Gullar e o poema
É domingo de tarde.
Gullar passa na minha TV e deixa na casa um cheiro de poesia.
Tua presença ainda ocupa minha alma, e essas coisas não tem explicação sociológica ou na filosofia.
Presença é presença e ponto final.
Só os dias e as suas atividades a vão desfazendo, esmaecendo, de pouco em pouco.
Um sol amarelo me bate na casa, penetrando fundo em mim.
Me sinto transparente como um vidro, mas um vidro retendo as imagens de um chale cobrindo um colo.
Um domingo.
Um domingo onde palavras não ditas estão no ar.
Um domingo onde a falta está presente.
O que ocorre no coração de um idoso?
É a música, eterna companheira que me poe assim?
A descrença? O niilismo?
Ou o sonho de um outro mundo acalentado desde a infância?
Uma sensibilidade me estranha.
No sol do aconchego do Lar, sou apenas dúvidas.
Questões.
Pensamentos e vontades latentes.
Como sementes à espera de seu desabrochar.
Talvez essa seja a poesia do viver.
A incerteza pairando sobre todas as coisas.
Ba pues, que lo sea!
Paulo Cesar Fernandes
11 05 2014
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