terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Refundar utopias

Acabo de assistir "O Sol" um filme legal, mas que abusa do direito ao saudosismo. Se a proposta era de fazer um documentário sobre o jornal acabou extrapolando, pois acabou por ser um apanhado de época. Uma época de triste memória ao nosso país.
Um filme não é apenas de imagens, mas o som que as acompanha. E neste caso o som e sua mixagem é um primor. Os profissionais merecem congratulações.
Como pano de fundo teve as utopias. Ao final tive a sensação que todos os depoimentos, ou a maior parte deles davam por findo o processo utópico.
Evidentemente a nossa época é outra; logo, nossas utopias deverão necessariamente ser outras, mas estarão presentes; caso contrário, seremos mortos vivos a caminhar por entre escombros do passado. Sem construir um presente.
Há muito a sonhar ainda.
Tomo um exemplo, a educação. Longe está de um patamar aceitável de qualidade. Em todos os níveis a qualidade é deficiente. O padrão cultural das pessoas que fazem a educação no país caiu muito. E seguirá caindo, caso não haja uma intervenção radical nos processos pedagógicos, e na maneira de cada profissional encarar seu quefazer diário.
No meio ambiente. Desmatamento zero. Ou tendendo a isto no mês a mês.
A utopia da PAZ. A Faixa de Gaza fica entre o mar e os morros da cidade do Rio de Janeiro. Policiais atemorizados já matam sem o temor da punição. O Estado ausente abre brechas aos desmandos das corporações.
A utopia da ética. Não, não, nada de governo. Aqui me refiro às pequenas e notáveis contribuições possíveis de serem efetivadas por cada um de nós. Exemplo. Devolver o troco caso o comerciante nos restitua a mais. Exemplo. Entrar ao final da fila e esperar educadamente até que chegue sua vez. Sem bufar, ou tecer comentários, buscando atingir os atendentes. Exemplo. Em sendo atendente, agir com cordialidade e presteza minorando o desconforto daquele que aguarda seus préstimos.
Do lado daí de sua tela, outras tantas possibilidades lhe ocorrerão.
As utopias saltam ao nosso redor.
Aguardam apenas nosso primeiro passo ao seu encontro.
A minha é bastante simplória: lançar idéias, pois apenas se portarmos idéias, sonhos e utopias  poderemos contribuir minimamente para a refundação do mundo. Algo inevitável no caminho de uma vida melhor. Pois o "reino dos céus" é aqui na terra mesmo, por certo que sim.
Fernandes, Paulo Cesar (Keine Grenze

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