Por toda a eternidade Sísifo foi condenado a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível. Por esse motivo, a tarefa que envolve esforços inúteis passou a ser chamada "Trabalho de Sísifo".
Sísifo tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para mostrar-lhe que os mortais não têm a liberdade dos deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo, pois, concentrar-se nos afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, tornando-se criativos na repetição e na monotonia.
Fonte: Wikipedia.
Orgulho e vaidade
Hoje, refletindo sobre o orgulho e a vaidade a mim inerentes, os comparei ao trabalho de Sísifo.
Quando penso estar a cavaleiro da situação diante dessas chagas, vem um fato e me poe novamente em sensação de estar na estaca zero.
Embora saiba que, diferentemente de Sísifo, não estarei para toda eternidade nesse processo, assim o espero, a cada vez tomado da vaidade e do orgulho me faço triste. Nada de muito pesado, mas com a sensação de um recomeço.
Como um alcoolatra que, depois de um período sem beber tome alguma coisa. Se sente derrotado, numa situação que chamo de retrocesso. Essa é uma doença sem cura, daí a necessidade de constante vigilância.
Vigilância forte. Inclusive com relação aos pensamentos e pequenos atos do dia a dia.
O Bem viver requer tomadas de decisões firmes, e uma vigilância perene.
Claro que temos pressupostos mais importantes como a Liberdade Plena; objetivos benevolentes para a existência; não apenas para si, egoísticamente, mas para todos em estado de necessidade. Num processo de ampliação constante do conceito de familia.
Iniciamos amando a família consanguínea. Ampliamos quando entramos na escola; e mais no ambiente de trabalho. Nos Tempos Sólidos (Bauman) tinhamos um emprego e nele ficávamos até a aposentadoria. Hoje, nos chamados Tempos Líquidos, temos um mundo que nos obriga a diversos ambientes de trabalho. Num caso como no outro devemos ser capazes de construir relações onde a afetividade estaja presente.
Embora eu saiba, e tenha isso bem claro. Todo lugar onde há competitividade a afeição não se desenvolve, nascem as relações falsas presentes na nossa sociedade.
Pessoas há que acreditam na competitividade, que pregam essa "qualidade" nas instituições. A meu ver, algo típico do capitalismo mais selvagem. Não apenas os EEUU. Outros paises fomentam essa desumanidade entre seus cidadãos. Como pode alguém andar de espírito desarmado, sabendo que será banido a qualquer momento por seu chefe imediato, ou terá seu tapete puxado por aquele que senta na mesa/baia ao seu lado?
Uma Sociedade Mutante
Não, não é por pouco a doença de nossa sociedade, como preconiza Erich Fromm.
Partindo das leituras de Zygmunt Bauman prefiro classificar nossa sociedade como mutante. Pois num ser em mutação somos capazes de encontrar elementos do velho, e elementos do novo momento.
Seja este um ser humano, ou um ser social.
Um aluno da Universidade do Porto, ou da Universidade de Coimbra fez um trabalho comparando o pensamento de Zygmunt Bauman ao de Erich Fromm quando focam o tema do amor. Me fez rir, pois são dois, dentre tantos referenciais adotados por mim nas diversas áreas do conhecimento. Apesar de ter toda a obra de Fromm, te-la lido e dado cursos sobre ela.
Apesar de vir desde 2008 estudando Bauman, e concordado com sua leitura da sociedade, nunca havia unido essas duas formas de pensar. Mas podemos ler os dois pensamentos como dois elementos de um mesmo caminho. Difere apenas Bauman por não tecer críticas. Faz a sua análise sociológica e nela se fixa. Seu leitor é quem deve ter a capacidade de uma leitura mais aprofundada de sua obra toda.
Ninguém conhece um pensador ao ler apenas uma de suas obras. Tomemos Darcy Ribeiro por exemplo. Que leu apenas "O Processo Civilizatório", não é capaz de saber do seu pensamento pedagógico; do seu pensamento quanto aos costumes dos povos por ele estudados; de sua leitura e seu afeto pelos povos latino-americanos; e, acima de tudo, do seu amor pelo Brasil; e, segundo ele, tudo o que este país representa no contexto mundial.
Importa ao ser humano ter referenciais, e estar atento quanto a estes referenciais. Nem todos os caminhos nos levam à Liberdade e à Felicidade. Nossos referenciais devem ser capazes de nos inspirar a pensamentos e atos de grandiosidade espiritual. Rompendo com todos os valores cultuados pela nossa sociedade individualista e
injusta.
Bons referenciais nos levam, pelos menos, a caminhos de Justiça, de Solidariedade e de Amor.
Todo o resto nos virá por acréscimo da benevolência da Vida.
Estou certo disso!
Paulo Cesar Fernandes
18 02 2013
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