Socialismo de Estado.


Sou Che contra Fidel.


Sou Socialismo contra a Barbárie vigente.


Sou Solidariedade entre Todos os Povos da Terra.


Sou contra as concepções meramente econômicas definindo o rumo dos países.


Sou pela Justiça e pela Paz, e faço delas a minha mais forte militância.


Sou contra os ladrões do povo; oportunistas; gente que usa as pessoas e as descarta como lixo.


Sou contra o Neoliberalismo; a terceirização; a precarização do trabalho em detrimento de postos de trabalho com segurança e valor a quem trabalha.


Sou contra esses imbecis consultores de empresas que mais não fazem além de converter os trabalhadores em sua massa de manobra. Servidores amansados e prontos para a mais cruel exploração.


Sou contra a competição entre as pessoas proposta pelo capitalismo. Saio de todos os lugares onde a competição tenha se estabelecido. A supremacia da vaidade.


Sou contra os banqueiros que enchem o bico de dinheiro e regateiam um justo aumento aos que lhes garantem o lucro. Sangram seus funcionários no dia a dia, tirando muito mais que a mais valia.


Contra este mundo tal qual se encontra.


Proponho e luto por algo novo.


Sem Estado protetor ou Tutor.


Sem escolas, sem classes.


Classes de aulas. Classes sociais.


Por Justiça proponho o novo.


Um novo modo de pensar o mundo para este renascer para o nosso desfrute. O desfrute de todos os homens e mulheres. De todas as raças, povos e credos.


Um planeta indutor do progresso e da Vida para todos os que o habitem.



Paulo Cesar Fernandes

10 10 2013

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