quinta-feira, 8 de agosto de 2013

20130808 Humano

Humano. Humano?


Como entender essa palavra?


Por dias venho pensando nisso.


Ao pensar me vem à mente a frase de Ernest Hemingway:
"Quando um homem mata outro, mata a humanidade."


Como podemos entender essa afirmativa do conhecido escritor de "O velho e o mar"?


1. Matar outro homem é, simbolicamente matar toda a Humanidade;


2. por outro lado, quando matamos um semelhante nosso, matamos a humanidade existente dentro de nós.


Olhando o mundo, em todas as suas mazelas, venho caminhando para a ideia da palavra humano significar agressivo, desleal, canalha, ladrão, assassino dentre outras.


Senão vejamos:


AGRESSIVO:


Não é o que temos em todas as nossas sociedades?


Seja no trânsito ou fora dele, não é a agressividade um elemento intrínsico de nossa mais profunda índole?


Se alguém de chofre nos pergunta as horas nosso primeiro impulso não é de autodefesa e agressão? E mais...


Fazemos a guerra por motivos banais. Fomentamos a agressividade entre povos para vendermos mais armas.


Temos fábricas de armas para que uns humanos matem aos outros humanos.


Um humano mata o outro futilmente, não sendo para sua sobrevivência como ocorre no reino animal. Em todos os continentes a vida se banalizou.


Alguém assassina e queima um ser da sua espécie, ou de outras espécies sem a menor dificuldade.


Mata os seres de outras espécies por puro esporte, um "esporte" chamado caça. Participa de touradas, corridas de touros, etc.


E temos tudo isso como natural, como humano.



DESLEAL:


Somos todos leais nas instituições pelas quais transitamos? Na perspectiva de abertura de um cargo, com um salário menos aviltante, são leais os candidatos todos?


Não acaba vencendo o que "sempre diz SIM"; que joga tênis com os que decidem; que participa, embora ache chatíssimo, das reuniões de bar ao fim da tarde; enfim quem faz um jogo nem sempre ético;


Gente que fura a fila em banco, mercado, cinema, e outros locais;


Gente que estaciona "por um instantinho" na garagem de outrem; outro para "por um minutinho" em fila dupla, segurando o trânsito de toda uma avenida, só para pegar seu filhinho na escola, um filhinho que nunca está na calçada como deveria.


Gente que não devolve o troco, quando o comerciante se engana lhe dando a mais; etc.


E acabamos entendendo tudo isso como natural e humano.



CANALHA:


O que manda trones pelo ar para assassinar "supostos terroristas pertencentes à rede  ...";


Que impoe políticas neoliberais a países independentemente da vontade de sua pópulação; etc.


São coisas tidas por convencionais e humanas.



LADRÃO:


Usa seu cargo para negociatas, na área pública ou privada. Sendo que na área pública isso significa roubar o dinheiro do povo, destinado à educação, saúde, habitação, etc.


Se vale de um avião de forma ilegal, apenas por ter um determinado cargo;


Não sente nem um pouco de vergonha de seus atos ilícitos ou ilegais.


No Brasil e no mundo esse é um padrão humano de conduta.





Se o mundo é majoritáriamente composto por pessoas desse naipe.


Ser humano é ser isso aí.  Humano mas não natural na verdade.


Alguns querem te fazer acreditar que isto é normal.


Nada disso! É aberração. Aberração ética. Canalhice pura.



Mas está aí, em todos os países, e em todas as classes sociais, em todas as instituições. O mundo é assim. Ser humano é ser isso aí.



Como designar uma pessoa destoante desse "padrão humano de ser"?


PósHumano? SuperHumano (Übermensch = SuperHomem) como queria Friedrich Nietsche?


Para mim basta.


Humanidade é todo esse padrão deformado, por mim descrito acima. É sempre a negação da evolução. É sempre a brutalidade.


O desconsiderar o semelhante de todas possíveis formas de desconsideração. Do sutil desprezo ao assassinato.


Para a sensibilidade, para a arte, para a solidariedade, para o amor sincero, e tantas outras virtudes, precisamos encontrar um outro vocábulo, uma outra palavra.


Humano e Humanidade perderam sua significação. Ante a brutalidade/primitividade dos homens de nosso tempo.


É triste porém real.


Paulo Cesar Fernandes

08 08 2013

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