_ Fer Naves Prado.
_ Fernap me impus na escola, nas coisas que escrevia e desenhava.
Não apenas colegas, mas professores me chamaram Fernap. Pegou a coisa.
_ Mas... Não tenho imagem no espelho. Não tenho voz própria.
_ E o pior. Preciso desse malandro para o mundo saber de mim.
É humilhação não é? Depender dele é humilhante.
_ Não me queixo do fato de ser personagem, pois eu falo e ele escreve.
_ Mas, ai, azar o meu. Nos.... dias... de bom... ânimo... apenas.
_ Como pode o personagem viver do humor do autor? Não. Não é justo. Me rebelo sim.
_ Mas já vi piores "disto" do qual me valho. Os tais não me ouviam a voz, não podendo assim agarrar meus sentimentos e vivencia-los para os descrever e materializar.
_ Esse malandro, pelo menos, se entrega por inteiro ao que me proponho. Ri. Se comove com minhas coisas. Eu entro no corpo
dele, e por horas a fio, nós personagens, entramos e saimos desse corpo como um estúdio de gravação. Cada um diz sua fala e
abre espaço ao que vem atrás formando o diálogo.
_ E o fazemos de tal forma ágil, mal lhe damos espaço às suas intervenções.
_ Não é de todo parvo. Respeita nossas falas e sentimentos. E nada inquieta a nós ou a ele, pois nosso pacto é intenso e real. Queiramos ou não, nos pertencemos mutuamente. E eu sei do seu medo em nos perder.
_Claro, falo por mim. Nada sei dos demais personagens.
_Com ele vamos bem. Nele nos apoiamos e o empurramos ao Teatro. Hoje é refén do Teatro. Refém da mais forte das expressões artísticas de todas as Eras da Humanidade:
O Teatro, eterno Teatro.
Fernap
Paulo Cesar Fernandes
10/01/2015
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