terça-feira, 1 de outubro de 2013

20130930 Tempo transeunte ou escultor

Tempo transeunte ou escultor


O tempo passa por todos nós.


Mas algumas faces tem entalhes mais profundos, como se o artista lhes quisesse atribuir maior expressividade.


Me causou espanto uma mulher, não chegada aos 30 anos, cuja máscara facial trazia fortes marcas. Olhos fundos, desprovidos de penetração no olhar. Um olhar de vidro, olhar de paisagem, como se diz popularmente. Algo vago e perdido no espaço.


Assustadora imagem.


Quanto lhe teria fustigado a vida? - era a questão que me habitava.


Não se passam 10 minutos e a leveza atravessa meu caminho. No mesmo Gonzaga de toda uma vida. Uma idade mais avançada compunha um rosto fino, num olhar sereno e delicado. A mesma delicadeza no andar, quase um deslizar sobre si mesma. Qual bailarina sobe as escadas de seu caminho, me fazendo observador refén da imagem.



"O tempo não devia destruir as pessoas, esse injusto tempo." - pensei de pronto.


Ou seremos injustos nós em seu uso, num processo de autodestruição?


A máscara grotesca ou a face angelical são reflexos da alma?


Afinal, o tempo nos marca, ou nossos atos e hábitos são os instrumentos a lapidar pouco a pouco a nossa "persona"?


Reflitamos algo mais sobre isto.


Quanto a mim, não tenho certezas. Apenas registro os fatos e me proponho questionamentos. É uma forma de viver.


Paulo Cesar Fernandes

30 09 2013

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