Ontem e hoje
O Instituto Estadual de Educação "Canadá"; O Gremio Estudantil Vicente de Carvalho (GEVC) e o Teatro Estudantil Vicente de Carvalho (TEVC) eram polos culturais desta minha Cidade de Santos; e como todo polo cultural eram polos de debate político.
A Cultura em sua expressão maior demanda uma postura política. Afinal tudo é político na vida. Mesmo o calar é um ato político.
Se as posturas políticas tem um caráter conservador; retrógrado; atrasado ou progressista; futurista ou qualquer adjetivo que lhe queiramos dar, isso é uma questão de desenvolvimento histórico.
Nas instituições acima as posturas se confrontavam. A efervescência cultural era grande. O mesmo ocorria na Casa Amarela (Faculdade de Direito de Santos - Hoje UNISANTOS).
O Canadá, sob o comando do Professor Edésio del Santoro, um verdadeiro liberal, era um polo de contraposições. De embates políticos. Isso até a Ditadura Militar, momento em que todas as entidades estudantis foram fechadas, isso em todo o pais.
Meninos de todo os dirigentes do GEVC desapareceram. Reza a lenda teriam sido pegos pelos militares. Penso eu, por serem de famílias de renda e cultura superior, foram retirados de circulação para seu próprio bem. Ou saíram do pais junto com toda a família. Buscando paises com ares mais nobres, onde a Liberdade de Expressão fosse garantida.
Santos, "A cidade Vermelha", não tinha uma única arma como apregoavam os militares e o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) para promover a Revolução Vermelha. Aqueles pobre homens viam comunistas em sua própria sombra. Tal era o terror firmado pela Ideologia de Segurança Nacional.
Para essa gente a Casa Amarela era um antro de comunistas.
Na verdade dois partidos ali se defrontavam: PIA (Partido Institucional Acadêmico, de teor fortemente conservador e a UP (União Progressista) buscando fazer jus ao nome. Mas eram apenas liberais. Longe estavam de pensar ou estudar o comunismo.
Até onde sei, nenhum dos componentes do GEVC ou da UP forneceram contingente para as lutas guerrilheiras do Brasil.
A força maior de Santos era, e segue sendo no âmbito da Cultura. Mesmo nos tempos mais negros dos massacres militares vozes santistas despontavam no cenário artístico nacional; quer no Teatro; quer na Televisão. Ambos eram refúgio de resistência ao fim das liberdades individuais; com a ausência total de segurança do indivíduo diante do Estado.
O Leviatã, de Thomas Hobbes se fizera dono da vida de cada um de nós, ceifando-nos, pouco a pouco a capacidade de expressão das nossas ideias.
Em Dezembro de 1968, com o AI-5 (Quinto Ato Institucional) estava decretado o fim das liberdades individuais. E qualquer pessoa podia ser presa e morta sem julgamento ou crime cometido. Quer no Brasil, bem como no Uruguai e Argentina. Era vigente a Operação Condor.
Já nos anos recentes, Franklin Martins, durante o Governo Lula preparou uma "Lei dos Meios" cuja votação vem sendo protelada na Câmara dos Deputados.
Como não conheço o seu teor não posso opinar sobre ela. Será ela boa se reduzir os monopólios hoje existentes. E péssima se buscar reduzir a Liberdade de Expressão, pois estaria ferindo a Constituição de 1988.
Quanto a nós, devemos estar atentos para a continuidade da nossa liberdade de expressão nos Meios de Comunicação de Massas, e nas redes sociais. E nunca permitir nos venham leis punitivas, ou qualquer forma de cerceamento.
A Liberdade de Expressão é o fundamento maior, a garantia mais profunda de um pais democrático.
Por um Brasil onde todos os cidadãos possam ter a palavra. Independentemente do seu poder econômico e de sua filiação partidária.
Paulo Cesar Fernandes.
12/10/2015
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