Humano. Humano?
Como entender essa palavra?
Por dias venho pensando nisso.
Ao pensar me vem à mente a frase de Ernest Hemingway:
"Quando um homem mata outro, mata a humanidade."
Como podemos entender essa afirmativa do conhecido escritor de "O velho e o mar"?
1. Matar outro homem é, simbolicamente matar toda a Humanidade;
2. por outro lado, quando matamos um semelhante nosso, matamos a humanidade existente dentro de nós.
Olhando o mundo, em todas as suas mazelas, venho caminhando para a ideia da palavra humano significar agressivo, desleal, canalha, ladrão, assassino dentre outras.
Senão vejamos:
AGRESSIVO:
Não é o que temos em todas as nossas sociedades?
Seja no trânsito ou fora dele, não é a agressividade um elemento intrínsico de nossa mais profunda índole?
Se alguém de chofre nos pergunta as horas nosso primeiro impulso não é de autodefesa e agressão? E mais...
Fazemos a guerra por motivos banais. Fomentamos a agressividade entre povos para vendermos mais armas.
Temos fábricas de armas para que uns humanos matem aos outros humanos.
Um humano mata o outro futilmente, não sendo para sua sobrevivência como ocorre no reino animal. Em todos os continentes a vida se banalizou.
Alguém assassina e queima um ser da sua espécie, ou de outras espécies sem a menor dificuldade.
Mata os seres de outras espécies por puro esporte, um "esporte" chamado caça. Participa de touradas, corridas de touros, etc.
E temos tudo isso como natural, como humano.
DESLEAL:
Somos todos leais nas instituições pelas quais transitamos? Na perspectiva de abertura de um cargo, com um salário menos aviltante, são leais os candidatos todos?
Não acaba vencendo o que "sempre diz SIM"; que joga tênis com os que decidem; que participa, embora ache chatíssimo, das reuniões de bar ao fim da tarde; enfim quem faz um jogo nem sempre ético;
Gente que fura a fila em banco, mercado, cinema, e outros locais;
Gente que estaciona "por um instantinho" na garagem de outrem; outro para "por um minutinho" em fila dupla, segurando o trânsito de toda uma avenida, só para pegar seu filhinho na escola, um filhinho que nunca está na calçada como deveria.
Gente que não devolve o troco, quando o comerciante se engana lhe dando a mais; etc.
E acabamos entendendo tudo isso como natural e humano.
CANALHA:
O que manda trones pelo ar para assassinar "supostos terroristas pertencentes à rede ...";
Que impoe políticas neoliberais a países independentemente da vontade de sua pópulação; etc.
São coisas tidas por convencionais e humanas.
LADRÃO:
Usa seu cargo para negociatas, na área pública ou privada. Sendo que na área pública isso significa roubar o dinheiro do povo, destinado à educação, saúde, habitação, etc.
Se vale de um avião de forma ilegal, apenas por ter um determinado cargo;
Não sente nem um pouco de vergonha de seus atos ilícitos ou ilegais.
No Brasil e no mundo esse é um padrão humano de conduta.
Se o mundo é majoritáriamente composto por pessoas desse naipe.
Ser humano é ser isso aí. Humano mas não natural na verdade.
Alguns querem te fazer acreditar que isto é normal.
Nada disso! É aberração. Aberração ética. Canalhice pura.
Mas está aí, em todos os países, e em todas as classes sociais, em todas as instituições. O mundo é assim. Ser humano é ser isso aí.
Como designar uma pessoa destoante desse "padrão humano de ser"?
PósHumano? SuperHumano (Übermensch = SuperHomem) como queria Friedrich Nietsche?
Para mim basta.
Humanidade é todo esse padrão deformado, por mim descrito acima. É sempre a negação da evolução. É sempre a brutalidade.
O desconsiderar o semelhante de todas possíveis formas de desconsideração. Do sutil desprezo ao assassinato.
Para a sensibilidade, para a arte, para a solidariedade, para o amor sincero, e tantas outras virtudes, precisamos encontrar um outro vocábulo, uma outra palavra.
Humano e Humanidade perderam sua significação. Ante a brutalidade/primitividade dos homens de nosso tempo.
É triste porém real.
Paulo Cesar Fernandes
08 08 2013
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