Das nossas mãos
Eu quero quebrar todas as cristaleiras.
Não ficará pedra sobre pedra.
Nada do passado.
Terreno arrasado para fazer nascer tudo de novo.
Feito por nós, em forma de mutirão, construindo juntos casas populares; construindo juntos escolas de verdade, onde a premissa maior seja o respeito e a liberdade; edificando hospitais populares e grandes ambulatórios de especialidades; a gente vai estar tão junto e tão ocupado no trabalho, que ninguém vai pensar em violência, e nem querer o que é do outro, pois vai ter para todos em igual medida; e claro que vai ter o futebol e a praia no fim de cada dia.
Mas tudo vai nascer da mais pura alegria.
As palavras companheiro, camarada, irmão ganharão novas significações, pois estaremos todos em construção de algo, e em construção de nós mesmos, cada um doando a sua parte, segundo as suas possibilidades.
Não veremos a preguiça, mas apenas o fervor de reconstrução de tudo aquilo que sempre nos foi negado. Que sempre nos interditaram, por interessses tão sujos que nem vale lembrar. Esquecer o passado. Teremos arrasado tudo, e começado tudo de novo.
Como sempre, alguns ficarão pelo caminho.
Mas veremos o verde da Esperança recobrir os corações.
"Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira
Prá defendê-la se levanta
E grita: Eu vou..."
(Marcos e Paulo Sérgio Valle - Viola Enluarada)
Não seremos unidades, mas somatórias. E cada vez mais se somando e se somando, pois é das nossas mãos o mundo que vem nascendo.
De mais ninguém é a culpa, é toda nossa a culpa da renovação, desses prédios, dessa terra florindo e frutificando.
É tudo culpa nossa.
Nós. Nós que quebramos as cristaleiras, que derrubamos as prateleiras, que desordemanos toda a sala de jantar, cozinha e quartos. Nós que trouxemos novos hábitos matando o egoísmo e brotando em seu lugar a bela solidariedade.
É tudo culpa nossa. Pois tivemos coragem. Matamos o passado e implantamos o Novo Mundo, da Nova Era.
Eles ficaram para trás? É pena. Pois a vida de verdade deve seguir adiante sem eles.
Nada do passado. Só temos olhar de ver o futuro. O corpo cansado mas febril de sonhos, pois sempre haverá muito a fazer.
Que assim seja, e assim será !
Portal Fernandes
29 03 2014
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