Elogio da madrugada
Há poesia na madrugada?
Sim. Há poesia na madrugada.
Quando as brumas da noite se vão dissipando, e um certo clarão vem pouco a pouco se estabelecendo.
Da janela do meu escritório fico admirando o
paulatino vencer da luz por cima da sombra.
Os cães. Arautos de um novo dia. São eles os primeiros a dar sinais. Isto porque alguns humanos já se movimentam, em direção às suas rotineiras atividades.
Uns contentes com o afã de seu trabalho.
Outros carregando nele, pesado fardo, a corroer pouco a pouco a sua estrutura psíquica.
Mas a vida pede movimento, e o homem é movimento em sua estrutura. Afinal tudo é movimento no universo, ou nos universos.
Os pneus dos carros sempre me intrigam.
É alguém iniciando um novo dia?
Ou um ser da noite, capaz de estar voltando dos braços daquela a quem desejou e teve?
Buscando tão somente o refazimento das energias físicas, para mais uma jornada da sedução mais explícita. Sensualidade e emoção barata de beira
de cais. Nos bares beira cais, ou em qualquer outro recanto na boca da noite, o boêmio faz seu teatro. Homens e mulheres vivendo de sensações.
Tecendo sensações em seu viver.
Esse interregno, entre a noite e o dia, é sempre uma incógnita, da mais bela equação já encontrada pela humanidade: a equação da vida.
Já dia. Nos chama a atenção o primeiro cantar de um Bem-te-vi. Um grito vigoroso de saudação ao novo dia, e a toda esperança nele contida, toda
a gama de possibilidades em cada minuto, cada segundo e cada hora desse novo momento existencial.
A luz do dia faz crescer o movimento nas ruas.
As pessoas ainda se amedrontam diante da escuridão da noite. Do inusitado escondido em cada esquina, em cada local mal iluminado.
A luz do dia abre possibilidades.
Novo dia, novos projetos, novas possibilidades de trabalho, de criatividade, de emoção, de afetividade, da autodescoberta.
E um novo texto pode nascer. Assim do nada, trazendo um elogio.
Elogio da madrugada.
Paulo Cesar Fernandes
24 01 2013
Neste 2013 Ano 1 Era da Justiça
Nenhum comentário:
Postar um comentário